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As memórias do eterno*

Porque escrevo ? Escrevo por dentro por não ser alma por fora Não compreendo, sinto apenas. Pensamentos são veios: poetas, filósofos. Troco o amargo pelo agrado. Mentiras por falsas verdades... É preciso escrever mesmo em maltratadas palavras! Sentir, olhar, andar... Trincar o cambalear de incertezas. Por isso escrevo! Para que as memorias do eterno estendam sobre o cotidiano a luz do frescor e os ruídos da lógica. *Djandre Rolim Poeta Cigano Campo Grande/MS

A ousadia de ser si próprio*

Para sermos autênticos pagamos um preço. A sociedade não “perdoa” aquele que a renega. Somos incitados à falta. Nossas necessidades são forjadas pela lei do similium. Temos que obter tudo aquilo que o outro possui, não importando a que preço. Necessitamos adquirir. Somos estimulados a não pensar e a não decidir. Para isso existe uma infinidade de profissionais como a nutricionista, que nos diz o que devemos ingerir (nosso gosto, onde fica?); o terapeuta, que nos “esclarece” sobre determinada emoção ou comportamento; o estilista, que sentencia a cor da moda, ao infinitum. Desde pequenos somos direcionados a não confiar em nós mesmos, a não compactuar com nossa verdade interna, a negar nossas vontades e desejos. Em 1784, Emanuel Kant discorreu sobre esse tema, em uma revista berlinense. Seu célebre artigo O que é o Iluminismo, (nesses tempos de padronização de comportamentos e atitudes) nos conduz à reflexão. Sapere aude! Atreve-te a saber! Essa é sua máxima. Kant no

Canção do dia de sempre*

Tão bom viver dia a dia... A vida assim, jamais cansa... Viver tão só de momentos Como estas nuvens no céu... E só ganhar, toda a vida, Inexperiência... esperança... E a rosa louca dos ventos Presa à copa do chapéu. Nunca dês um nome a um rio: Sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar! E sem nenhuma lembrança Das outras vezes perdidas, Atiro a rosa do sonho Nas tuas mãos distraídas... *Mário Quintana

Quem me diz*

"Da estrada que não cabe onde termina Da luz que cega quando te ilumina Da pergunta que emudece o coração Quantas são As dores e alegrias de uma vida Jogadas na explosão de tantas vidas Vezes tudo que não cabe no querer Vai saber Se olhando bem no rosto do impossível O véu, o vento o alvo invisível Se desvenda o que nos une ainda assim A gente é feito pra acabar A gente é feito pra dizer Que sim A gente é feito pra caber No mar E isso nunca vai ter fim" Karina Siess Estudante de Filosofia da UFRJ Estudante de Filosofia Clínica na Casa da Filosofia Clínica em  Petrópolis/RJ

Corte Transversal do Poema*

A música do espaço pára, a noite se divide em dois [pedaços. Uma menina grande, morena, que andava na minha [cabeça, fica com um braço de fora. Alguém anda a construir uma escada pros meus [sonhos. Um anjo cinzento bate as asas em torno da lâmpada. Meu pensamento desloca uma perna, o ouvido esquerdo do céu não ouve a queixa dos [namorados. Eu sou o olho dum marinheiro morto na Índia, um olho andando, com duas pernas. O sexo da vizinha espera a noite se dilatar, a força [do homem. A outra metade da noite foge do mundo, empinando [os seios. Só tenho o outro lado da energia, me dissolvem no tempo que virá, não me lembro mais [quem sou. *Murilo Mendes

As linguagens da terapia*

O espaço compartilhável da clínica aprecia se constituir num acordo de singularidades. Um desses lugares onde a interseção dos personagens pode acontecer. O veículo capaz de transcrever essa objetividade fugaz é a linguagem. As palavras, ainda quando silenciadas, convidam, pela atualização discursiva, a ingressar nos inéditos cenários.      Uma pronúncia das vontades costuma elencar o mundo como representação da pessoa. As palavras escolhidas para dizer, pensar, imaginar, constituem um aprendizado fundamental a atividade clínica do Filósofo. A aventura pessoal descrita na história de vida se utiliza de códigos linguísticos próprios.  Essa página em branco, inicialmente, rascunha-se em borrões. Seu vocabulário estranho, vai fazendo sentido na sustentação dos encontros, na qualificação da relação, no aprendizado da nova língua. O movimento introspectivo compartilhado na hora-sessão, convida a reviver eventos passados pelo viés atual. No entanto, ainda assim, o interior das pal

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