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Buscas*

Ainda escreverei meu livrinho. Acreditem. Vou ainda escrever meu livro. Ou meu livrinho. Me darei por satisfeito se uma pessoa só o ler. Ou eu mesmo o lerei para mim. Tempos depois. Ou poderá ficar guardado. Para algum momento incerto. Estive pensando no título. Acho que será assim ó: "Espelho Estilhaçado". Quebrado. Partido. Pedacinhos recolhidos. Da vida. Cacos colhidos e ajuntados. Da vida. Pelos cantinhos do viver. Da vida aos pedacinhos. Fascina-me remontar pedacinhos de vida. Parece-me que a vida não é um bloco só. Único. Seguro. Fechado. A vida não se espelha num espelho sempre inteiro. Surpreende-nos partindo-se em pedacinhos. Passamos grande parte da vida tentando colar nossas partes que se estilhaçam de nós mesmos. E é bom que seja assim. Mais ou menos inteiros, ou em pedacinhos ... Assim me desmonto e remonto dia após dia. Nunca me sentindo por inteiro. Nem, tampouco, pequeno demais. Ofereço-me ao mundo e aos outros em forma de pedacinhos. E qu

O Homem e o Mar*

Homem livre, o oceano é um espelho fulgente Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado, Como em puro cristal, contemplas, retratado, Teu íntimo sentir, teu coração ardente. Gostas de te banhar na tua própria imagem. Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos, As queixas que ele diz em mística linguagem. Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos; Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos, Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos; Os segredos guardais, avaros, receosos! E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis, Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem, De tal modo gostais n'uma luta selvagem, Eternos lutador's ó irmãos implacáveis! *Charles Baudelaire

Cadernos da Primavera II*

“Aquele que escolhe vê-se livre em sua escolha. Ele pode até mesmo arrepender-se dela e ele demonstra de todas as maneiras que ele assume sobre os ombros os seus próprios atos.”                                                                                                                 Hans-Georg Gadamer A razão ocidental de tradição aristotélica e kantiana teve um grande revés ao longo da modernidade no século XX e no que se inicia, no século XXI; e, hoje, demonstra sua força contra aquilo que ela mesmo criou e cuidou com zelo quase moral, a saber, endureceu sua lógica em nome da unidade, destruiu os argumentos que se voltavam contra o silogismo.  O que vemos já um bom tempo desde o tiro certeiro no método e na razão é o raciocínio anapodítico como hábito no cotidiano beirando a legitimar a razão de “cachorro louco”, já dizia um amigo meu analítico, um ex-amigo por conta da razão absoluta dele. Como a razão nunca teve um dono, como ela nunca foi uma casa que se ent

Purpurinas*

Livre voo Voo livre Fresta Entre meus mundos Na hora da interrogação Lá vou Vou para lá O eterno dança Não mais estou Sou Ventania Dissolvida no Efêmero de luz Purpurina *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filósofa Clínica, Escritora, Poetisa Juiz de Fora/MG

Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes*

(...) Estão todas as verdades à espera em todas as coisas: não apressam o próprio nascimento nem a ele se opõem, não carecem do fórceps do obstetra, e para mim a menos significante é grande como todas. (Que pode haver de maior ou menor que um toque ?) (...) Tenho dito que a alma não é mais do que o corpo e tenho dito que o corpo não é mais do que a alma, e que nada, nem Deus, para ninguém é mais do que a própria pessoa, (...) Imaginavam que não pudesse existir mais de um ser supremo ? De seres supremos pode existir qualquer número - um não exime outro ou tampouco uma vida exime outra. Tudo é elegível por todos, tudo por todos os indivíduos, tudo por ti: nenhuma condição é proibida, nem a Deus nem outra qualquer. (...) *Walt Whitman

Insubstituível*

 “Ninguém é insubstituível”. Esta é uma pequena frase usada de forma contínua em organizações com o intuito de dizer a uma pessoa que ela tem de se esforçar antes que seja substituída por outra. Há, no entanto, o outro lado desta moeda. Ao contratar um funcionário, uma organização está contratando quem? Uma pessoa ou um profissional? Esta é a questão que vai dizer se alguém é ou não substituível em uma organização. Essa diferenciação pode ser feita, em Filosofia Clínica, falando de dois conceitos: Singularidade e Papel existencial. O primeiro termo, Singularidade, diz que cada pessoa é única, exclusiva. Pode parecer que esta afirmação é de entendimento comum, o que não é verdade. Diariamente são veiculados nos mais diversos meios de comunicação conceitos sobre como as pessoas são. Assim, aos poucos se acredita que todas as pessoas amam, que todos querem ser felizes, que o sucesso é perseguido por todos, que “todo mundo um dia ama, todo mundo um dia chora”. Não é verdade. Cada

Libertação*

Para mim, libertação não está na renúncia. Sinto o abraço da liberdade em milhares de enlaces do deleite. Você sempre me serve a dose fresca do Teu vinho encorpado e aromático, enchendo esta taça terrena até a borda. Com Sua chama, meu mundo acenderá centenas de velas diferentes e as depositará no altar de Seu templo. Não, jamais fecharei as portas dos meus sentidos – os deleites da visão, do tato e da audição revelarão Seu deleite. Sim, minhas ilusões arderão no regozijo iluminado e a maturidade de meus desejos dará os frutos do amor. *Rabindranath Tagore

Educação para a Existência*

Nada é real, tudo é convenção. Se o real é convenção e a convenção está dentro do real, a convenção também é real, assim como nada é convenção e tudo é real.                                                        Rogério de Almeida                Somos muito mais que a fronteira do que está submerso na consciência. Consideramo-nos indivíduos pós-modernos.  Contudo, se formos honestos conosco, admitiremos o quanto somos convencionais.          Precisamos ver essa área de nossa existência como um ponto de partida, um meio de enxergar nosso padrão convencional, repetitivo e responsabilizar-nos pela criação de uma nova realidade. O nunca experimentado, o desconhecido, o alheio, são razões que geram a universalidade presente no inusitado.          Temos a inclinação de manter o nosso modo em tudo e, quando outro alguém nos brinda com uma novidade, pensamos com nossos botões: não dará certo, a minha maneira é a melhor; por que mudar? A resistência ao singular é prova cab

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