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Ainda é cedo, amor*

Como diria minha mãe, dando uma "grande banana", para qualquer coisa que não fosse a alegria, o sorriso e a vontade de estarem juntos. Quando determinar a hora de partir, de deixar para trás todo sonho vivido, toda vida compartilhada em momentos onde sorrisos se misturaram a esperança de não ter mais que sair, onde sorrisos apareceram de onde um dia pensaram não mais existir? Quando reconhecer que a afinidade não foi suficiente para transpor barreiras que assolam o terreno da vontade e do desejo de permanecer em comunhão, de permanecer onde a pele encontra a pele, o coração sorri para o outro coração, onde a felicidade faz parecer que o mundo não é real e que os problemas não existem e que outras pessoas não existem e que não somos racionais ou que não temos nenhuma elevação ou que pouco importa qualquer coisa que venha e que tente impedir um casal que deseja viver em paz. Que deseja viver um no outro, dentro do outro, ao lado do outro. Quando reconhecer que tant

A palavra mágica*

Certa palavra dorme na sombra de um livro raro. Como desencantá-la? É a senha da vida a senha do mundo. Vou procurá-la. Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo. Se tarda o encontro, se não a encontro, não desanimo, procuro sempre. Procuro sempre, e minha procura ficará sendo minha palavra. *Carlos Drummond de Andrade

Artaud*

                                     Um artista da palavra em sua louca lucidez. Uma desestrutura dentro da estrutura delirante, criativa, inventiva. Antonin Artaud com sua escrita, seu teatro, parece querer emancipar o homem, apesar do homem. Sua produção em roteiros, devaneios, narrativas do insólito, compõe um convite aos movimentos da lógica difusa. Interessante seu parecer sobre um artigo do doutor Beer, no qual este dizia ter descoberto em Van Gogh uma esquizofrenia: “Não, Van Gogh não era louco, ou então ele o era no sentido desta autêntica alienação que a sociedade ignora, sociedade que confunde escrita com texto, ela que tacha de loucura as visões exorbitadas de seus artistas e sufoca seus gritos no ‘papel impresso’: Foi assim que calaram Baudelaire, Edgar Poe, Nerval e o impensável conde de Lautréamont. Porque tiveram medo que suas poesias saíssem dos livros e revertessem a realidade” (Lettre sur Lautréamont, março de 1946). O autor_pensador proclama a nulida

Qual o caminho do autoconhecimento?*

O caminho do autoconhecimento se inicia com o encontro consigo mesmo. A vida é uma difícil aventura de viver consigo mesmo. Muito daquilo que vemos no outro são apenas reflexos do que nossa alma insiste em não aceitar. A este sentimento denominamos projeção. O outro, por vezes, se torna um espelho diante de uma realidade que não aceitamos em nós mesmos. A mais longa viagem que podemos fazer é para dentro do nosso próprio coração. Em territórios desconhecidos, os sentimentos ainda não reconciliados com nosso coração sempre são inimigos a serem combatidos em uma guerra sem fim. Entre o coração e solidariedade há uma ponte de amor a ser atravessada. O autoconhecimento é a ponte que liga a vida com a nossa alma. Quem não aprende a viver consigo mesmo, dificilmente conseguirá conviver com o próximo. Encontrar-se é uma arte. Somente quando aprendemos a caminhar com leveza, por entre os espinhos de nossa alma, é que conseguimos observar que as flores também se encontram lá, por v

O homem que contempla*

Vejo que as tempestades vêm aí pelas árvores que, à medida que os dias se tornam mornos, batem nas minhas janelas assustadas e ouço as distâncias dizerem coisas que não sei suportar sem um amigo, que não posso amar sem uma irmã. E a tempestade rodopia, e transforma tudo, atravessa a floresta e o tempo e tudo parece sem idade: a paisagem, como um verso do saltério, é pujança, ardor, eternidade. Que pequeno é aquilo contra que lutamos, como é imenso, o que contra nós luta; se nos deixássemos, como fazem as coisas, assaltar assim pela grande tempestade, — chegaríamos longe e seríamos anônimos. Triunfamos sobre o que é Pequeno e o próprio êxito torna-nos pequenos. Nem o Eterno nem o Extraordinário serão derrotados por nós. Este é o anjo que aparecia aos lutadores do Antigo Testamento: quando os nervos dos seus adversários na luta ficavam tensos e como metal, sentia-os ele debaixo dos seus dedos como cordas tocando profundas melod

Verbo insubordinado*

Eu milito, tu militas Agora, eu milite, tu milites, É problema da língua, torce, retorce no presente que indica Ao tempo que se subordina. Eu milito em outro espaço Não dependo da língua que compartilhas. Eu milito noutra terra, o país é: O verbo indica. Eu vagueio no silêncio, na palavra, Na lista fixada na parede, O verbo é morto, o tempo vive no grito, Eu nomeio minha militância. *Dr. Luis Antônio Gomes Professor, Poeta, Editor Sulina Porto Alegre/RS

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