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Soneto da Fidelidade*

De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa dizer do meu amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. *Vinicius de Morais

Ser*

Eu não sou, sou Eu, não ser o Ser é pesado, Sou alguém, no meio do deserto humano, Sou ninguém, em meio ao tempo: Todos. Não, dois, um Ser em alguém, sou único. Eu sou o que sou, alguém dentro do tempo, Fora do lado de dentro, sou o que me misturo. Eu sou a multidão, sou parte de um único, Sou o Ser que mira o corpo, sou as partes, O fragmento dentro de um só corpo. *Luis Antônio Paim Gomes Editor. Professor. Poeta. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

Beijo*

Não quero o primeiro beijo: basta-me o instante antes do beijo. Quero-me corpo ante o abismo, terra no rasgão do sismo. O lábio ardendo entre tremor e temor, o escurecer da luz no desaguar dos corpos; o amor não tem depois. Quero o vulcão que na terra não toca: o beijo antes de ser boca. *Mia Couto

Dialética Interior*

Da incapacidade explícita de um movimento Surgiu aquele que poderia ser o melhor de todos. Foi embora sem nada deixar. Mas moveu-se. E o móvel foi daqui pra lá; Arrastou alguma coisa de lá para cá. Não parou. O mundo continuou a girar. No movimento que empreendeu, surgiu o impossível: O que era inconsciente, já não é mais. Deslocou o vento, os mares e as marés; Pairou sobre os morros e montanhas; Cavou fundo e descobriu o infinito. Entrou em si e se achou, perdeu-se para se encontrar. Nunca mais foi o mesmo. O movimento interior empreendido modificou o externo, Deu vida ao interno, Trouxe paz para o resto e conectou-se com o Todo. Já não é mais o mesmo de hoje, É diferente de ontem igual ao de amanhã. Movimento de vai e vem, vem e vai. Onda após onda se encontra com o Todo, está no Todo, É o Todo. Seria necessário o movimento interno pra despertar para o externo, Seria necessário o Nada para compreender que é o Todo É necessário o

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"Mais do que uma razão a priori , convém pôr em ação uma compreensão a posteriori , que se apoie sobre uma descrição rigorosa feita de conivência e de empatia." "Ao nomear , com excessiva precisão, aquilo que se apreende, mata-se aquilo que é nomeado. Os poetas nos tornaram atentos a tal processo." "(...) estar atento a uma lógica do instante, apegada ao que é vivido aqui e agora. Tal lógica do instante nada tem a ver com a vontade racionalista que pensa poder agir sobre as coisas e as pessoas. Ela é muito mais tributária do acaso, de um acaso que ao mesmo tempo é necessário; próxima, nisto, do que os surrealistas chamavam de 'acaso objetivo'." "(...) aquilo que introduz a um pensamento acariciante, que pouco se importa com a ilusão da verdade, que não propõe um sentido definitivo das coisas e das pessoas, mas que se empenha sempre em manter-se a caminho." "(...) o instituinte, aquilo que periodicamente (re)nasce,

O texto novo*

                                               Aprecia acontecer na interseção da singularidade consigo mesma, ao espantar-se com o esboço deste agora fugaz. Num vislumbre diante do espelho acordando, multiplica-se em fenômenos ainda sem nome. O mundo refém de cada pessoa para seguir existindo.     Por esse viés de delírio criativo se anuncia o devir das incompletudes. Nessa fonte de inspiração desigual, emancipa perspectivas por inteiro, numa mescla de ser ideal e sensorial. Sua intencionalidade, ao desejar vontades desconhecidas, reivindica um estado de poesia nascente. Por essa transgressão de suas fronteiras, uma vertigem denuncia margens inscientes.    Inicialmente na forma de apontamentos, esses traços costumam surgir inesperados. Sua sintaxe fora de foco, por linhas tortas, acena outras verdades. Ao conceder alguma visibilidade a esses instantâneos, o escritor se aproxima do obstetra, por dar à luz algo que não lhe pertence por inteiro. Inexistem técnicas ou f

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"E é aqui que se pode captar a diferença entre as dialéticas da razão que justapõe as contradições para abranger todo o campo do possível e as dialéticas da imaginação que quer aprender todo o real e encontra mais realidade naquilo que se oculta do que naquilo que se mostra." "O negro alimenta toda cor profunda, é a morada íntima das cores. Assim o sonham os obstinados sonhadores." "A admiração é a forma primária e ardente do conhecimento, é um conhecimento que enaltece o seu objeto, que o valoriza. Um valor, no primeiro encontro, não se avalia: admira-se." "Temos aqui um bom exemplo da necessidade que tinham os alquimistas de multiplicar as metáforas. A realidade, para eles, é uma aparência enganadora." "A explicação médica unifica geralmente a alucinação e ignora seu caráter dialético, sua ação de superação." "Jacques Prévent, em 'Le quai des brumes', escreve: 'Descrevo as coisas que estão atrás

Reencontros*

Um novo ciclo (64 anos) Sempre assim, velha menina. No eterno retorno me faço criança. 60+4=UM Iniciação/Um novo tempo! Hoje, celebro o milagre da vida Para quem não viveria um dia. Sinto-me grata a cada encontro, A cada acontecimento. Sou sempre aprendiz. Um Pouco Frida, Chaplin, Wood... Beat on the road Encontro a vovozinha e, Em sua biblioteca navego. A velha coruja Sophia Cavalga no meu Sagitário filosofar. Mergulho profundo na lua em Escorpião e me Desvelo no Ser Terapeuta. No meio do céu brilha minha Consciência. Os sinos tocam... E eu viajante intergaláctica Experimento múltiplos fenômenos. Todos vocês para mim são reencontros cósmicos Neste tempo da sabedoria que chega. Só tenho que agradecer! *Dra. Rosangela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora. Poeta. Juiz de Fora/MG

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