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Vanitas e o lembrar de viver*

Geralmente, quando olhamos a imagem de uma caveira, associamos a morte. Parece que ali está a imagem da escuridão, do abismo, do sem volta, da tristeza, do sofrimento... Mas isso se deve a que? Isso me faz lembrar os quadros “Vanitas”, obras que traziam em sua configuração sempre a imagem de uma caveira, para nos lembrar de que um dia vamos morrer.  A chamada expressão natureza-morta demonstra motivos da vaidade deste mundo. Sabemos, ou melhor, deveríamos saber que nem tudo é para sempre, muito menos a vida. Mas para isso precisamos falar sobre ela, a morte, discutir, comentar, lembrar que ela, mesmo não aparecendo em imagem, está presente, esperando o momento certo para dar o “bote” e concretizar seu objetivo que é a finitude.  Para isso, precisamos deixar nossas vaidades de lado, deixar de se importar com o corpo, corpo esse que vai ficar, vai virar pó. Deveríamos lembrar, que o mais importante são nossas atitudes e momentos que vivenciamos, e não a parte concreta, que em no

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"A Loucura também tem seus jogos acadêmicos: ela é objeto de discursos, ela mesma sustenta discursos sobre si mesma; é denunciada, ela se defende, reivindica para si mesma o estar mais próxima da felicidade e da verdade que a razão, de estar mais próxima da razão que a própria razão." "(...) a loucura fascina porque é um saber. É saber, de início, porque todas essas figuras absurdas são, na realidade, elementos de um saber difícil, fechado, esotérico." "A loucura só existe em cada homem, porque é o homem que a constitui no apego que ele demonstra por si mesmo e através das ilusões com que se alimenta." "A loucura torna-se uma forma relativa à razão ou, melhor, loucura e razão entram numa relação eternamente reversível que faz com que toda loucura tenha sua razão que a julga e controla, e toda razão sua loucura na qual ela encontra sua verdade irrisória. Cada uma é a medida da outra, e nesse movimento de referência recíproca elas se re

Levando os Olhos para passear*

Querido leitor, paz! É sábado de manhã... Levanto cedinho e levo meus olhos para passear. Na calçada ao lodo, os bougainville estão floridos embelezando o céu e criam um tapete para meus pés, que tem como testemunhas meus dois olhos. Bem à minha direita, ao alcance e deleite dos olhos, um bem-te-vi me avista e avisa todo o bando que, em coro, cantam: “bem-te-vi”. Vejo, agora, o joão de barro que cisca o chão em busca do material perfeito para a construção da nova casa. “Por que será que o João de Barro não entrou na casa vazia e resolveu fazer uma nova?”. Continuo caminhando e sou testemunha ocular de que levei meus olhos para passear. O sentimento de inteireza toma conta de mim a ponto de sentir o cheiro de pão matinal que vem da padaria em frente. Além do pão, também sinto o indescritível cheiro de café que vem daquele lugar. Entro. Peço um expresso com leite, meu café preferido. Enquanto a atendente preparava o café, meus olhos fazem a festa, piscam de alegria c

Analítica da procura*

“Somos todos desconhecidos para nós mesmos, e se fazemos alguma ideia de quem somos, é apenas porque vivemos dentro dos olhos dos outros.” Paul Auster “...porque a verdade total não existe para o homem e porque essa ilusão o paralisa.” Karl Jaspers Pode alguém conhecer outro alguém, sem menos saber seu passado, o histórico do tempo que demarcou sua vida, esses dois vierem a ser tão próximos, como um dia poderão ser perdidamente juntos no tempo, até mesmo distantes, um cada seu lugar. Essa poderia ser uma pergunta, agora é uma assertiva em relação ao que estou a pensar em relação à música. O começo sobre uma expressão da vida, mesclo outras formas de sentir, discorro sobre a linguagem que compõe esse pensamento, melhor, sobre o que o pensamento está se envolvendo. Procuro cuidar os caminhos incertos em que levo a reflexão, nem sempre consigo achar uma saída.  Talvez aí a diferença da reflexão com a genialidade da criação. Ainda ontem vi um comentário de um diari

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"(...) a cada movimento de meus olhos varrendo o espaço diante de mim, as coisas sofrem breve torção, que também atribuo a mim mesmo (...)" "Assim, a relação entre as coisas e meu corpo é decididamente singular: é ela a responsável de que, às vezes, eu permaneça na aparência, e outras, atinja as próprias coisas; ela produz o zumbir das aparências, é ainda ela quem o emudece e me lança em pleno mundo." "(...) este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa, em certo sentido, do prolongamento de meu corpo; tenho razões para dizer que eu sou o mundo." "No grânulo do sensível, encontramos a segurança de uma série de desdobramentos que não constituem a ecceidade da coisa mas que dela derivam. Reciprocamente, o imaginário não é um inobservável absoluto; encontra no corpo análogos de si mesmo que o encarnam." "A filosofia não propõe questões e não traz as respostas que preencheriam pau

Um cotidiano em forma de poesia*

Este ano foi um bom livro para mim... Foi um ano "confuso"? Foi, não vêem... Que venha 2016. Cantemos a vida Dancemos a vida Pintemos a vida. E que neste ano Vivamos a vida cotidiana Em forma de poesia Falando em forma de poesia Sorrindo em forma de poesia Olhando em forma de poesia. Abraçando em forma de poesia Amando em forma de poesia. *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada*

Não tenho bens de acontecimentos. O que não sei fazer desconto nas palavras. Entesouro frases. Por exemplo: - Imagens são palavras que nos faltaram. - Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem. - Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser. Ai frases de pensar! Pensar é uma pedreira. Estou sendo. Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo) Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos. Outras de palavras. Poetas e tontos se compõem com palavras. Todos os caminhos - nenhum caminho Muitos caminhos - nenhum caminho Nenhum caminho - a maldição dos poetas. Chove torto no vão das árvores. Chove nos pássaros e nas pedras. O rio ficou de pé e me olha pelos vidros. Alcanço com as mãos o cheiro dos telhados. Crianças fugindo das águas Se esconderam na casa. Baratas passeiam nas formas de bolo... A casa tem um dono em letras. Agora ele está pensando - no silêncio Iíquido com que as águas escurecem as pedras..

Que em 2016 haja mais delicadeza...*

31 de dezembro de 2015!  Como dizem os contadores do tempo, último dia do ano, portanto, amanhã será um grande dia: 01 de janeiro de 2016! Primeiro dia do ano de 2016... Eu gosto desse rito de passagem, escolher uma bela roupa, esperar a contagem regressiva, imaginar como foi meu 2015, que por sinal foi um ano com muitos desafios. Ufa! Venci. E esperar dias melhores e com mais delicadeza em 2016. É, entre tantos desejos que tenho para 2016, o que mais me toca nesse momento, é a delicadeza!!! A delicadeza me agrada; O toque delicado, palavras delicadas, abraços delicados... Sinto uma profunda necessidade de delicadeza entre as pessoas. Relações delicadas me agradam. Vida delicada me agrada. Conversas delicadas são necessárias, pois viver é muito delicado. Talvez haja em mim muita delicadeza reprimida por diversas situações difíceis que a vida apresenta para cada um em suas curvas fechadas. Pelo excesso de compromisso do dia a dia... Como acumulamos afazeres! Ufa

O cântico da terra*

Eu sou a terra, eu sou a vida. Do meu barro primeiro veio o homem. De mim veio a mulher e veio o amor. Veio a árvore, veio a fonte. Vem o fruto e vem a flor. Eu sou a fonte original de toda vida. Sou o chão que se prende à tua casa. Sou a telha da coberta de teu lar. A mina constante de teu poço. Sou a espiga generosa de teu gado e certeza tranqüila ao teu esforço. Sou a razão de tua vida. De mim vieste pela mão do Criador, e a mim tu voltarás no fim da lida. Só em mim acharás descanso e Paz. Eu sou a grande Mãe Universal. Tua filha, tua noiva e desposada. A mulher e o ventre que fecundas. Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor. A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu. Teu arado, tua foice, teu machado. O berço pequenino de teu filho. O algodão de tua veste e o pão de tua casa. E um dia bem distante a mim tu voltarás. E no canteiro materno de meu seio tranquilo dormirás. Plantemos a roça. Lavremos a gleba. Cuidemos

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