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A palavra inesperada*

Uma suspeita de imensidão aprecia os deslizes da palavra refugiada na palavra. Ponto de fuga em subterfúgios de especulação, ao exibir renúncias de ser previsível, amplia o mundo das possibilidades.     A admissão compreensiva desses desvãos se oferece no acolhimento de um talvez. Uma de suas características é o descompromisso em sustentar verdades a qualquer preço. Seu estado de espírito sobressaltado qualifica deslocamentos pela arquitetura subjetiva de um mundo fatiado. Aqui o vislumbre repentino das pequenas coisas permite o acesso às zonas de exclusão.    Por esses episódios a perder de vista, um teor extemporâneo pode desconstruir as fronteiras conhecidas. Seu saber ameaça os fundamentos conhecidos daquilo que se tinha definitivo. Nesse viés de aparência deslocada anuncia novos horizontes, esparrama indícios de originalidade para se fazer ciência.  O discurso imprevisível desses esboços se apresenta num contexto compartilhável. Ainda assim, pre

Elevação*

Por cima dos paúes, das montanhas agrestes, Dos rudes alcantis, das nuvens e do mar, Muito acima do sol, muito acima do ar, Para além do confim dos páramos celestes, Paira o espírito meu com toda a agilidade, Como um bom nadador, que na água sente gozo, As penas a agitar, gazil, voluptuoso, Através das regiões da etérea imensidade. Eleva o voo teu longe das montureiras, Vai-te purificar no éter superior, E bebe, como um puro e sagrado licor, A alvinitente luz das límpidas clareiras! Neste bisonho dai' de mágoas horrorosas, Em que o fastio e a dor perseguem o mortal, Feliz de quem puder, numa ascensão ideal, Atingir as mansões ridentes, luminosas! De quem, pela manhã, andorinha veloz, Aos domínios do céu o pensamento erguer, — Que paire sobre a vida, e saiba compreender A linguagem da flor e das coisas sem voz! *Charles Baudelaire

Pescaria peregrina*

·           desnudada entregue ao tempo rendida peregrina em cachecol tremo desviante na contra mão nego o sistema do caos pesco estrelas espero des-anseio eterno retorno sei lá para onde infinito caminho sem regras para além da morte vivo! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Se há trinta anos você tivesse perguntado pelas ruas de Milão: 'Qual é a personalidade mais importante da sua cidade ?' lhe teriam respondido: Pirelli ou Falk. Hoje lhe responderiam que é Giorgio Armani, Silvio Berlusconi ou o Cardeal Martini. Em Milão, os poderosos não são mais aqueles que produzem bens materiais, como Pirelli ou Falk, mas sim os que se relacionam com bens imateriais."    "Queiramos ou não, devemos saber que o único tipo de emprego remunerado que permanecerá disponível com o passar do tempo será do tipo intelectual criativo." "As máquinas, por mais sofisticadas e inteligentes que sejam, não poderão jamais substituir o homem nas atividades criativas." "A subjetividade é um fenômeno complexo. Significa que eu possuo uma tal autonomia de julgamento, que posso me permitir uma escolha baseada nas minhas necessidades e recursos, e não no fato de pertencer a algum grupo." "(...) derrotar uma doença en

A magia das flores*

Que vocês estejam bem. Flores de todos os tipos e das mais variadas cores encontramos em grande quantidade no Caminho de Santiago de Compostela. Fotografá-las tem sido terapêutico para nós nessa caminhada. Num desses momentos mágicos em que foco uma espécie de lírio, iniciamos uma reflexão de uma passagem da Bíblia: Lucas 12:27 em que Jesus dizia aos seus discípulos: “Contemplai os lírios do campo, digo-vos que nem Salomão, com toda a sua glória, se vestia como um deles”. Também em Lucas 12:23 o Mestre dizia: “A vida vale mais que a comida; e o corpo, mais do que a roupa”. Contemplai os lírios do campo. A impressão é que boa parte da humanidade estão embriagados, contemplando mais as obras do homem do que a criação de Deus, comentávamos naquela manhã ensolarada. Por que será que às vezes deixamos de contemplar o que é belo e nos é dado de graça? A lua, a terra, as estrelas, as árvores, os rios, o mar, a flor, a relva, os pássaros, os peixes. Tudo isso fazia tanto s

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"No fundo da prática científica existe um discurso que diz: 'nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar'".  "Se existe uma geografia da verdade, esta é a dos espaços onde reside, e não simplesmente a dos lugares onde nos colocamos para melhor observá-la." "A genealogia é cinza; ela é meticulosa e pacientemente documentária. Ela trabalha com pergaminhos embaralhados, riscados, várias vezes reescritos." "Todo conhecimento, seja ele científico ou ideológico, só pode existir a partir de condições políticas que são as condições para que se formem tanto o sujeito quanto os domínios de s

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