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Passagem*

Não dou conselho, viro a página do livro, Não vendo meus pertences, anulo meu sofrimento, Não compro drogas com código de barras, não voto na salvação, Não compro a alma de ninguém, não vendo meu coração, Alhures farei meu país, não jogo o jogo dos algozes, Não saio com bandeiras, minha luta é a paz, Não me iludo com promessas, minha pátria não tem dono. *Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes Filósofo. Editor. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

Bruxa voa, não esqueçam*

  Pouco a pouco se esvai a energia de uma linda bruxa que dia após dia põe temperos de amor e dedicação em seu caldeirão. Se esvaindo troca de temperos põe agora tristeza e obrigação. O lar que antes afagava seus valores e sua doação hoje é sinônimo de vulcão que queima, machuca, não avisa. Mudar de lugar é imprescindível mas a bruxa está presa. Eu só fico na espreita do dia em que ela volte a voar... *Dionéia Gaiardo Filósofa Clínica da Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Presença de Clarice*

Meu primeiro encontro com Clarice Lispector foi numa tarde de domingo na casa da escultora Zélia Salgado, em Ipanema, creio que em 1956. Eu havia lido, quando ainda vivia em São Luís, o seu romance "O Lustre", que me deixara impressionado pela atmosfera estranha e envolvente, mas a impressão que me causou sua figura de mulher foi outra: achei-a linda e perturbadora. Nos dias que se seguiram, não conseguia esquecer seus olhos oblíquos, seu rosto de loba com pômulos salientes. Voltei a encontrá-la, pouco tempo depois, no "Jornal do Brasil", durante uma visita que fez à redação do "Suplemento Dominical". Conversamos e rimos, mas não voltamos a nos ver num espaço de uns dez anos. De fato, só voltei a encontrá-la logo após voltar do exílio, em 1977. Ela ligou para minha casa: queria entrevistar-me para a revista "Fatos e Fotos", para a qual colaborava naquela época. Clarice já era então uma mulher de quase 60 anos, marcada por acidente qu

Convite*

Não sou a areia onde se desenha um par de asas ou grades diante de uma janela. Não sou apenas a pedra que rola nas marés do mundo, em cada praia renascendo outra. Sou a orelha encostada na concha da vida, sou construção e desmoronamento, servo e senhor, e sou mistério A quatro mãos escrevemos este roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério. *Lya Luft

O livro sobre nada*

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez. Tudo que não invento é falso. Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. Tem mais presença em mim o que me falta. Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário. Sou muito preparado de conflitos. Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou. O meu amanhecer vai ser de noite. Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção. O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo. Meu avesso é mais visível do que um poste. Sábio é o que adivinha. Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições. A inércia é meu ato principal. Não saio de dentro de mim nem pra pescar. Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore. Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma. Peixe não tem honras nem horizontes. Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando nã

O Ser Sem Representação*

Esse futuro nos iludir a, mas não importava: amanhã correremos mais depressa, estenderemos mais os braços... E, uma bela manhã... F. Scott Fitzgerald               Ícones do corpo, espaço da não representação, o olho furado tem espaço no mundo virtual, ganha a expressão das cores em notas musicais, a tribal eletrônica Björk expande os sentidos dos meus dias, os tambores me levam para longe das máscaras, o Brasil virou uma sinfonia de arrepiar, um sonho fora do lugar... essa é a distância entre o devir e o isolamento absoluto de uma realidade neurotizada pela tentação do conhecimento único. O próprio movimento do que é feito os corpos, os sons e a imagem que vem da unidade do ser e do nada, e como bem disse Heidegger “...a realidade do mundo não pode consistir em um ser”. Eu olho no horizonte a tua partida a outro país, a tua arte ficou no caos do cotidiano, a inquietação das coisas é que dá ânimo ao sonho à sinfonia da Terra... É como o ciberespaço que não se concretiza,

Tu Tens um Medo*

Tu Tens um Medo Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno. Não ames como os homens amam. Não ames com amor. Ama sem amor. Ama sem querer. Ama sem sentir. Ama como se fosses outro. Como se fosses amar. Sem esperar. Tão separado do que ama, em ti, Que não te inquiete Se o amor leva à felicidade, Se leva à morte, Se leva a algum destino. Se te leva. E se vai, ele mesmo… Não faças de ti Um sonho a realizar. Vai. Sem caminho marcado. Tu és o de todos os caminhos. Sê apenas uma presença. Invisível presença silenciosa. Todas as coisas esperam a luz, Sem dizerem que a esperam. Sem saberem que existe. Todas as coisas esperarão por ti, Sem te falarem. Sem lhes

A poética das rosas*

Também pudera Esquecido como sou Eu não me perdoo Como eu não sabia ainda Que era amarela A rosa preferida dela? Vou cultivar rosas De todas as cores Que não falte a amarela Uma flor só para ela Vai ser um esplendor Quando nascer A flor de cor Ama-r-ela.... *José Mayer Filósofo. Poeta. Livreiro. Filósofo Clínico da Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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