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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O pleno cumprimento da compreensão da história é, como a compreensão de um texto, 'atualidade espiritual'" "(...) um autor não necessita ter reconhecido por si mesmo todo o verdadeiro sentido de seu texto, e que, por consequência, o intérprete pode e deve entender, com frequência, mais do que aquele. Entretanto, isso tem um significado realmente fundamental. O sentido de um texto supera seu autor não ocasionalmente, mas sempre. Por isso a compreensão não é nunca um comportamento somente reprodutivo, mas é, por sua vez, sempre produtivo" "(...) a compreensão começa aí onde algo nos interpela. Essa é a condição hermenêutica suprema. Sabemos agora o que ela exige com isso: a de suspender por completo os próprios preconceitos" "Horizonte é o âmbito de visão que abarca e encerra tudo o que é visível a partir de um determinado ponto. (...) ter horizontes significa não estar limitado ao que há de mais próximo, mas poder ver para alé

Os sonhos da poesia*

Por convenção dizem que hoje é o dia do poeta. Mas como isso pode ser assim? O poeta e as convenções jamais se deram bem, são incompatíveis, sobretudo, porque enquanto um quer padronizar, ajustar e tolher asas, o outro deseja por inteiro libertar e impulsionar sonhos até a sua concretude. Quem crê nas convenções, quase sempre são tradicionalistas demais, realistas demais e seguramente dotados de dois pés e um coração bem presos ao chão. Já os poetas - pelo menos um - justamente esse que vos fala é um desajustado, não passa de um sonhador com coragem suficiente para ousar sentir e fazer mesmo em tempos de tanta descrença e cegueira. A verdade é que talvez, ser poeta não caiba num dia inteiro nem em lugar nenhum, com efeito, pelo simples fato de que ser poeta é tão somente agora, nem ontem, nem hoje, nem amanhã, apenas agora e sempre do início a eternidade presente em cada átomo, em cada célula, em cada pulso, impulso ou pausa; ser poeta se dá nos gritos e nos silêncios

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O texto é plural. Isso não significa apenas que tem vários sentidos, mas que realiza o próprio plural do sentido: um plural irredutível (e não apenas aceitável). O Texto não é coexistência de sentidos, mas passagem, travessia; não pode, pois, depender de uma interpretação, ainda que liberal, mas de uma explosão, de uma disseminação" "A redução da leitura a simples consumo é evidentemente responsável pelo 'tédio' que muitos experimentam diante do texto moderno, do filme ou do quadro de vanguarda: entediar-se quer dizer que não se pode produzir o texto, jogar com ele, desfazê-lo, dar-lhe partida" "Fico imaginando hoje, um pouco à moda do grego antigo, tal como o descreve Hegel: interrogava, diz ele, com paixão, sem esmorecimento, o rumor das folhagens, das fontes, dos ventos, enfim, o estremecer da Natureza, para ali captar o desenho de uma inteligência. E eu, é o estremecer do sentido que interrogo escutando o rumor da linguagem - desa ling

Os deslimites da palavra*

Ando muito completo de vazios. Meu órgão de morrer me predomina. Estou sem eternidades. Não posso mais saber quando amanheço ontem. Está rengo de mim o amanhecer. Ouço o tamanho oblíquo de uma folha. Atrás do ocaso fervem os insetos. Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino. Essas coisas me mudam para cisco. A minha independência tem algemas *Manoel de Barros

Uma vida de poesia*

A vida, cavalo selvagem Anda a galope Sem tempo de espera Sem perdão pelo tempo perdido Não aceita explicações Impassível, segue adiante Impiedosa Não ri , nem chora. Deus, não está nem aí Não tem nada a ver Com tudo isto Mas viver é necessário A vida é neutra Depressa, levanta, vai, corre Gira Roda Atropela Tritura Mói Dói. A noite parece minha salvação Escrevo palavras, palavras, palavras Abraço-me a poesia Minha tábua de salvação Tudo sempre ainda em vão Poderia a poesia salvar-me da morte? Mas, o que me salvaria da vida? *José Mayer Filósofo. Livreiro. Estudante de Filosofia Clínica na Casa da Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Falar mete-me medo porque, nunca dizendo o suficiente, sempre digo também demasiado" "No escritor o pensamento não dirige a linguagem do lado de fora: o escritor é ele próprio como um novo idioma que se constrói" "Contrariamente ao Ser e ao Livro leibnizianos, a racionalidade do Logos pela qual a nossa escritura é responsável obedece ao princípio da descontinuidade." "Esta superpotência como vida do significante produz-se na inquietação e na errância da linguagem sempre mais rica que o saber, tendo sempre movimento para ir mais longe do que a certeza pacífica e sedentária" "Husserl sempre acentuou a sua aversão pelo debate, pelo dilema, pela aporia, isto é, pela reflexão sobre o modo alternativo em que o filósofo, no termo de uma deliberação, pretende concluir, isto é, fechar a questão, parar a expectativa ou o olhar numa opção, numa decisão, numa solução" "A palavra proferida ou inscrita, a letra, é sempre

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