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Método do silêncio*

  “Tudo o que se movia nele ainda jazia em trevas, embora já sentisse o desejo de contemplar em meio à escuridão coisas que os outros não percebiam.” Robert Musil A maldição nunca vem sozinha. Vem acompanhada do verme deixado pela Vida em algum canto deste país. Nesta cidade o fenômeno do verme é que ele, midiático, como seu ar de “estuprador do espírito”, observa o cenário em ruínas desmoronar-se no esquecimento. Decadência. Diante de uma obra que foi criada para identificar como verdadeira, certos feitos, pensamentos monopolizam e naturaliza a verdade midiática de um só Dono: o verme onipresente. Por ser a excrescência da realidade, de uma sociedade que se ilude com o passado imposto, a cultura da terra nem sempre é orgânica, raiz é a invenção do poder. Um dia percebi que o silêncio do verme era sua arma para fazer com que o Outro fosse esquecido. Que o Outro morresse em seu próprio mundo, como se existisse mundos distintos, era preciso saber que um lado era nulo e, po

Aninha e suas pedras*

Não te deixes destruir… Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas. Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede. *Cora Coralina

Gratidão!

No dia em que ultrapassamos o acesso 200.000, queremos agradecer sua companhia! Desejamos que nosso convívio diário permaneça e se desenvolva. Nossa busca é qualificar as publicações, textos, poesia, literatura, ensaios, para oferecer uma alternativa de estudos e pesquisa em Filosofia Clínica. Esse espaço artesanal foi pensado como um chão para construções compartilhadas. O novo paradigma da Filosofia Clínica, em processo de desenvolvimento do método iniciado por Lúcio Packter, precisava de uma referência às suas leituras e práticas.  Nossa busca sempre foi um compromisso com os excluídos, com a poesia existencial interditada em cada um. Hoje desenvolvemos projetos em várias áreas da atividade social, principalmente em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, como: Aulas, Workshops, Filosofia Clínica nas ruas de Porto Alegre, Convênios com instituições de acolhimento aos excluídos, Parceria com editoras que publicam nossos autores, Colóquios, Convênios e Atendimentos em hospitais, Cl

Traduzir-se*

Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte – que é uma questão de vida ou morte – será arte? *Ferreira Gullar

Alta Tensão*

eu gosto dos venenos mais lentos dos cafés mais amargos das bebidas mais fortes e tenho apetites vorazes uns rapazes que vejo passar eu sonho os delírios mais soltos e os gestos mais loucos que há e sinto uns desejos vulgares navegar por uns mares de lá você pode me empurrar pro precipício não me importo com isso eu adoro voar. *Bruna Lombardi

As mesmas palavras*

                                                   "Em seu ser atual, as palavras, acumulando sonhos, fazem-se realidades."                                     Gaston Bachelard Uma só expressão pode conter a pluralidade indescritível de significados. Parece uma propriedade especial, essa aptidão de multiplicar-se, para acolher a diversidade existencial em cada um.  É improvável ser o dicionário de sinônimos e antônimos, o guardião de todas as possibilidades para acessar suas variáveis discursivas. O território mutante da singularidade aprecia resguardar-se na vontade subjetiva. Seu esboço, a reivindicar uma chave de leitura específica, propõe qualificar o reencontro com a fonte de onde partiu. Em todo lugar, a cada instante, existe um convite para desbravar inéditos. Mesmo o antigo dialeto, recuperado pelo novo olhar, pode ser refúgio de originais. Assim, as mesmas palavras podem ser outras palavras. O encontro da expressividade com a intenção do autor

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Entra-se em Kafka como quem entra em uma gruta ou em um labirinto, e não apenas em um livro. Uma vez que começamos a lê-lo, nunca saímos totalmente dele" "Além de grande escritor, Kafka foi um leitor apaixonado. Entrava em transe com livros, e ele mesmo em seus diários faz menção a essa paixão, que é quase maior e mesmo anterior à escrita" "As obras de Kafka tem interpretações múltiplas e contraditórias. Há tantas que qualquer uma delas é possível" "(...) produziu uma obra passível de múltiplas leituras, e isso é o genial. Não há uma interpretação aceita por todos, e não haverá nunca, porque esse é o princípio da sua literatura" "(...) nunca parou de reivindicar que o insuperável do homem está em nós, ainda que permaneça obstinadamente fora do nosso alcance" (...) " Borges sempre reconheceu que a grande biblioteca da família havia sido o espaço essencial de sua juventude e adolescência" "

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Escrever implica calar-se, escrever é, de certo modo, fazer-se 'silencioso como um morto', tornar-se o homem a quem se recusa a última réplica, escrever é oferecer, desde o primeiro momento, essa última réplica ao outro" "Escreve-se talvez menos para materializar uma ideia do que para esgotar uma tarefa que traz em si sua própria felicidade" "(...) atividade estruturalista: a criação ou a reflexão não são aqui 'impressão' original do mundo, mas fabricação verdadeira de um mundo que se assemelha ao primeiro, não para copiá-lo mas para o tornar inteligível" "(...) a literatura é pelo contrário a própria consciência do irreal da linguagem: a literatura mais 'verdadeira' é aquela que se sabe a mais irreal, na medida em que ela se sabe essencialmente linguagem, é aquela procura de um estado intermediário entre as coisas e as palavras (...)" "(...) a linguagem não é aqui violação de um abismo, mas espr

Um amor pra renascer*

A morte do amor não existe Sinta-me Aqui estou, ainda Neste abraço Abraço de cristal Fantasmas não existem Ajuda-me a viver Um amor que não terminou Mesmo que já não estejas... estás Não sabíamos o que tínhamos Até que nos perdemos Não vivemos em vida O amor que deveríamos viver.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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