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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Trata-se realmente de um trabalho, de um parto, de uma geração lenta do poeta pelo poema do qual é pai" "(...) o poeta é na verdade o assunto do livro, a sua substância e o seu senhor, o seu servidor e o seu tema. E o livro é na verdade o sujeito do poeta, ser falante e conhecedor que escreve no livro sobre o livro" "Citando Edmond Jabès: 'O louco é a vítima da rebelião das palavras'" "Quando se deixa dizer pela palavra poética, a Terra reserva-se sempre fora de toda a proximidade" "Citando Reb Stein: 'Quando criança, ao escrever pela primeira vez o meu nome, tive a consciência de começar um livro'" "Contrariamente ao Ser e ao Livro leibnizianos, a racionalidade do Logos pela qual a nossa escritura é responsável obedece ao princípio da descontinuidade" "A palavra proferida ou inscrita. A letra é sempre roubada. Sempre roubada. Sempre roubada porque sempre aberta. Nunca é própr

A dúvida e sua não existência*

Já faz tempo que penso na sua não existência, não como forma de uma totalidade e, sim no pensar psicológico da coisa. Interessante observar a não existência de algo que na forma de minha escrita, dou vida. Sim, dou vida para imediatamente a tirar. Não quero aqui dizer que essa teoria simplesmente retira de nosso dicionário a palavra “dúvida”. Desejo demonstrar que sua existência, na verdade é um estado de preguiça do homem. Sentir-se na incerteza entre duas saídas é um acomodar-se diante dos fatos. Vejamos o que a filosofia na história tem a nos presentear com conceitos, cito aqui (dicionário de filosofia, Nicola Abbagnano, Martins Fontes, 2003, pág. 296).”. Dúvida, esse termo costuma designar duas coisas diferentes, porém mais ou menos ligadas: 1º um estado subjetivo de incerteza, ou seja, uma crença ou opinião não suficientemente determinada, ou a hesitação em escolher entre a asserção da afirmação e a asserção da negação; 2º uma situação objetiva de indeterminação ou a

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) a cultura nunca nos oferece significações absolutamente transparentes, a gênese do sentido nunca está terminada. Aquilo a que chamamos com razão nossa verdade, sempre o contemplamos apenas num contexto de signos que datam o nosso saber" "(...) a palavra intervém sempre sobre um fundo de palavra, nunca é senão uma dobra no imenso tecido da fala" "Muito mais do que um meio, a linguagem é algo como um ser, e é por isso que consegue tão bem tornar alguém presente para nós: a palavra de um amigo no telefone nos dá ele próprio, como se estivesse inteiro nessa maneira de interpelar e de despedir-se, de começar e terminar as frases, de caminhar pelas coisas não ditas. O sentido é o movimento total da palavra, e é por isso que nosso pensamento demora-se na linguagem"  "A linguagem é por si oblíqua e autônoma e, se lhe acontece significar diretamente um pensamento ou uma coisa, trata-se apenas de um poder secundário, derivado da sua vida

Eternidade(s) do Tempo*

            “O tempo é pensado por nós antes das partes do tempo, as relações temporais tornam possíveis os acontecimentos no tempo. É necessário, pois, correlativamente, que o sujeito não esteja situado nele para que ele possa estar presente em intenção tanto no passado como no futuro.” Merleau-Ponty Ou seja, o tempo não é mais um “dado da consciência” e que a consciência torna-se parte do tempo. O tempo ideal é o tempo que se deixa desamarrar do presente. Ele está amarrado no cais, diante do passar dos dias, o presente nunca é o mesmo porque supõe-se um futuro diante do passado que nunca deixará de ter suas marcas na parede da velha casa. Como trilhou Ponty, “Não estamos sempre tão longe de compreender o que podem ser o futuro, o passado, o presente e a passagem de um ao outro?”...Eis o emaranhado do tempo no retorno ao cais. A posição dos barcos na certa não está mais em consonância ao olhar do dia anterior, nem do segundo no passo a passo da rua que vai do cais os barc

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Reconhecer no estranho o que é próprio, familiarizar-se com ele, eis o movimento fundamental do espírito, cujo ser é apenas o retorno a si mesmo a partir do ser diferente. É por isso que toda formação teórica, mesmo o cultivo de idiomas e concepções de mundos estrangeiros, é a mera continuação de um processo de formação, que teve início bem mais cedo" "O que deve ser compreendido não é a literalidade das palavras e seu sentido objetivo, mas também a individualidade de quem fala e, consequentemente, do autor" "Menção à Schleiermacher: que cada individualidade é uma manifestação do viver toal e que, por isso: 'cada qual traz em si um mínimo de cada um dos demais, e isso estimula a adivinhação por comparação consigo mesmo'" "Em princípio, compreender é sempre um mover-se nesse círculo, e por isso é essencial o constante retorno do todo às partes e vice-versa. A isso se acrescenta que esse círculo está sempre se ampliando, já que

O mundo e a poesia*

Ser poeta pode sim significar transformar incontrolavelmente tudo que toca em poesia, seja na alegria ou na dor. Ser poeta implica em ser plural, inclusivo, solidário e ousado, sobretudo, porque todo dia em qualquer momento ou condição persiste o apelo para que todos quantos se possa sensibilizar aprendam cada vez mais a dizer amém sem o acento agudo que o acompanha. Afinal, talvez seja absolutamente por falta de poesia no mundo e em tantas vidas que venha se tornado cada vez mais grave e aguda a carência de amor que impele definitivamente que todos amem de fato. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes Filósofo. Educador. Poeta. Filósofo Clínico Uberlândia/MG - Porto Alegre/RS

A Música*

A música pra mim tem seduções de oceano! Quantas vezes procuro navegar, Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano, Minha pálida estrela a demandar! O peito saliente, os pulmões distendidos Como o rijo velame d'um navio, Intento desvendar os reinos escondidos Sob o manto da noite escuro e frio; Sinto vibrar em mim todas as comoções D'um navio que sulca o vasto mar; Chuvas temporais, ciclones, convulsões Conseguem a minha alma acalentar. — Mas quando reina a paz, quando a bonança impera, Que desespero horrível me exaspera! *Charles Baudelaire

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