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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O excesso é simplesmente revelador de um estado de espírito latente" "(...) existe uma interação entre a 'força vital própria' de um determinado indivíduo e as 'circunstâncias exteriores', ou seja, as determinações impostas pelo destino" "(...) da relação entre a subjetividade individual e a importância do meio, de qualquer ordem que seja" "Acrescentarei que o redobramento é a marca simbólicas do plural. Por isso, cada um torna-se um outro. Comunga com o outro e com a alteridade em geral" "(...) nenhum problema é definitivamente resolvido, mas que encontramos, pontual e empiricamente, respostas aproximadas, pequenas verdades provisórias, postas em prática no cotidiano, sem que se acorde um estatuto universal, oralmente válido em todo lugar, em todo tempo, e para cada um" "Há aqui uma antinomia de valores que merece ser pensada: a morosidade do instituído, a alegria do instituinte. Antinomia

A festa e o trem*

Peregrinando vou contemplando Pássaros e flores Lagos e caminhos Cabelos brancos feito algodão Peregrinando vou sentindo Perfumes e sabores Arrepios de tantas belezuras Gente sem pressa sorrindo Peregrinando vou admirando O simples e o complexo A luz e a sombra As pinturas e a natureza Porque é verão aqui em Stresa O trem chega O trem parte E tudo se faz festa *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

A serpente que nos seduz/conduz/traduz*

      Eva era uma mulher metódica e compulsiva, para ela as coisas deveriam ser pretas ou brancas, oito ou oitenta. Não havia meio termo. As pessoas eram solteiras ou casadas, amigos ou namorados. Ignorava situações como “ficante”, “peguete” ou “amizade colorida”, que seriam representadas pela cor cinza. Para ela, cinza era uma mistura de cores, uma situação indefinida, uma transição para o autêntico. Nada a ver. As situações da vida precisavam ter cor definida, rótulo e se possível, carimbo de autenticação. Preto ou branco, solteiro ou casado, amor ou nada.       Conheceu Adão em uma festa, trocaram telefones, conversaram bastante durante três semanas, sentiram vontade de se ver mais uma vez e marcaram um encontro para a sexta feira seguinte. Gostaram tanto um do outro, que combinaram  sair de novo no sábado. No domingo, beijaram-se. Ao se despedir, no portão de casa, Eva perguntou se estavam namorando, pois para ela, amigos não se beijam. Preto era sinônimo de amigo e branco

Convite*

Não sou a areia onde se desenha um par de asas ou grades diante de uma janela. Não sou apenas a pedra que rola nas marés do mundo, em cada praia renascendo outra. Sou a orelha encostada na concha da vida, sou construção e desmoronamento, servo e senhor, e sou mistério A quatro mãos escrevemos este roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério. *Lya Luft

De onde vem isto que é ?*

A gente acaba falando de uma coisa Para falar de uma outra bem diferente. O que é isto Que nos faz humanos E nos diferencia Dos outros animais? O que é isto Que nos torna sublimes E nos eleva na prática Do bem-querer e do amor? E o que é esta outra coisa Que nos joga e rebaixa Causando ao nosso redor Malevolência e desamor? Duas forças nos habitam: Eros e Thanatos Amor e Ódio Laços de Vida e de Morte Luzes e Sombras. Sabe aqueles círculos Que se formam ao redor De uma pedra que se joga N'água de um lago...?? O que é isto que dói Na gente, por vezes, E não precisaria doer? *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Filósofo Clínico Porto Alegre/RS

Retrato*

Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? *Cecília Meireles

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