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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio, porque, já em sua profundidade, o ser humano tem o destino da água que corre" "A imaginação inventa mais que coisas e dramas; inventa vida nova, inventa mente nova; abre olhos que têm novos tipos de visão. Verá se tiver 'visões'. Terá visões se se educar com devaneios antes de educar-se com experiências, se as experiências vierem depois como provas de seus devaneios" "A vida real caminha melhor se lhe dermos suas justas férias de irrealidade" "Um instante de sonho contém uma alma inteira" "Os mitólogos amadores algumas vezes são úteis. Trabalham de boa fé na zona de primeira racionalização. Deixam pois inexplicado o que 'explicam', porquanto a razão não explica os sonhos. Também classificam e sistematizam um tanto depressa as fábulas" "Os sonhos que viveram numa alma continuam a viver em suas obras" "(...) uma valorização dos devaneios

Você fala como um livro*

Jogou o balde na cisterna Girou a roldana de volta E o balde voltou seco. O firmamento escureceu Veio um vento forte Inevitável vento norte. Sentou na terra seca Da livraria lá fora Pensativa olhou o céu. Livraria é um para-raios De atrair malucos Você fala como um livro! *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Rousseau escreveu: 'Sabeis que a verdade, seja qual for, muda de forma segundo a época e os lugares, e que se pode dizer em Paris o que, em dias mais felizes, não se poderia dizer em Genebra'"  "Cada jogo de luz pode valorizar este ou aquele perfil às custas dos outros" "(...) Essa historicidade não significa necessariamente relativismo, mas faz da inserção do leitor e do texto em seus horizontes históricos a condição da compreensão" "(...) como não aplicar ao Rousseau dos 'Devaneios' a descrição de Narciso feita por Gaston Bachelard: 'Mas Narciso na fonte não está somente abandonado à contemplação de si mesmo. Sua própria imagem é o centro de um mundo. Com Narciso, para Narciso, é toda a floresta que se mira, todo o céu que vem tomar consciência de sua grandiosa imagem'" "Ler Rousseau é, pois, ler em seu texto não somente uma teoria, mas a expressão de certo ritmo existencial, o destino excepcio

Escrever para crianças*

Certa vez conversando com um escritor, Dr em Filosofia, ele me disse que tinha muita vontade de escrever para crianças, mas não tinha aptidão com a linguagem infantil. Desde esse dia passei a refletir sobre o que ele disse; seria realmente difícil escrever para crianças? Passei então a pensar sobre a diferença entre a linguagem da criança e do adulto, e encontrei na criança um caminho fértil para a construção de ideias, de imaginações e de experiências a serem vividas. Hoje encontrei um menino de 5 anos brincando com dois bonecos, um do Batmam e outro era um monstro, então emocionada e realmente querendo saber perguntei o que os dois bonecos estavam fazendo, e o menino disse que eles estavam brigando; e eu interessada perguntei o motivo da briga. O engraçado é que a minha emoção de entrar no imaginário daquela criança me fez entender que a linguagem de muitas crianças não apresentam prejuízos, nem muitos agendamentos existenciais, e tem um caminho sem muitas conclusões, el

O livro sobre nada*

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez. Tudo que não invento é falso. Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. Tem mais presença em mim o que me falta. Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário. Sou muito preparado de conflitos. Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou. O meu amanhecer vai ser de noite. Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção. O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo. Meu avesso é mais visível do que um poste. Sábio é o que adivinha. Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições. A inércia é meu ato principal. Não saio de dentro de mim nem pra pescar. Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore. Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma. Peixe não tem honras nem horizontes. Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando nã

Notas sobre a relação da filosofia e da ciência com o passado*

A ciência pode ser vista a partir de uma perspectiva de evolução. Seu desenvolvimento se dá a partir do acúmulo de saberes a ponto de ser necessária apenas a pressuposição de alguns princípios para, assim, seguir com a pesquisa. Desse modo, a não ser por informação histórica, um cientista não precisa ler, por exemplo, as obras de Euclides, Copérnico e Newton para dar continuidade à sua pesquisa científica. Mas, com a filosofia isso não é possível. O exercício do filosofar passa pela experiência daquele que filosofa, a ponto de ter que revisitar muitos de seus pressupostos antes de dar continuidade ao exercício filosófico. Essa atividade de lidar com a base da própria experiência de mundo nem sempre é fácil, tornando necessário o auxílio de bons mestres que, por sua vez, são profundos conhecedores desse caminho. Assim sendo, o neófito das veredas da filosofia precisa revisitar – entre outros – aqueles que deram início ao que chamamos de filosofia, sobretudo seus grandes pil

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) na proporção em que o matrimônio passou a ser considerado sagrado e indissolúvel, a Psiquiatria involuntária foi considerada indispensável, uma verdadeira benção; e na medida em que a discórdia conjugal e o divórcio são considerados escandalosos, a doença mental e seu tratamento compulsório serão considerados científicos" "A loucura, conforme sugeri há algum tempo, é fabricada, num certo sentido, por alienistas. Em outras palavras, a Psiquiatria produz a esquizofrenia ou, mais precisamente, os psiquiatras criam esquizofrênicos" "(...) os 'pacientes' recebem 'tratamentos' que não querem e o Estado paga aos psiquiatras para coagir, confinar e mutilar quimicamente os cidadãos recalcitrantes" "A esquizofrenia é definida de modo tão vago que, na realidade, trata-se de um termo frequentemente aplicado a quase toda e qualquer espécie de comportamento reprovado pelo locutor" "Antes de 1900, os psiquiatras

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