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Emoções*

Cresci num lar cognitivo. Ainda sinto o cheiro dos livros no escritório do meu pai localizado no piso superior da nossa casa. As escadas conduziam exclusivamente, ao local. Ele, Alfredo Gevieski, técnico rural que, juntamente com os botânicos Pe.Raulino Reitz e Roberto Klein, dedicaram-se à catalogação dos diferentes tipos de Bromélias, do reflorestamento e da demarcação das áreas da Serra do Tabuleiro / SC, numa política de controle à malária, em fins das décadas de 1940 à 1970, aproximadamente. Abrir os diversos livros e coleções eram de uma grande curiosidade para mim. Meu pai costumava, faceiro, levar-me a algumas reservas florestais onde o observava atentamente, aos detalhes da seleção de alguma espécime nova encontrada de Bromélias. Enquanto se dedicava às anotações de seu trabalho, costumava deixar que eu manuseasse algum livro com fotos de plantas. A visita ao Herbário Horta Barbosa ( Itajaí/SC), foi sempre uma grande satisfação. Lembro dos fósseis de troncos

Cores do Tempo*

“Um borrão. Um claro. Claro obscuro. Ora um. Ora outro.” Samuel Beckett De todas as cores, de todos os sons, nem espaço existe para se deixar de pensar. Todos os números dão a exatidão, exatamente no plano abstrato onde o real aparece na representação. A única certeza está no código: a precisão infinitesimal percorre o tempo sem trégua para o olho do observador.  Aí pensei, e se eu pudesse discorrer até o fim do mundo? Pensei que o tempo pudesse dar uma trégua aos corações libertários, que os deixassem parar um pouco no instante infinito do prazer, que a realidade pudesse ser a mesma da eternidade da metamorfose [...]  Viral, correr dos sons possa se transformar em signos do escape total do Real. A maneira de percorrer o outro lado da vida é não deixar de viver, eu sei.  Armei mais um truque para me manter aceso ao próximo século como uma lanterna à deriva no mar. Se tornar-me imortal − juro, darei um jeito nisso, voltarei a comer glúten. Promessa de leitor!!! *Prof.

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O sonhador inventa a sua própria gramática" "O bricoleur , diz Lévi-Strauss, é aquele que utiliza 'os meios à mão', isto é, os instrumentos que encontra à sua disposição em torno de si, que já estão ali, que não foram especialmente concebidos para a operação na qual vão servir e à qual procuramos, por tentativas várias, adaptá-los, não hesitando em trocá-los cada vez que isso parece necessário, em experimentar vários ao mesmo tempo, mesmo se a sua origem e a sua forma são heterogêneos, etc." "Um sujeito que fosse a origem absoluta do seu próprio discurso e o construísse 'com todas as peças' seria o criador do verbo, o próprio verbo" "Não existe um verdadeiro termo para a análise mítica, nem unidade secreta que se possa apreender no fim do trabalho de decomposição. Os temas multiplicam-se ao infinito. Quando julgamos tê-los destrinçado uns dos outros e poder mantê-los separados, apenas constatamos que eles voltam a uni

A palavra devaneio***

É incomum notar a existência de algo que restaria silenciado, não fosse um olhar absorto, indeterminado. Sentir improvável de sonhar acordado. Esse lugar de refúgio à esteticidade acolhe um viajante das quimeras. Nessa região, onde eventos sem nome rascunham invisibilidades, é possível descobrir vias de acesso de essência não epistemológica. Seu teor de matriz intuitiva, ao pluralizar versões desconsideradas, faz acordar aquilo que dormia. Ao desalojar esses fenômenos, desconstrói o aspecto irrealizável das promessas. Esses momentos reivindicam a singularidade alterada para se mostrar. Assim a pessoa, deslocando-se por esses labirintos da interseção, ao ser ela mesma, já é outra. As estéticas do devaneio convidam ao exercício de ficção. Um desses lugares onde o inesperado atua. Inicialmente desconfortável nesse chão desconhecido, o sujeito pode vivenciar insegurança, dúvida, receio. No entanto, ao persistirem as visitas por esse ambiente especulativo,

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O povo só lê, só apóia, só populariza a quem escreve a língua que ele fala" "(...) a literatura no Brasil é mero diletantismo, a que só por irresistível pendor natural se entregam sonhadores, os quais mais naturalmente propendem para o verso, propício aos sonhos e fantasias, que para a prosa, mais amigas das realidades" "Não há prazer que valha o prazer mental. Todos os mais são passageiros, e deixam borras amargas" "(...) a alma da palavra é o sentido, e a sua forma apenas matéria perecível" "E a ideia que se pretende inocular na criança é mister que vá para o livro medida e pesada com o rigor do químico, sementes que vão germinar, para o resto da vida, em terreno virgem" "O prazer mental, porém, perfuma-nos o cérebro, irisa-o, e reconcilia-nos com a vida. Ora, é Machado de Assis o maior mestre que temos na arte sutilíssima de nos proporcionar ao espírito este prazer dos deuses. Lê-lo é arejarmos o cérebr

O equilíbrio e a harmonia

No lugar de equilíbrio, devemos buscar harmonia. Porque a ideia de se manter em equilíbrio perpétuo ou duradouro é muito frágil quando aplicada. Já tentou viver sempre se equilibrando numa corda bamba?  Nem mesmo o maior de todos os equilibristas lograria êxito dessa forma. Pois, equilíbrio serve somente para espetáculos ou para exibir-se em alguns momentos muito bem delineados. Mas viver em harmonia é uma medida ousada, provável e possível.  E bastaria buscar aprender cada vez mais sobre nós mesmos vivendo num caminho de descobertas de modos cada vez mais qualificados para lidar tanto com os momentos de adversidades quanto com os momentos de glória. Afinal, a vida é uma rica somatória de momentos que sempre valem a pena estar presente. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes Filósofo. Educador. Escritor. Filósofo Clínico Uberlândia/MG – Porto Alegre/RS

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