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O que permanece quando muda?***

Gosto de algumas afirmações heraclitianas, sobretudo a ideia de movimento. Plutarco (46 a 126 d. C) apontando concepção de Heráclito (535 a 475 a. C.) diz: “Em rio não se pode entrar duas vezes no mesmo, segundo Heráclito, nem substância mortal tocar duas vezes na mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança dispersa e de novo reúne (ou melhor, nem mesmo de novo nem depois, mas ao mesmo tempo) compõe-se e desiste, aproxima-se e afasta-se” (Plutarco, Coroliano, 18 p. 392 B.). A proposta de mudança pensada por esse pré-socrático eu pude vivenciá-la ao longo do que a vida me concedeu experimentar até agora. Eu mudei, a realidade à minha volta mudou, as pessoas mudaram. E talvez uma das mudanças mais claras e necessárias que experimentei foi a aproximação de algumas pessoas e o afastamento de outras. Aprendi que na medida em que mudamos, não mudamos o modo de ser das pessoas ao nosso redor, pelo menos na grande maioria dos casos. O que mudam são as pessoas que

Os Poemas*

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.  E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti… *Mário Quintana

Buscas*

Só vale pena construir projetos e tecer aspirações que façam sentido, sobretudo, para nós, para alguém ou para muitos, pois tudo que nos toca a ponto de transbordar e nos mover sinaliza que devemos saber escolher a direção. Só vale a pena mesmo persistir em causas as quais haja conexões de dentro para fora capazes de fazer com que nos encontremos através de descobertas e surpresas. É preciso ser ousado e assumir riscos para despertar e crescer. É assim que sinto tremenda falta de tudo que ainda não fiz porque é esse o limite de quem eu sou sob a jurisdição daquilo que desejo vir a ser. E mesmo quase insignificante, permito-me discordar de um grande e consagrado poeta. Afinal, havendo amor tudo vale a pena, mesmo caso a alma ainda seja pequena. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes Filósofo. Educador. Livre Pensador. Filósofo Clínico Uberlândia/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Saber ler, percebe-se, é portanto uma arte, e existe uma arte de ler" "(...) a leitura de um autor que é filósofo é uma discussão contínua com ele, uma discussão onde se encontram todos os encantos e também todos os perigos de uma discussão na vida privada" "Ao ler um romance que nos apaixona, nós não somos mais nós mesmos e vivemos nos personagens que nos são apresentados e nos lugares que nos são retratados pelo hipnotizador" "(...) há leituras muito diferentes, segundo as diferentes naturezas de espírito, e por conseguinte há, e é divertido, decepcionante também ou pouco seguro, e tal que não se pode confiar nele levianamente, mas bastante instrutivo em suma, um estudo dos espíritos e mesmo das almas, um estudo dos homens através do que demonstram ser como leitores" "O leitor de livros onde são retratados seres definitivamente excepcionais é, em geral, um homem a quem a vida não satisfaz" "(...) um dos

Trem das Águas*

“Olha em redor: a poucos passos dele formou-se uma pequena multidão que está observando seus movimentos como as convulsões de um demente.” (Palomar contempla o céu – Italo Calvino) Nadar e ser um trem ao mesmo tempo, deslizar nas águas, cruzar o país como se fosse uma locomotiva, de braçada em braçada, deslizar águas, trilhos e o coração bater tão rápido enquanto o vento singra as águas do tempo, da vida. O Tempo para se viver mais do que tem para continuar a subir em trens do mundo, de poder nadar sem saber o tempo de parar, sem ter estação para descer, o tempo de morrer é não poder mais ter o som das águas, o sibilo da locomotiva humana, do sinal no céu da luz que brilha, da estrela que ilumina a dor dos olhos que envelhecem de tanto ver o fim que não termina e os braços a continuar, avançar o corpo para o outro lado do mundo, de fugir da miséria dos homens, de buscar o som inaudito dos trilhos, do apito de um trem, do barulho do mar, do rio que silencia enquanto se atrave

Motivo*

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada. *Cecília Meireles

Prefácio*

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) — sem nome. Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé. Insetos errados de cor caíam no mar. A voz se estendeu na direção da boca. Caranguejos apertavam mangues. Vendo que havia na terra Dependimentos demais E tarefas muitas — Os homens começaram a roer unhas. Ficou certo pois não Que as moscas iriam iluminar O silêncio das coisas anônimas. Porém, vendo o Homem Que as moscas não davam conta de iluminar o Silêncio das coisas anônimas — Passaram essa tarefa para os poetas. *Manoel de Barros

A imaginação e o sonho*

As coisas reais dos sonhos e da imaginação, por vezes não parecem menos reais do que a realidade. Sonhava seguidamente De forma urgente e vivaz Com duas casinhas perdidas Uma matrícula não feita Uma viagem perdida Um amor não acontecido Duvidava se isto Não teria acontecido Em sua vida... Incompletudes Interrupções Inconclusões Pedaços de um quebra-cabeças Perdidos...!! *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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