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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) se o que está em estado nascente for medido com base no padrão daquilo que já está estabelecido. O establishment , com efeito, não é uma simples casta social, é, antes de mais nada, um estado de espírito que tem medo de enfrentar o estranho e o estrangeiro" "(...) a arte de pensar é efetivamente uma arte e integra uma dimensão estética que posteriormente, foi confinada à esfera das 'belas artes'" "Ao nomear, com excessiva precisão, aquilo que se apreende, mata-se aquilo que é nomeado. Os poetas nos tornaram atentos a tal processo" "(...) estar atento a uma lógica do instante, apegada ao que é vivido aqui e agora. Tal lógica do instante nada mais tem a ver com a vontade racionalista que pensa pode agir sobre as coisas e as pessoas. Ela é muito mais tributária do acaso, de um acaso que ao mesmo tempo é necessário,; próxima, nisto, do que os surrealistas chamavam de 'acaso objetivo'" "O próprio do aco

História(s) humanas 2*

“O que é explicado como ideia e não como definição.” Werner Jaeger Coisas do mundo existem, digo, as mais preciosas e estranhas estão aqui no Brasil. Vivemos no país digno de ficção, um prato cheio para a literatura. Alguém escreveu que este país está virando um hospício. Estou sentindo em mim pequenas transformações no humor, na paciência em lidar com os objetos, com imaginário e os mais palpáveis tipos de estranhamentos. Como ligar o mundo concreto, aquela construção da consciência de Herder, em que o acolhimento histórico ligava a vida ao futuro? Estamos no tempo das versões e superações dos apóstolos da decadência dos valores modernos, a história já não é um caminho inexorável, o retorno é uma versão idealizada do que já foi o concreto estar no mundo. O mundo parece estar novamente no dilema entre o domínio das coisas, de um lado, no obscurantismo do que foi dado, e o retorno cego ao princípio das leis monoteístas sobre a vida. O que é de espantar, de ver os que u

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) tudo adquire sob seus dedos um sentido Descartes que se pode compreender de várias formas, tudo passa a funcionar num mundo Descartes, enigmático como todo individual; sua própria vida vira testemunho de uma maneira de tratar a vida e o mundo, e esse testemunho, como qualquer outro, exige interpretação"  "(...) um filósofo livre (...) nele mesmo, em estado nascente, não é uma soma de ideias mas um movimento que deixa atrás de si um sulco e antecipa seu futuro, a distinção entre o que nele se encontra e aquilo que as metamorfoses por vir nele encontrarão (...)" "(...) é o preço que se deve pagar para ter uma linguagem conquistadora, que não se limite a enunciar o que já sabíamos, mas nos introduza a experiências estranhas, a perspectivas que nunca serão as nossas, e nos desfaça enfim de nossos preconceitos. Jamais veríamos uma paisagem nova se não tivéssemos, com nossos olhos, o meio de surpreender, de interrogar e de dar forma a configuraçõe

Sobre “O Belo Perigo”*

Um dia, por acasos lindos da vida, aparece em minhas mãos um livro interessantíssimo, eu estava no Guion Cinemas na Cidade Baixa e isso é importante que seja dito, já que ali tem algumas das coisas mais interessantes que acontecem em Porto Alegre. Lugar de cultura, selecionadas demonstrações de cinema, além de livros, CDs, discos, obras de arte e café. Coisas palpáveis, com cores, cheiro e sabor.  E que livro é esse, que tem um título aparentemente controverso? “O Belo Perigo”. Esse livro trata de uma conversa entre Claude Bonnefoy, crítico literário e o filósofo Michel Foucault. Na entrevista o filósofo fala como iniciou seu processo de escrita, fala sobre a história e os desdobramentos dessa atividade e o momento em que a assume como fundamental para sua vida, passando a refletir “(...) sobre a produção e o controle da escrita – suas potencialidades, limitações e perigos”. Foucault revela que “(...) Gostaria de fazer aparecer o que está próximo demais de nosso olhar pa

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(..) e tudo no mundo tivesse seu próprio nome secreto, um nome que não pode ser transmitido por nenhuma linguagem e que é simplesmente a visão e a sensação da própria coisa" "É sempre melhor o livro que se tem na cabeça do que aquele que se consegue pôr no papel" "(...) Aventure-se muito além no amor, diz consigo mesma, e você renuncia à cidadania no país que construiu para si mesma. Acaba apenas navegando de porto em porto" "(...) parte do encanto de um bolo é sua inevitável imperfeição" "De algum modo parece que deixou seu próprio mundo e entrou no reino do livro" "É suficiente estar nesta casa, a salvo da guerra, com uma noite de leituras pela frente, depois dormir, e trabalhar de novo pela manhã. É suficiente que os postes lancem sombras amareladas nas árvores" "Você tenta prender o momento, bem aqui, na cozinha, ao lado das flores. Tenta habitá-lo, amá-lo, porque é seu e porque o que exi

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