Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2011
Acordem belos adormecidos Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Onde estamos? O que pensamos? O que sentimos? Será que os cifrões não estão nos adormecendo e hipnotizando? Comprar, consumir, ter, competir.. A moda seduz e engole a maioria. Todos querem ter saúde perfeita. Muitos desejam a beleza eterna. Os programas de TV atacam com receita de vida saudável. As propagandas vendem até a alma. E continuamos de braços cruzados, vendo tudo sem fazer nada. Fazer? Agir? Para que? Adianta? E vamos colocando tampões nos olhos. A espera da salvação. Infeliz esperança que paraliza. Enquanto isto a fila nos hospitais não andam. Crianças não tem escolas e são exploradas e vendidas. A corrupção continua sem punição. Adormecidos pela mída, administrada pelo poder, vamos. Aliás, paramos. Colocar microfones no ar incomoda. Mas, as lojas nesta quase véspera de natal se abarrotam. Que humanos somos em nossa desumanidade? Só estou convidando a
Helena quer voltar para casa* (Jardins da Universidade Moura Lacerda, em Ribeirão Preto) Ela me disse que primeiro afastou o sorriso logo que se casou e teve o primeiro filho. O sorriso a incomodava porque revelava seu ar maroto, ameninada e, agora que era casada, sua demanda dizia respeito a ser mulher. Com o sorriso, perdeu também um aspecto jovial que tinha e que somente era possível compor tendo como elemento seu jeito de alegrar o rosto. O cigarro que usava, ocasionalmente, deixou ao engravidar. Logo o cigarro, um cigarrinho ou dois por semana, que fumava inclinando a cabeça, enchendo-se de esperança. Com o marido aprendeu a não se expor socialmente, o que incluía evitar com alguma cerimônia importante comentários sinceros sobre qualquer um. A sinceridade passou a ser utilizada em casa; na rua passou a se estranhar em várias situações. Helena um dia me perguntou se Fausto, de Goethe, em meio ao pacto, que ela entendia como concessão, não se perdeu de si mes
AMOR DE FILÓSOFO Will Goya Filosofo Clínico, Poeta Goiânia/GO O verdadeiro filósofo mora na cidade das aparências E tem um olhar de espírita, atravessando as paredes. Ensina os indivíduos a serem bons, Mas sabe que não se pode esperar muito dos que muito têm. Bondade é não exigir aquilo que se pode dar. Não é se dar ao outro, é a caridade de pedir E receber o que ele tem de bom para dar. A civilização precisaria de séculos para acordar A sabedoria que se pode aos quarenta, Por isso não é amável consertar o mundo, antes do tempo. Seria ingratidão pedir a Deus que seja humano, Como se houvesse algo errado com a maldade natural do mundo, Como se o nosso mundo precisasse de boa vontade para existir E não existissem muitas e muitas moradas. Que importa a religião? A maioria dos religiosos não tem religião. A maioria dos filósofos só tem diplomas. Quem fala de um amor verdadeiro, usa tanto a emoção quanto a categoria da lógica. Bem mais que gostar, amar é saber c
Filosofia e Música Beto Colombo Empresário, Filosofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor, que você esteja bem. Hoje, em nosso comentário, vamos falar sobre filosofia e música. Filosofia, como sabemos, significa “amigo da sabedoria”. E também sabemos que todos filosofamos, de um jeito ou de outro e que cada um que me lê nesta coluna não deixa de ser um pensador, um filósofo. Mas, para pensar, para filosofar, é necessário fazer algo fundamental: perguntar, questionar. A pergunta abre, impulsiona, nos faz movimentar. A pergunta nos move. Talvez as descobertas mais importantes da humanidade surgiram com as perguntas. Justificada a importância da pergunta, vamos a uma: quanta filosofia há nas notas musicais? Caetano Veloso canta sabiamente: "Quando eu te encontrei frente a frente não vi o meu rosto, chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto mau gosto. É que Narciso acha feio o que não é espelho, e a mente apavora o que ainda não
Íntima raíz Jane Difini Kopzinski Fisioterapeuta, quiropraxista, filosofa clínica Porto Alegre/RS Entre devaneios, delírios e poesias, o ocultar da real objetividade. A grande dança da singularidade da alma O feito por menor dos desejos ocultos Entrelaçados em um emaranhado de subjetividades objetivas em si No repouso do olhar sobre si mesmo Revela a obra mais rara e única de um ser A complexidade da alma se ajustando Entre estruturas intrínsecas, dançam e compõe Delirantes poemas, músicas raras, inéditos sonhos... A obra inigualável da vida Brotando de um ser em autogenia constante Na roda viva de sua própria existência Sua íntima raíz
Fragmentos filosóficos delirantes LXXI* Balada do louco* Dizem que sou louco por pensar assim Se eu sou muito louco por eu ser feliz Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz Se eles são bonitos, Sou Alain Delon Se eles são famosos, Sou Napoleão Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz Eu juro que é melhor Não ser o normal Se eu posso pensar que Deus sou eu Se eles têm três carros, eu posso voar Se eles rezam muito, eu já estou no ar Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz Eu juro que é melhor Não ser o normal Se eu posso pensar que Deus sou eu Sim sou muito louco, não vou me curar Já não sou o único que encontrou a paz Mas louco é quem me diz Que não é feliz, Eu sou feliz *Letra e música: Arnaldo Baptista e Rita Lee
SUPER-HERÓIS NÃO PODEM AMAR Ildo Meyer Médico e Filosofo Clínico Porto Alegre/RS Neste mundo que nos tocou viver, temos que matar um leão por dia. Somos cobrados e ao mesmo tempo cobramos metas, números, competências, desempenhos. Precisamos ultrapassar a concorrência, vencer desafios e mostrar a todos que somos os melhores. Temos que ser perfeitos, bem sucedidos e deixar bem claro para todos que o fracasso mora ao lado. Acontece que não somos perfeitos. Ninguém é perfeito, mas não queremos mostrar isto. Escondemos nossos defeitos e não mostramos quem somos de verdade. Temos vergonha que descubram nossas fraquezas. Fomos criados para nos preocupar com o que os demais pensam de nós e para permitir que outros ajudem a definir quem somos. Por conta disto, todos os dias, antes de sairmos da cama, precisamos vestir nossa máscara de super herói. Atrás dela, ocultamos nossos pontos fracos, disfarçamos nossos medos e ficamos prontos para encarar o cliente, o patrão, o vizinho, o
Fragmentos filosóficos delirantes LXX* "No início era uma lenda estes olhos de criança meiga: O que restava era um espaço ilhado por tanta dor." "Amar o que não sei, só tem uma forma: Mirar-me num espelho e ver-me em você." "A fala tinge de branco o que a incerteza nos impõe: o silêncio." "A solidão me madurou de borboleta... Estou apto. Já posso discursar com minhas paredes." "Falar de mim talvez necessite Um reinaugurar de novas palavras. Criar descontos.. andarilhos de silêncios. Ignorar as sintaxes cheirosas de brejos... Borrificar as sílabas ardente de ermos... (simplesmente influir nos desertos de minhas letras)." "As lágrimas de minhas dores viraram mares de poesias." "Inventei uma casa sem telhados, numa rua sem nome: queria com isto perder-me devagarinho como uma noite cega..." "Não pude dispersar os meus deslimites que caíam e refaziam os caminhos de volta à mim: E agora...
A arte de reescrever a vida Pe. Flávio Sobreiro Filosofo Clínico, Poeta. Cambuí/MG Livros muito usados têm capas desgastadas, folhas que se soltam devido ao manuseio por muitas pessoas. Quanto mais o tempo passa mais amarelas as folhas ficam. Envelhecimento causado pelo tempo. Cada livro é sempre uma surpresa. Mas nem toda surpresa é agradável. Mas o respeito por todas as surpresas sempre é necessário. Com o tempo os livros vão ficando velhos e desgastados. Outros permanecem intactos, pois nunca foram abertos. Ninguém teve a curiosidade de conhecê-los. Mas isso não os impede de ficarem velhos. A única diferença é que nunca tiveram seu conteúdo conhecido. Foram impressos, mas nunca foram lidos. Muitos julgam o livro pela capa. Mas nem sempre a capa revela o conteúdo de um livro. Há livros com capas feias e pouco atraentes, mas cujos conteúdos são de uma riqueza imensa. Outros livros têm belíssimas capas, mas o conteúdo é fútil e pouco aproveitável. O ser humano é um grande
Fonte interna da Eterna Juventude Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG O convite é para que todos sejam sempre jovens, puer e puella. A negação do envelhecer prevalece, infelizmente. As rugas, que contam nossa história, são disfarçadas com botox e plásticas. Um rejuvenecimento imbecil, pois não esconde a essência da luta. A busca de uma imagem perfeita tenta esconder as dores da vida e a incompreensão da finitude. O assunto das tvs são bem estar, saúde, dietas... Busca da vida eterna. Uma loucura. Por um lado aumenta-se a quantidade de anos e por outro não querem que amadureçamos. Devemos permancer sempre jovens. Precisamos continuar sempre no "ponto perfeito"para sermos aceitos, o que não é possível, pois como seres humanos temos o privilégio da imperfeição. A maioria torna-se hipocrondríaca. Nada se pode comer. Tudo faz mal. Proibição é a lei dos inconscientes. E a frustração, quando tudo que foi feito não adianta, leva a
Fragmentos filosóficos delirantes LXIX* "Não é a crítica que quero me referir, porque ninguém pode esperar ser compreendido antes que os outros aprendam a língua em que fala." "Há entre mim e o mundo uma névoa que impede que eu veja as coisas como verdadeiramente são - como são para os outros." "O heleno sentindo que a vida é imperfeita, busca aperfeiçoá-la em si próprio, vivendo-a com uma compreensão intensa, vivendo de dentro, com o espírito, a essência do transitório e do imperfeito." "A arte que vive primordialmente do sentido direto da palavra chamar-se-a propriamente prosa, sem mais nada; a que vive primordialmente dos sentidos indiretos da palavra - do que a palavra contém, não do que simplesmente diz - chamar-se-á convenientemente literatura." "O poeta superior diz o que efetivamente sente. O poeta médio diz o que decide sentir. O poeta inferior diz o que julga que deve sentir." "Toda arte é uma forma de litera
SENTIMENTOS DENSOS Will Goya Filósofo Clínico. Poeta. Goiânia/GO Sento de costas para a parede, olhando a entrada, Mas tudo que vejo é uma saída. Vejo os móveis da sala, e algum detalhe descolorido no chão... Como quem deseja se desapegar do corpo, pra pensar melhor, Deixo aos ombros cair todo o silêncio do mundo, acumulado, nos cantos, Sozinho em casa. Cobiça de um desejo frio de voar à morte, para ser mais leve. Sensação que o abismo exige de quem ama o desconhecido, e se entrega Ao desejo de não mais ter vontades. Por que é tão difícil não querer olhar para dentro de uma porta aberta? Janelas fechadas existem sem intenções, como pedaços contínuos de parede, Mas uma fresta é sempre uma possibilidade do lado de fora, Desabrigando sentimentos, como um eixo de gravidade, pesando À memória tudo o que não se deve lembrar. Que ninguém ouse olhar muito tempo o vazio das coisas, Esse ímã de insuficiência preso a tudo o que nos incomoda. Com sentimentos densos, so
Penúltimas notícias: Parceria HEPA e Instituto Packter O Hospital Espírita de Porto Alegre em parceria com o Instituto Packter promove Curso de Extensão em Filosofia Clínica para funcionários do hospital. O curso que terá duração de dois meses, será ministrado pelo filósofo clínico Hélio Strassburger. Serão oferecidas três turmas e os encontros acontecerão às sextas-feiras a tarde na Sala de Eventos, no 2º andar da Instituição. A Filosofia Clínica é uma nova abordagem terapêutica com base na filosofia. Trata-se de uma parte da filosofia acadêmica direcionada ao consultório, à clínica. É uma atividade utilizada em hospitais, escolas, instituições por todo o país. A partir dos trabalhos do filósofo gaúcho Lúcio Packter, desde o final dos anos 80, este novo paradigma se difundiu no país e no exterior. Para outras informações a respeito acesse o site e o blog da filosofia clínica: www.filosofiaclinica.com.br e casadafilosofiaclinica.blogspot.com *Informação compartilhada pelo s
Singularidade* “A prosa e o verso das expressões de face maldita podem antecipar ao inédito olhar de si mesmo inexplicáveis belezas, contidas na originalidade de ser único” Hélio Strassburger De tudo o que intuímos, sentimos ou pensamos, infinitos saberes, racionalidade e emoções participam, como visitas e revisitas, na elaboração das malhas intelectivas e sensitivas da existência. Mas há um pontinho essencial, primordial, fundamental, que através de trilhas improváveis, nos direciona, assim como uma estrela nos guia na mata escura do destino imprevisível, nos orientando na imensidão existencial. Este pontinho é a nossa singularidade! A mais desafiante e desestruturante capacidade de sermos únicos no universo... o mesmo universo infinito por onde transitamos, de carona neste pequeno mundo líquido e azulado, onde atmosferas são cúmplices da nossa ínfima transitoriedade. Não escapamos ao que nos determinamos ou ao que somos determinados a viver. E talvez não exista nenhuma
Loucos e Santos Beto Colombo Empresário, filosofo clinico, coordenador da filosofia clinica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor, hoje vamos falar de um interessante tema: loucos e santos. Oscar Wilde, dramaturgo, escritor e poeta irlandês, que se destacou na Inglaterra por seus escritos no período Vitoriano, escreveu um poema que não tem tempo. É atemporal. Loucos e Santos é o seu título. Antes de prosseguir com o poema, vale a pena dizer que Wilde foi preso e humilhado perante a sociedade por causa de uma opção, a opção sexual: ele era homossexual. Isso levou-o, inclusive a prisão. Voltemos aos loucos, aos Loucos e Santos. Escreveu Oscar Wilde: “Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos”. Lembrando que naquela época um desejo ruim era o de que os inimigos contraíssem maus hábitos. “Fico com aqueles que fazem de mi
Sertões incertos Pe. Flávio Sobreiro Poeta e filosofo clínico Cambuí/MG O que os poetas não podem expressar o silêncio se encarrega de sepultar. Assim é a vida de muitas pessoas. Há dores e feridas que nem mesmo o mais sábio dos poetas pode expressar em palavras. Vida de dores silenciosas. Desencantos que estão guardados em algum território da alma. A vida pode silenciar o que o coração não consegue dizer o que é. Sabiamente disse João Guimarães Rosa que o sertão é dentro da gente. Território desconhecido é o que trazemos em nosso coração. De florestas selvagens a caatingas de desesperanças. De várzeas alagadas a montanhas de sonhos. De praias desertas de solidão a bosques encantados de sonhos. Como conhecer um lugar desconhecido sem o mapa que nos garanta a chegada? Há muitas chegadas sem mapa. Conviver e aprender com a vida silenciosa de lugares ainda pagãos é uma tarefa laboriosa. Judas não suportou a dor de ter traído. Não encontrou em seu sertão uma estrada que o pude
Reduzindo uma obra de arte ao juízo de valor Rosangela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG A arte é uma forma de expressão do ser do artista. Toda expressão pode ser um desabafar ou um desejo de comunicação, ou ambas as coisas. Quem vê ou lê uma obra de arte, entra no diálogo que a obra lança ou se fecha diante dela fazendo um julgamento de valor. Sempre uma obra nos afeta. Quando positivamente ela expressa uma comunicação de alma para alma.Quando negativamente ela ativa nossa sombra, ela nos mostra o que não queremos ver. Na realidade o que vemos nos vê. O mundo é representação nossa. Quem diz gostar e não gostar está a falar de si mesmo e não da obra de arte em si. Quando diz gostar é porque a arte a afetou na essência, há uma compreensão inconsciente da intenção velada do artista, há uma sinergia e harmonia na relação. Quando se diz não gostar é porque a obra mexeu com a sombra, ativou um conflito velado, incomodou e criou um conflito e uma defesa.
Fragmentos filosóficos delirantes LXVIII* "Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta." "Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios." "Como pode um homem, apesar da vida, tornar-se poeta ?" "O devaneio nos dá o mundo de uma alma, que uma imagem poética testemunha uma alma que descobre o seu mundo, o mundo onde ela gostaria de viver, onde ela é digna de viver." "Um excesso de infância é um germe de poema. Zombaríamos de um pai que por amor ao filho fosse 'apanhar a lua'. Mas o poeta não recua diante desse gesto cósmico. Ele sabe, em sua ardente memória, que esse é um gesto de infância. A criança sabe que a lua, esse grande pássaro louro, tem seu ninho nalguma parte da floresta." "Que importam para nós, filósofo do sonho, os desmentidos do homem que reencontra, ap
Inscrições abertas: Ao estágio supervisionado em Filosofia Clínica no hospital psiquiátrico em Porto Alegre/RS. Período: 11/11 a 15/12/2011. Pré-requisitos: conclusão da parte teórica, pré-estágio avançado, carta de interesse, entrevista com a coordenação. Atividades: clínica na internação integral, hospital-dia, grupos, cursos de extensão, pesquisa. Período: 12 meses, com início em março/2012. As inscrições serão recebidas, exclusivamente, pelo: heliostrassburger@gmail.com Vagas: 06 titulares e 02 suplências. Coordenação.
Insana Jane Difini Kopzinski Fisioterapeuta, quiropraxista, filosofa clínica Porto Alegre/RS Enfim a loucura Dos desarranjos de minha alma Da inércia do tempo Tira-me a estrutura Enfim o tempo De um espaço vazio Louca dor da espera De um nada para lugar algum Enfim me possuo De minha própria alma Perdida na loucura e no tempo Acha-se esquisita Enfim a dor De uma alma corrompida Dilacerada pela dúvida De ser louca ou esquisita Devaneios incessantes Produzindo inquietude Procura centrar a louca delirante Num tempo distante Enfim o espelho Não acho nem perco O centro da alma Nos meus pensamentos
Quase tudo por você Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Há algum tempo, meu filho me pediu para mudar de time (sou Fluminense e ele é Flamengo). Respondi que faria tudo por ele, mas que de time eu não mudava. É claro que ele não apreciou a minha resposta e emendou espantado: “Como assim? Você faria tudo por mim, mas não mudaria seu time por minha causa?” A explicação é simples: seria capaz de tudo por filhos, de exercer mudanças inimagináveis, de realizar sacrifícios que podem ou não valer a pena, de morrer por eles... mas não posso alterar o que sou essencialmente. Isto está além da minha capacidade. Entendo que na própria vida conta a compreensão de tudo o que nos estrutura, de tudo o que confere integridade até mesmo para permissões incondicionais. O que nos valida não se altera, apenas se nossa compreensão assim solicitar. Então, para uma vida que nos foi confiada, deve haver a demanda atenta às portas que se abrem. Não me refiro ao básico, ao óbvio, mas ao que p
CONSOLO Will Goya Filósofo Clínico, Poeta. Goiânia/GO O mundo está de partida. Não me peças agora para ser tão natural, que a morte nunca foi leve. É um amor sem entrega, um abraço ao vento E um difícil agradecimento a Deus. Hoje uma eternidade repousa em mim. Termine minha vida quando terminar, ela aí estará por inteira. Tudo se demorou em estar sempre completo, Como uma formatura à espera do diploma, em qualquer escola da vida. Nenhum tempo ou erro foram desperdiçados, E até meu sono cumpriu o seu destino. Eu sei que todas as pessoas me seguirão na morte... e lá jamais estarei só. Lá. Morrer é voltar pra casa, reaprender a ser eterno. Aqui somos todos imperfeitos, dádivas contidas, sementes completas. Os céus querem tanto a perfeição dos homens que os fazem nascer crianças, Para que a Terra venha brotar maturidade em suas almas. Germinarem o tempo. Só as rugas de amor rejuvenescem o espírito. Soube que uma pessoa desconhecida estava para morrer, com câncer
Viagens* “Vivemos um intervalo e, então, nosso lugar não mais nos reconhece.” Harold Bloom Existe um universo de possibilidades para seguir de um lugar para outro. Você pode ir em frente caminhando, realizar uma introspecção e mergulhar em si mesmo, se deixar levar pelo curso dos deslocamentos multifacetados, sobrevoar tendências de ser estrada sem direção. Muitas vezes se vai longe sem sair do lugar. Noutras é preciso o movimento físico para estacionar. Em alguns a arte de contemplar horizontes se desenvolve como essência do ser viajante. Trajetos de muitas paisagens, cores e sabores, evidenciam presságios de novos roteiros. Em alguns instantes se tem a nítida ideia de já ter estado ali, fazendo parte dos cheiros, sons familiares. Também é possível muita coisa passar despercebida, aprisionada na ilusão do primeiro olhar. Um sentido pessoal vai desenhando, por essas idas e vindas, os cenários por onde a vida se esboça para acolher distâncias. Um vislumbre andarilho a perco
BELEZA ARTIFICIAL Ildo Meyer Médico e Filosofo Clínico Porto Alegre/RS Era apenas mais um lançamento de moda. Estavam preparando a coleção de biquínis para o próximo verão. Durante a sessão de fotos, o diretor de criação da agencia publicitária sugeriu uma montagem onde o umbigo da top model sumisse. A idéia era fazer com que parecesse um ser alienígena com aparência exatamente igual à de uma mulher, porém sem umbigo. Abdome completamente liso. Direção de arte, redação, produção se engajaram na campanha e em poucos dias o projeto estava na mesa do cliente para aprovação. A foto de uma mulher com corpo escultural, passeando em uma praia deserta, vestindo apenas um biquíni e botas até o joelho, carregando em uma das mãos um micro aparelho que sugeria ser um computador de última geração e na outra uma coleira com um belo cão dálmata. Apenas uma frase abaixo da foto: “Mulheres evoluídas sabem o que vestir neste verão”. O cliente achou a modelo maravilhosa, a foto belíssima,
Podemos mudar de ideia Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Quem pensa muda de idéia. Quem escuta aprende e se recicla. Não somos donos da verdade. Vida é mutação. A cada encontro uma nova possibilidade. Vastos horizontes. Vir-a-ser. Liberdade de escolher novos caminhos. Desapegos e experimentos. Penso no que você me disse. Duvido. Reflito. Pondero... Êta vida ! Ficar preso as máscaras me escraviza. Fechar num só pensamento limita. Há pluralidade. Há multiplicidade. Há um mundo lá fora acontecendo. Há um mundo lá fora ensinando. Basta abrir os olhos e coração, Para transformar sempre.
Apenas o essencial Pe. Flávio Sobreiro Poeta e Filósofo Clínico Cambuí/MG Uma das regras fundamentais para quem deseja organizar uma mala de viagem é levar apenas o essencial. Nem sempre conseguimos seguir esta regra. Sempre levamos alguma “coisinha a mais”. O medo do que possa faltar faz-nos exagerar no excesso. E assim partimos... Com muitas malas e excesso de peso. Ao final da viagem nos defrontamos com uma realidade visível: não usamos a metade do que levamos. Voltamos para casa com o excesso daquilo que nos pesa na alma. Nem sempre é fácil decidir o que levar. A principio tudo parece importante. Não queremos deixar nada de fora. Enquanto cabe, vamos dando um jeitinho. Muitos quando estão em viagem ficam tristes porque não encontram entre as malas um lugar para colocarem algo que adquiriram ao longo da viagem. As malas estavam tão cheias que nada mais caberia. Em nossa vida também guardamos em nossa alma sentimentos desnecessários. Acumulamos ódio, raiva, desejo de vin
Fragmentos filosóficos delirantes LXVII* Sobre a Escrita, Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio. Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras. Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas
O OUTRO Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos refletir sobre O Outro. De todos os animais, talvez o ser humano seja aquele que mais necessita do outro, a começar pelo tempo em que começa a ter decisões próprias, autonomia de ideias e financeira. Lembro-me de quando estava no caminho de Santiago e filosofava despreocupadamente quando tive um _insight_: "O eu somos nós". E aqui vale refletir, pois jamais chegaremos ao "nós" se não reconhecermos que fora de mim há o outro e que este outro também sou eu. Por isso, hoje desejo falar com você sobre este encontro com o outro. Para mim, falar do outro é falar de Emmanuel Lévinas, filósofo francês nascido numa família judaica na Lituânia. Apesar de ser exilado e aprisionado pelos nazistas, forçado a viver no cativeiro, onde escreveu e desenvolveu boa parte de sua filosofia, ele nunca se referiu aos nazis
Crescer??? Jane Difini Kopzinski Fisioterapeuta, Quiropraxista, Filosofa Clínica Porto Alegre/RS Minha criança De leve esperança Com alma branda Sutil gentileza Marota faceira Quebrando a razão Da adulta imperfeita Traquinagens inconseqüentes Suavidade e leveza Faceirice radiante No mundo amante Da vida que desperta Vivências após Autogenia perfeita De uma adulta feliz Compartilhada existência

Visitas