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Mostrando postagens de julho, 2018

Apontamentos sobre a ótica das lacunas*

"(...) o que se encontra lá onde ninguém o tinha ainda encontrado"                                        Jacques Derrida Uma incerta busca para oferecer depoimentos sobre os incríveis momentos na década de 90 me fez acreditar na possibilidade de divulgar, tal qual se apresentavam, os desdobramentos das primeiras sessões. Hoje vejo os eventos de consultório como instantes únicos, irrepetíveis e nem sempre possível de compartilhar.  Naqueles dias pensava em ter um registro das primeiras repercussões: críticas e ressentimentos, inseguranças e temores, esperanças e sonhos. Agora consigo ver melhor as desavenças inicias como aliadas na legitimação do novo paradigma. Longe de desmerecer o método da Filosofia Clínica fortaleceram a ideia de paradoxo com aquilo que se buscava superar.  A conversação com amigos e colegas ia mostrando a melhor resposta para o infortúnio das verdades satisfeitas: trabalho, trabalho, trabalho. Não tínhamos tempo para o famigerado debate ac

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) uma influência anonima, assim como o sangue dos antepassados se movimenta em nós constantemente, misturando-se ao nosso e formando com ele a coisa única e irrepetível que somos em cada curva de nossa vida" "Não sabia estar em transição ? desejava algo melhor que transformar-se ? Se algum ato seu for doentio, lembre-se de que a doença é o meio de que o organismo se serve para se libertar de um corpo estranho" "(...) Há de se reconhecer, aos poucos, que aquilo a que chamamos destino sai de dentro dos homens em vez de entrar neles" "Numa ideia criadora revivem mil noites de amor esquecidas que a enchem de altivez e altitude" "Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranquila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha nenhum verão" "Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade" "(...

Estrelas na Terra*

O tempo é o agora aqui no coração. No agora sonho e projeto cuidar… Das flores, animais, pessoas… Não cruzo os braços esperando salvação. O tempo do agora é AÇÃO! Pequenas e delicadas. No cuidar das borboletas e flores. No cuidar dos amigos e conhecidos. No cozinhar, costurar, pintar, escrever… Até no nada fazer. Na escuridão, na sombra, no inferno Tem o vislumbre das estrelas As possibilidades infinitas paraíso. Só não tenho tempo a perder Com tagarelices, fofocas, inveja Poder, vaidade e orgulho. Realmente difícil é ser simples! Na simplicidade das sementes Podemos plantar um jardim de girassóis Plantar estrelas na Terra. *Dra Rosângela Rossi rosangelarossi.com/blog Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Autora da obra “ Ser Terapeuta ” da editora Vozes – integrante da coleção: Filosofia Clínica.

Tratado geral das grandezas do ínfimo*

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogio *Manoel de Barros

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Pois cada povo em busca de si mesmo se pergunta onde se encontra o degrau intermediário entre sua casa e o mundo" "A ideia de Nietzsche me vem ao espírito: é no instante de sua gênese que a essência de um fenômeno se revela" "É preciso realmente uma grande maturidade para compreender que a opinião que nós defendemos não passa de nossa hipótese preferida, necessariamente imperfeita, provavelmente transitória, que apenas os muito obtusos podem transformar numa certeza ou numa verdade"  "(...) o ouvinte não se dá conta, já que essa complexidade tem um ar natural e simples (...) as inovações formais dos grandes mestres têm sempre alguma coisa de discreto; assim é a verdadeira perfeição; é apenas nos pequenos mestres que a novidade quer se fazer notar" "Compreender o outro significa compreender a idade que ele está atravessando" "(...) os retratos de Bacon são a interrogação dos limites do 'eu'. Até que

Menos um minuto*

Depois do texto concluído, lembrei-me desse poema de Fernando Pessoa e achei oportuno expô-lo como abertura ao escrito. Espero que apreciem! Para ser grande, sê inteiro: Nata teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, Porque alta vive. (Ricardo Reis) Já parou para pensar que a vida parece longa demais quando se é jovem e muito curta quando se está com idade avançada? Na verdade, estamos para morrer assim que passamos a viver. Estamos sempre sujeitos a um fim. E qual é a garantia de que viveremos mais um ou dois segundos à frente? Sinto dizer que não há garantias. O que resta do que passou? Lembranças. Somente os resquícios de vivências passadas acrescidas de marcas ainda presentes em nós que, em alguns momentos, nos lembram do que vivemos. Embora essa lembrança já nos remeta a uma interpretação revivida do passado que não temos mais presente. A impressão muito presente na juventu

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Trata-se de um novo Fausto, no qual o espectador é chamado a intervir, a optar entre versões diferentes das mesmas cenas, que por sua vez comportam desenvolvimentos com possibilidades diversas de desfecho (...)" "A ciência da natureza não é senão ciência das relações. Todos os progressos de nossos espírito consistem no descobrimento de relações. Ora, além do fato de que a imaginação é a mais fecunda e maravilhosa descobridora de relações e das harmonias mais ocultas (...)" "A língua da análise científica, esqueletizada pelo uso de abstrações, é rica de termos que definem e determinam as coisas em todos os sentidos, porém é pobre de palavras, criadoras de imagens. O artista da palavra deve reconduzir a língua para o sensível, o particular, o concreto, fazer dela outra vez, tal como era em seus inícios, uma criação original (...)" "(...) O artista que aspire a pensar originalmente e a dizer coisas próprias de seu tempo deve preparar a

O Texto e o Criador do Texto*

O mundo consta da sua matéria total. Pois, não é possível existir outra terra diferente desta, porque qualquer outra, onde que se achasse tenderia para o centro desta.                                                                                 Tomás de Aquino   O movimento permanece ininterrupto, só as mãos, absoluta do Nada, o poder de manipular as coisas, um comando do cérebro e a língua brota da tela, um comando dos nervos, a tela se move em imagens. A imagem úmida não diz nada além daquilo que o desejo de molhar o mundo com coisas menos imundas é nascedouro do texto.     O texto tem seu movimento, o mover não é único, como se existisse um apenas, um primeiro movimento, um Deus em sua unidade da ordem e que todas as coisas pertençam a um só mundo. Aquilo que eu chamo, às escuras, roubarei a máxima de Tomás de Aquino para sobreviver ao texto que não chega ao fim.     O fim é sempre um começo, mas ao contrário do filósofo, a ordem não   é legitimada pelo texto fu

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Os sonhos que viveram numa alma continuam a viver em suas obras" "Tudo deve flutuar no ser humano para que ele próprio flutue sobre as águas" "Quer queira quer não, o romancista revela o fundo de seu ser, ainda que se cubra literalmente de personagens. Em vão ele se servirá 'de uma realidade' como de uma tela. E ele que projeta essa realidade, é ele sobretudo que a encadeia" "(...) Em nossos sono são as lendas que sonham (...)" "(...) Suas águas preencheram uma função psicológica essencial: absorver as sombras, oferecer um tumulo cotidiano a tudo o que, diariamente, morre em nós"  "(...) a água é a matéria em que a Natureza, em reflexos comoventes, prepara os castelos do sonho" "Um instante de sonho contém uma alma inteira" "Ora, em poesia dinâmica, as coisas não são o que são, são o que se tornam. Tornam-se, nas imagens, o que se tornam em nossos devaneio, em nossas int

Uma arte de compor raridades*

Um novo lugar surge da interseção entre duas ou mais estruturas de pensamento, vínculo de convivência animado pela diversidade dos encontros. Essa nuance discursiva passa longe de um molde universal, incabível ao método da Filosofia Clínica.   A partir de uma sensação estranha, protagonista em uma história inédita, algo mais pode acontecer. Num esboço existencial compartilhado se apresenta alguém em vias de tornar-se. Ao olhar fenomenológico do Filósofo, acolhendo e descrevendo essas narrativas do Partilhante, se faz possível acessar esses desdobramentos de natureza singular. Eventos onde aparece e se elabora aquilo até então sem espaço para se contar. Na perspectiva de um e outro, esse instante aprendiz qualifica o olhar sobre o mundo que o constitui e por ele é constituído. Ao acrescentar linguagens, desvendar rotas, emancipar territórios, revela uma arqueologia expressiva sob os escombros do antigo vocabulário. O conceito de singularidade, ao ser inclusão, se faz paradox

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Quanto mais poético um poeta, mais livre, ou seja, mais aberto e preparado para acolher o inesperado é o seu dizer (...)" "Os imortais são acenos dos mensageiros da divindade. É, na regência encoberta da divindade, que Deus aparece, em sua vigência essencial, que o retira de qualquer comparação com o que é e está sendo" "A ciência sempre se depara e se encontra, apenas, com o que seu modo de representação, previamente, lhe permite e lhe deixa, como objeto possível" "Todo pensamento essencial atravessa incólume o cortejo dos prós ou dos contras" "Com a metafísica de Nietzsche, a filosofia acaba. Isso quer dizer: ela já percorreu todo o âmbito das possibilidades que lhe foram presignadas. O acabamento da metafísica, que constitui o fundamento do modo planetário de pensar, fornece a armação para uma ordem da terra, provavelmente bastante duradoura. Esta ordem já não mais precisa da filosofia porque de há muito a ela já suc

Dentro e fora de mim*

Dentro sou imensidão Fora pequenez e solidão Dentro tenho sonhos e fantasias Fora representações e poesias Dentro pulso carinhos e amor Fora recolho em medo defensor Dentro sou criança risonha Fora adulto picuinha Dentro sou múltiplo e intenso Fora visto máscara pelo avesso Se o de dentro viesse para fora Seria borboleta indo embora Se o de dentro viesse para fora Ah! Seria passarinho na hora!!!! *Rosangela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Um songo*

Aquele homem falava com as árvores e com as águas ao jeito que namorasse. Todos os dias ele arrumava as tardes para os lírios dormirem. Usava um velho regador para molhar todas as manhãs os rios e as árvores da beira. Dizia que era abençoado pelas rãs e pelos pássaros. A gente acreditava por alto. Assistira certa vez um caracol vegetar-se na pedra. mas não levou susto. Porque estudara antes sobre os fósseis lingüísticos e nesses estudos encontrou muitas vezes caracóis vegetados em pedras. Era muito encontrável isso naquele tempo. Ate pedra criava rabo! A natureza era inocente. *Manoel de Barros

O verso e a poesia*

O poente invade a alma agigantada do pássaro morto. A criança corre em seu socorro com o reflexo pesado do sonho litorâneo. Nem toda nuvem é um lar de lúdicas formas quando o coração da natureza brada os desencantos do humano. Na aridez de seu acimenetado peso a areia absorve o desespero dos dias e esse estio que vaga no horizonte estático revolta o céu sem mais revoada... Que feixe de luz aquece a cena de matizes quando o peito espera um futuro desfeito? Deixe a ave remanescer o verso que a translucidez da vida se encarrega em sobrepor poesia... *Jullie Vague Pesquisadora e roteirista. Musicista. Poetisa. Filósofa Clínica. Curitiba/PR

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Na grande sequência que vai de Hermas a Goethe, passando por Dante, ao longo de quase dois mil anos, encontramos sempre a experiência amorosa pessoal, não somente acrescentada, como também subordinada a uma grande experiência visionária" "(...) o gênio criativo nunca é um, mas vários e por isso fala, no silêncio da alma, à multidão, cujo sentido e destino ele encarna tanto quanto o próprio artista" "(...) A anomalia mental também pode ser uma espécie de sanidade mental, inconcebível para a inteligência mediana, ou um poder espiritual superior" "Todo ser criador é uma dualidade ou uma síntese de qualidades paradoxais" "O homem normal consegue suportar a tendência geral sem se prejudicar; mas o homem que caminha por atalhos e desvios, que não pode, como o homem normal, andar pelas amplas estradas principais, será o primeiro a descobrir o que se encontra afastado da grande estrada à espera de poder participar da vida (...)

Padrões autogênicos*

Há um provérbio, derivado de uma passagem bíblica, mas que hoje é um grande dito popular: “Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Poderíamos abordar a origem e o significado dessa frase nos remetendo à fonte e ao sentido filológico. Entretanto, podemos nos valer dela para compreender um importante postulado da filosofia clínica. Vejamos! Por um lado, encontramos aqueles que baseados na frase acreditam que basta caminhar com determinadas companhias, que acabaremos nos igualamos ao grupo. Por outro lado, há quem pense que nosso modo de ser atrai tudo o que tem semelhança com o que somos. Aristóteles, filósofo grego, profundo observador, ao formular sua física afirmava que as coisas tendiam para aquilo que lhes era própria. Assim, por exemplo, não conhecendo a moderna “lei da gravidade” dizia que as pedras tendiam para o chão, por nele se encontrar o elemento que lhe era semelhante. Dizer que o Estagirita está errado, seria muita pretensão nossa. Pois, seja por uma “lei”

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O paradoxo é a marca essencial desses momentos cruciais, nos quais o que está em estado nascente tem muita dificuldade para se afirmar diante dos valores estabelecidos" "(...) o viajante apresenta um risco moral inegável, e isso por ser portador de novidades (...)" "(...) o nomadismo não se determina unicamente pela necessidade econômica, ou a simples funcionalidade. O que o move é coisa totalmente diferente: o desejo de evasão. É uma espécie de 'pulsão migratória' incitando a mudar de lugar, de hábito, de parceiros, e isso para realizar a diversidade de facetas de sua personalidade" "A nostalgia do outro lugar engendra a errância que, por sua vez favorece um ato fundador. A anomia e a efervescência são fundações sólidas de qualquer nova estruturação" "Philippe Pons traça um sugestivo quadro de todos esses saltimbancos: monges, mendigos, músicos, sacerdotisas praticantes do xamanismo, dançarinas e artistas de to

Envelhecer*

“Quando eu fico, como hoje, mexendo nesses velhos cartões-postais, percebo que de repente tudo se misturou, se confundiu.” Danilo Kiš A extensão dos meus propósitos por linhas que escrevo a vida, meu nome. É por acrescentar que faço o viver sem deixar de ler o todo do meu nome, escrevo meu tempo. É como se eu tivesse saído do minimalismo da juventude, e nesse tempo ter aprendido a usar todo o meu corpo em nome por extenso para filosofar sobre o umbigo. O meu nome não esquece a vida, alia o Nada ao Tudo, deixa para trás a dor e reinventa as cores. Compõe a música imaginária em todas as letras para escrever no muro o nome do nome. Meu nome não teme o fim, rompe a linha da vida, avança para além do pequeno lugar rumo ao desconhecido. Meu nome é um viajante que precisa soletrar para compreender sua língua amolada em nomes marcados no fio metal do tempo.   *Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes Filósofo. Editor. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos Delirantes*

"O artista livre cria sem receber encomenda. Parece que o que o caracteriza é a completa independência de seu trabalho criativo, o que, por isso, lhe confere, mesmo socialmente, as feições características de um excêntrico, cujas formas de vida não podem ser mensuradas de acordo com as massas que obedecem aos costumes públicos"  "Na verdade, o estar-fora-de-si é a possibilidade positiva de se tomar parte inteiramente em alguma coisa. Um tal tomar-parte tem o caráter de um auto-esquecimento" "O verdadeiro problema da compreensão aparece quando, no esforço de compreender um conteúdo, coloca-se a pergunta reflexiva de como o outro chegou à sua opinião. Pois é evidente que um questionamento como este anuncia uma forma de alteridade bem diferente, e significa, em último caso, a renúncia a um sentido comum" "(...) pode-se compreender tudo sobre o que se tem interesse, somente se reconhecermos 'historicamente' o espírito do autor, sit

A arte de escrever*

Quem tem a palavra como companheira, seja por profissão (jornalistas, advogados, escritores...), seja por hobby (contistas, cronistas e poetas nas horas vagas...), sabe o quanto um parto pode ser difícil e sem qualquer segurança de uma bela cria. Quantas vezes ficamos horas, sem sucesso, em cima de um papel em branco, tamborilando com a ponta da caneta, à espera daqueles versos sublimes, sinceros, que transformam em palavras e ritmos nossos melhores (e piores) sentimentos? Ou então em frente ao computador, vendo o cursor piscando, como prova cabal de nossa incompetência naquele momento para expressar ideias e opiniões? O contrário também acontece. Quando menos esperamos, caminhando na rua, bem no meio de uma prova de matemática, ou então quando estamos dirigindo (e sem papel e caneta), parece que o texto nasce pronto, precisando apenas de alguns pequenos ajustes. O mais interessante (e todos que trabalham com a expressão escrita costumam dizer isso) é que o texto não vem

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Toda a coisa que vemos, devemos vê-la sempre pela primeira vez, porque realmente é a primeira vez que a vemos. E então cada flor amarela é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama a mesma de ontem. A gente não é já o mesmo nem a flor a mesma. O próprio amarelo não pode ser já o mesmo. É pena a gente não ter exatamente os olhos para saber isso, porque então éramos todos felizes" "Dividiu Aristóteles a poesia em lírica, épica e dramática. Como todas as classificações bem pensadas, é esta útil e clara; como todas as classificações, é falsa. Os gêneros não se separam com tanta facilidade íntima, e, se analisarmos bem aquilo de que se compõem, verificaremos que da poesia lírica à dramática há uma gradação contínua" "(...) compreendendo a essencial inexplicabilidade da alma humana, cercar estes estudos e estas buscas de uma leve aura poética de desentendimento. Este terceiro ponto tem talvez qualquer coisa de diplomático, mas até com a verda

A palavra conjectura*

Um pouco antes das novas conjugações existenciais, existe um período onde se rascunham estimativas, elencam suposições, roteirizam probabilidades. Nesse espaço de ensaio, insegurança, dúvida, desenvolve-se uma poética da insuficiência, por onde as incompletudes perseguem ânimos de experimentação. Assim permite a aproximação com um lugar estranho, de onde nascem categorias, verdades, suspeitas. Sua essência, de querer ser, aponta uma região inexplorada para si mesma. Talvez seu maior desafio, seja superar a incompreensão da pluralidade diante do olhar, os agendamentos, as repercussões no mundo dos outros.    Esse procedimento reivindica uma disposição do sujeito para extrapolar seus limites existenciais. Aqui os sobrevoos podem ser insuficientes. É necessário um mergulho atento, circunstanciado, pelas possibilidades do ser singular. A frequência devaneio, ao surpreender-se por algum ideal de natureza intuitiva, dependendo da estrutura de pensamento onde atua, pode emanci

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