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Mostrando postagens de junho, 2019

Ensaio dos Possíveis*

            “Cada indivíduo é o centro do universo, e é apenas porque o universo está repleto de tais centros que ele é precioso.”                                                                       Elias Canetti Um belo dia, manhã, uma manhã cinza no dia de um homem, ele acorda. Os pensamentos são formados nas madrugadas, nos dias, no silêncio do sono. A sua formação não é uma enciclopédia, um compêndio, um quadro estático na parede sem cores nem relógios. O formato que se tem é que a vida é uma sucessão de acontecimentos. Teorias ao longo dos séculos. Esse homem atravessou parte do ocaso do século XX, vivendo intensamente as mudanças sofridas e impostas no Ocidente. O Ocidente impôs. O pensamento no mundo ocidental, uma parte viva do mundo, que está na Complexidade de Morin, já não serve mais como uma simples descrição de fenômenos, mas o é, também. Nesse belo dia, o homem percebe que é o mesmo dessas alterações, que é parte de uma mesma coisa, de tudo no mundo. N

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A resenha literária está para a ficção e a poesia assim como velejar perto da praia está para navegar em alto-mar. Em mar aberto, temos toda aquela magnífica amplidão vazia a nossa volta, os ventos frios e radiantes, e a emoção de um vislumbre ocasional do dorso de um golfinho ou dos saltos sincronizados de peixes prateados; navegando junto à costa, sempre é possível virar de bordo e singrar ainda mais perto da terra firme com a inclusão de outra citação em corpo nove" "(...) A cada momento, um velho mundo está ruindo e um novo surgindo, mas nossos olhos são mais aguçados para o colapso do que para a ascensão, pois o mundo antigo é o mundo que conhecemos" "(...) Todavia, o que é realidade ? Não sentimos materialidade em nós mesmos, e a própria matéria é efêmera" "(...) Melville é um homem racional que quer que Deus exista. Quer que Ele exista pelos mesmos motivos que todos nós queremos: para nos resgatar e nos valorizar, para ser no

Carinho*

Outro dia estava sentada na praça central de uma cidade do interior, deliciando-me com um dos meus exercícios preferidos: observar. O meu olhar se interessa por pessoas, animais, plantas, detalhes das casas e tudo mais que possa compor o cenário. Como há alguns dias estava frequentando esta praça, e apaixonada por bichinhos que sou, acabei fazendo amizade com um cachorrinho viralata todo preto, lindo, que passa seus dias desfilando seu charme por aí e ansioso por carinho e bom trato. Pois este cachorrinho, que é um doce de amável, caiu na antipatia de um menino, que insistia em lhe dar chineladas. Observei a cena e comecei a me irritar. Disposta a defender o cão, me ergui e fui até o local onde agora estavam o cachorrinho, o menino, e mais duas meninas que defendiam o animal. Perguntei ao menino porque batia no cão e a resposta foi de este o havia mordido, ou tentado, afirmativa diante da qual as meninas prontamente se manifestaram: ‘é mentira’. Sinceramente, não acredi

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Como realidade, só existe uma: o instante. Duração, hábito e progresso são apenas agrupamentos de instantes, são os mais simples dos fenômenos do tempo" "(..) Mas, por firmes que sejamos, jamais nos conservamos inteiros, porque nunca fomos conscientes de todo o nosso ser" "Os partidários do tempo descontínuo são antes impressionados pela novidade dos instantes fecundos que conferem ao hábito sua flexibilidade e sua eficácia" "(...) ela leva em conta não apenas os fatos, mas também, e sobretudo, as ilusões - o que, psicologicamente falando, é de uma importância decisiva, porque a vida do espírito é ilusão antes de ser pensamento"  "(...) Mas a função do filósofo não será a de deformar o sentido das palavras o suficiente para extrair o abstrato do concreto, para permitir ao pensamento evadir-se das coisas ?" "Requer-se o novo para que o pensamento intervenha, requer-se o novo para que a consciência se afirme

A poesia e seus rastros*

Se toda poesia voltasse ao seu nascedouro buscasse a tonteira, a vertigem no fim retornando ao começo arrancando a pele dourada arranhando a chaga, mordendo mostrando a cor além da cegueira ouvindo o som na surdez voluntária; se a poesia, toda poesia de onde veio verdadeira retornasse seria sem espera, sem guarda, sem nada – a poesia indo pra casa. Sobre o seu rastro, eu. No fim, então – na fonte de toda poesia. *Prof. Dr. Gustavo Bertoche Filósofo. Filósofo Clínico. Escritor. Livre Pensador. Poeta. Teresópolis/RJ

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A loucura é a revolução permanente na vida de uma pessoa" "No discurso louco e poético, é precisamente o indizível e o inefável que deve ser expresso" "É claro que a loucura é sempre imediatamente política, embora isso ainda não seja evidente para todos" "(...) A diferença entre o homem são e o homem louco que se torna um esquizofrênico hospitalizado reside simplesmente em que o primeiro conserva suficientes estratégias para evitar, e apenas evitar, as armadilhas da invalidação no mundo normal" "(...) Ora, no caso do esquizofrênico-em-processo ele pode rir, sorrir ou chorar com o absurdo do tipo de comunicação estreito, empobrecido, incompreensivo que é o único possível entre ele e os pais e os médicos (clinicamente, isto seria considerado incoerência de afeto). (...) pareceria imperativo que o psiquiatra se destreinasse, desnormalizasse a sua consciência médica o suficiente para participar neste discurso - o que implic

Quem é o filósofo clínico?*

O próprio método da Filosofia Clínica não nos permite elencar um perfil específico de filósofo clínico. Por isso, precisamos trabalhar sempre com aproximações que quanto mais forem abertas ao elencar possíveis perfis sem, contudo, esgotá-los, melhor. O filósofo clínico é alguém formado em filosofia que percebeu que poderia se especializar em uma vertente terapêutica de sua área para cuidar do próximo.  A percepção pode ter vindo de uma motivação epistemológica, quando há um interesse pelo conhecimento das inquietações das pessoas e suas respectivas soluções possíveis. P ode vir também das buscas intelectivas e/ou somáticas do filósofo. Talvez perceba em si uma missão de ajudar o próximo e a realização disso na Filosofia Clínica. Outro caminho possível é o da emoção, quando aspira o trabalho terapêutico pelo amor à profissão ou às pessoas.  Não podemos deixar de lado aquele filósofo que vê o mundo como um local onde pessoas se ajudam mutuamente e sua parte é a clínica filosó

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não há nada tão enganador, e por isso mesmo tão atraente, quanto uma superfície calma" "(...) em trabalhos ficcionais, uma imaginação demasiado fértil se liberta do autor, e literalmente voando o conduz a regiões de beleza inexprimível que suas faculdades mal podem apreender, que ofusca seus sentidos e desafia toda descrição; suas composições serão sem dúvida alguma belas, mas de uma beleza obscura e fantástica de autor visionário" "(...) na história das palavras há muitos traços da história dos homens, e ao compararmos o modo de falar de hoje com o de anos atrás, poderemos observar a força de influências externas sobre as palavras de uma raça" "(...) o estudo da língua desses autores também é útil, não apenas porque aumenta a nossa erudição e nos dá maior riqueza de ideias, mas também porque eleva o nosso vocabulário e, paulatinamente, torna-nos mais aptos para compartilhar da delicadeza ou da força do seu estilo" "As

Pensar sem Mitos*

“Quando dois filósofos não concordam em relação ao ser, eles não concordam em nada.”                                                   Étienne Gilson Havia muito tempo que eu só pensava, passei alguns anos, dias em pensamentos, totalmente absorto. Era uma disputa entre o que eu estava a pensar e o que externamente me cercava. Acordo sob a égide do panegírico dos homens engravatados que discursavam, mostravam uma tecnologia do século XX, depois disso pensei: realmente, o mundo é feito apenas de convicções. Voltei aos pensamentos. No outro dia o líder maior das minorias e maiorias desanda a desvendar a realidade vazia e a perplexidade em que as pessoas se encontram. Mais uma vez sem convicções, me tornei mais cético do que já sou. Não a ponto de cometer uma asneira existencial e me agarrar a uma promessa prometeica. Tenho respeito ao mito, mas àqueles que foram forjados, e ninguém com mais de cinco anos leva a sério esses mitos. Errado. Todos se agarram a mitos.  Ao

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A palavra poética jamais é completamente deste mundo: sempre nos leva mais além, a outras terras, a outros céus, a outras verdades" "(...) o poema é linguagem - e linguagem antes de ser submetida à mutilação da prosa ou da conversação -, mas é também mais alguma coisa. E esse algo mais é inexplicável pela linguagem, embora só possa ser alcançado poe ela. Nascido da palavra, o poema desemboca em algo que a transpassa" "O poema nos faz recordar o que esquecemos: o que somos realmente" "(...) o sentido não só é o fundamento da linguagem como também de toda apreensão da realidade. Nossa experiência da pluralidade e da ambiguidade do real parece que se redime no sentido"   "Toda revolução é a consagração de um sacrilégio, que se converte em um novo princípio sagrado" "Condenado a viver no subsolo da história, a solidão define o poeta moderno. Embora nenhum decreto o obrigue a deixar sua terra, é um desterrado&q

Texto e contexto*

                                                          Ao se pensar sobre a essência de uma escritura, logo surgem especulações sobre suas fontes de inspiração. Quais os subsídios utilizados pela autoria para transgredir ideias na forma escrita. Num esboço assim, a cada página é possível entrever um novo viés de novidade. Tendo como ponto de partida uma vivência singular, algo mais se diz em vocabulário próprio.     Um texto narrativo indica suas origens através das palavras escolhidas para se contar. O discurso existencial se descreve ao preencher suas lacunas. Ao conhecer a luz do dia, essas ideias e sensações podem se emancipar de um jeito inédito.   É possível se reinventar na convivência com uma obra. Sua retórica, ao integrar texto e contexto apresenta rotas, até então desmerecidas a singularidade. As idas e vindas intelectivas do leitor ao personagem e do personagem ao leitor, agregam saber, sabor e cor. Ao concluir-se uma redação ou uma leitura, pela contínua m

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Linguagem viva, como acentuam os linguistas, é aquela na qual você ainda pode cometer erros. Linguagem perfeita é a que está morta. Nem se modifica, nem hesita. Por sorte, estas eram regras muito frágeis, foram esquecidas imediatamente. Nenhum manual de gramática cinematográfica - estética, prática ou comercial - sobrevive a um período superior a dez anos. Tudo se desmonta constantemente e volta a se reagrupar" "(...) por ter muito para ver, nossos olhos, com frequência, não conseguem ver mais coisa alguma" "Mas uma linguagem em permanente autodescoberta, uma linguagem que está sempre criando formas e se enriquecendo, obviamente não pode apenas reciclar velhos ingredientes. Logo degeneraria em palavras ocas. É preciso inovar, ousar - e, de vez em quando, fracassar - para narrar e expor" "De fato, todo o filme parece dizer que não há diferença, que a vida imaginária é tão real quanto a outra, e que a vida que tomamos por real pode a q

As manchas verdes na janela*

A saudade só persiste como dor enquanto continua apegada num passado que ainda não passou. E isso se dá somente quando o autoconhecimento ainda não é suficiente para transbordar-se em poesia que irriga e faz tudo que fora vivido florescer em gratidão para deixar a paz reinar. Pois, é das memórias que nos causam prazer e alegrias que obtemos mesmo sem querer a inspiração necessária para prosseguir liberto de tudo que já não faz mais sentido agarra-se agora. E quanto as memórias que nos provocam dor e lágrimas, nos resta galgar a capacidade salvadora de extrair as lições mais prioritárias e transformadoras ao ponto de transcender. É por isso que quando alçamos voo a determinado patamar de sabedoria ou de poesia numa intencional redundância de sentir e significar, qualquer saudade se converte em gratidão e paz. Portanto, cada vez mais só me resta agradecer pela poesia que a feliz contaminação que as manchas verdes oriundas literalmente das janelas da sua alma me causaram u

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) uma influência anônima, assim como o sangue dos antepassados se movimenta em nós constantemente, misturando-se ao nosso e formando com ele a coisa única e irrepetível que somos em cada curva de nossa vida" "Não sabia estar em transição ? Desejava algo melhor do que transformar-se ? Se algum ato seu for doentio, lembre-se de que a doença é o meio de que o organismo se serve para se libertar de um corpo estranho" "Se lhe puder dizer alguma coisa mais, é isto: não pense que aquele que o procura consolar leva uma vida descansada no meio das palavras simples e discretas que às vezes fazem bem ao senhor. A vida dele comporta muito sacrifício e muita tristeza e fica-lhes muito atrás. Mas se assim não fosse, ele nunca podia ter encontrado aquelas palavras" "Estamos colocados no meio da vida como no elemento que mais nos convém. Também, em consequência de uma adaptação milenar, tornamo-nos tão parecidos com ela que, graças a um feliz mi

O tempo que resta*

"O tempo que resta" é um dos últimos filmes a que assisti. É francês e mostra os meses finais de vida de um jovem fotógrafo que descobre sofrer de um tipo de câncer já em processo de metástase. O filme é sensível, triste e tem aquele tempo e tom especialíssimos que só os europeus sabem imprimir nas produções cinematográficas. Em alguma medida, "O tempo que resta" lembra outro filme: "O poder além da vida". Este fala também de um jovem que precisa encarar a morte ou a vida depois de sofrer um acidente de trânsito enquanto se prepara para participar das olimpíadas. Com os movimentos limitados, se vê obrigado a deixar para trás a vida de noitadas, mulheres e bebidas, contando com o auxílio e inspiração de um senhor que o jovem apelida de "Sócrates". A diferença das duas obras é que, no primeiro caso, o personagem principal desiste de viver e, no segundo, a tragédia serve como divisor de águas na trajetória do jovem, convidando-o a adotar

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A loucura, conforme sugeri há algum tempo, é fabricada, num certo sentido, por alienistas. Em outras palavras, a Psiquiatria produz a esquizofrenia ou, mais precisamente, os psiquiatras criam esquizofrênicos" "(...) na medida em que é concedido aos psiquiatras o privilégio, em sociedades livres, de tratar pessoas adultas contra a vontade delas - um privilégio de que outros médicos e profissionais não gozam -, a psiquiatria torna-se assimilada a jurisprudência e ao direito carcerário; em suma, torna-se uma disciplina para controlar os desviantes, não para curar doenças" "Toda a história da psiquiatria se baseia aparentemente na premissa - inexplícita, mas por isso mesmo ainda mais importante - de que os psiquiatras têm o direito a 'diagnosticar' qualquer pessoa, em qualquer parte, viva ou morta, quer ela goste ou não" "(...) a esquizofrenia é um símbolo sagrado da psiquiatria, da mesma forma que, digamos, o Cristo crucificado

As palavras*

Ainda sou das antigas. Gosto das palavras. Símbolos e sinais Que nos relacionam, Que trazem imagens, Tocam corpo e alma, Fazem pensar e refletir, Questionar e duvidar. Verbos em ação, Subjetivos a me expressar, Adjetivos conferindo atributos, Toda gramática da vida Expressa em letrinhas. Magia criada pela inteligência, Tributo dos humanos. Que me fazem entender O que não vejo. Só desprezo a tagarelice, Que prende a alma, Cria ilusões, Acende vaidades, Traz dor e sofrimento. Cansei dos excessos, Das palavras inúteis, Do blá, blá, blá Repetitivo. Admiro a profundidade A criatividade Os livros densos Os poemas intensos Os cânones Talvez pelos cabelos brancos Ou pelo correr do tempo Em seu valor Amo as palavras Em rima ou verso Tudo tão diverso. Pode me faltar tudo, Menos os livros, Eternos amigos. Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Livre Pensadora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A rua continua, matando substantivos, transformando a significação dos termos, impondo aos dicionários as palavras que inventa, criando o calão que é o patrimônio clássico dos léxicos futuros" "Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes - a arte de flanar" "(...) Eu fui um pouco esse tipo complexo, e, talvez, por isso, cada rua é para mim um ser vivo e imóvel" "Balzac dizia que as ruas de Paris nos dão impressões humanas. São assim as ruas de todas as cidades, com vida e destinos iguais aos do homem" "(...) são ruas da proximidade do mar, ruas viajadas, com a visão de outros horizontes" "Se as ruas são entes vivos, as ruas pensam, têm

Dançar e Punir*

“E assim, à medida que o sol se punha, uma visão foi se impondo aos meus olhos.”                                        Antonin Artaud Nas redes sociais as pessoas que gostam de legitimar a cultura do óbvio, da constatação, da quantidade, essas, emburreceram de vez. Jogam suas frustrações na falta de tempo para compreender a vida, naquilo que ela possa nos apresentar de novo, de desconhecido. A vida é o tempo de todas as coisas, o mais simples é o extremo, destruidor ou construtivo: arrasar ou adorar. É mais fácil primeiro adorar, depois, em outro sentido, destruir o pensamento contrário; sem se dar conta, pode-se estar cavando o próprio erro: o fim é o limite para o pensamento duro. O que vem a ser o pensamento duro, bruto? É o pensar dentro da construção cultural dual, em que existem os polos do bem e do mal. Essa religiosidade racional é parte da vida, é claro, não serei eu a refutar todas as manifestações pelo simples fato de pensar diferente. Eis a reflexão d

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Cada indivíduo é o centro do universo, e é apenas porque o universo está repleto de tais centros que ele é precioso. Este é o sentido da palavra 'homem': cada indivíduo é um centro ao lado de incontáveis outros que são tão centros do universo quanto ele próprio" "(...) os nomes das poucas pessoas que nos possibilitaram respirar, e sem as quais jamais teríamos suportado todos os outros dias (...)" "Um ser humano possui muitas facetas, milhares delas, e só por algum tempo pode viver como se não as possuísse" "(...) comecei a compreender que cada indivíduo tem uma configuração linguística própria, que o distingue de todos os demais. Compreendi que embora os homens falem uns com os outros, não se entendem; que suas palavras são golpes que ricocheteiam nas palavras dos outros; que não existe ilusão maior do que a opinião de que a língua é um meio de comunicação entre seres humanos" "Possuímos uma acentuada tendência

A palavra inesperada*

        Uma suspeita de imensidão aprecia os deslizes da palavra refugiada na palavra. Ponto de fuga em subterfúgios de especulação, ao exibir renúncias de ser previsível, amplia o mundo das possibilidades.      A admissão compreensiva desses desvãos se oferece no acolhimento de um talvez. Uma de suas características é o descompromisso em sustentar verdades a qualquer preço. Seu estado de espírito sobressaltado qualifica deslocamentos pela arquitetura subjetiva de um mundo fatiado. Aqui o vislumbre repentino das pequenas coisas permite o acesso as zonas de exclusão.     Por esses episódios a perder de vista, um teor extemporâneo pode desconstruir as fronteiras conhecidas. Seu saber ameaça os fundamentos conhecidos daquilo que se tinha definitivo. Nesse viés de aparência deslocada anuncia novos horizontes, esparrama indícios de originalidade para se fazer ciência.   O discurso imprevisível onde ela se esboça, procura inseri-la num contexto de notícia compartilhável. Mesm

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