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Mostrando postagens de outubro, 2019

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"(...) Estranho entendemos como o que sai e se retira do familiar, isto é, daquilo que nos é caseiro, íntimo habitual, não ameaçado. O estranho não nos deixa estar em casa. Nisso reside o vigor que se impõe e subjuga (...) O homem é o que há de mais estranho, não só porque conduz o seu ser no meio do estranho, assim entendido, mas por afastar-se e sair dos limites, que constituem, em primeiro lugar e às mais das vezes, a sua paisagem caseira e habitual, por transpor como o que instaura vigor, as raias do familiar e se aventurar justamente na direção do estranho no sentido do vigor que se impõe" "(...) Os criadores são banidos da vida do povo e se vêem apenas tolerados, como curiosidades marginais. Como ornamentos de adorno e extravagâncias, alheias à vida (...) mesmo se uma época ainda procurar manter o nível herdado e a dignidade de sua existência, o nível já baixou. Um nível só se mantém num processo contínuo de superação criadora" "O mundo do es

Saber não é poder*

A contemporaneidade se caracteriza pelo volumoso número de métodos de crescimento pessoal. Tanto os métodos psicológicos como o cognitivo-comportamental (TCC), quanto a programação neurolinguística (PNL) ou até livros de autoajuda (AJ), nos “empurram” meios de superar dificuldades, hábitos ou qualquer outro tipo de “problema” em nossas vidas. Mas, quais os limites dessas abordagens? A Filosofia Clínica (FC), uma abordagem terapêutica, traz consigo diversos ganhos. O primeiro deles está no fato de reconhecer que não é a principal, única ou última das possibilidades de viabilização do bem estar de uma pessoa (seja lá o que podemos entender por “bem-estar”). Assim, a FC nos ensina que a religião, os livros, os amigos, as abordagens psicológicas e psicanalíticas, as escolas e tantos outros meios, podem contribuir para determinados fins almejados por uma pessoa. Diante das possibilidades elencadas acima, é importante ressaltar que a diversidade se dá pela singularidade daquele q

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) em suma de ser humano, na medida em que a vida de cada um é no fundo divina, mas muito poucas pessoas o sabem" "(...) Sempre gostei das ilhas. Gostei de Elba, gostei de Egina, gostei de Capri - que é muito menos turística do que se diz quando se vive em um canto perdido. Toda ilha é um pequeno mundo em si, um pequeno universo em miniatura (...) o mar areja. Temos o sentimento de estar numa fronteira entre o universo e o mundo humano" "(...) é o pintor que tem dons, que inclusive já fez alguma coisa de bastante bom, mas que adota uma técnica de ateliê, que se põe a pintar segundo as regras e que cai no mais tedioso academicismo" "Cada vez mais me dei conta de que a maneira mais profunda de se penetrar em um ser é ainda escutando sua voz, compreendendo o canto exatamente da forma como é feito" "Nós dirigimos a realidade, a canalizamos através de palavras, cujo uso nos parece indispensável, pois elas são aplicadas à

Literatura e discurso existencial*

                               A leitura de um livro é sempre singular, muitas vezes até, desmerecendo a intenção do autor. Nas derivações e intervenções do leitor, um novo texto se reflete, multiplica, refaz. As nuances da escrita convida a um olhar de soslaio para com esses segredos do texto literário.       Ao mergulhar nas narrativas da obra, você se depara com um espelho de múltiplas faces. Nele consegue entender, em determinado momento, alguma de suas mensagens, noutro deixa escapar algo mais, refugiado na vertigem do instante. Algo semelhante aos retratos amarelados em busca de eternizar momentos de vida, diferencia-se, no entanto, ao permitir a interação com seus registros multifacetados.      Sua realidade fugaz se desdobra em páginas nem sempre legíveis ao primeiro olhar. Pode-se ter de revisitar esses textos recheados de incógnitas, numa busca para decifrar as fontes dessas ideias, bem assim sua transgressão com o uso.   Um livro presenteado pode ser remédio

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"(...) é preciso saber abrir caminho no espesso matagal das opiniões autorizadas que proliferaram a respeito da coisa humana, e que ocupam o alto das cátedras institucionais" "Defasagem que está na lógica das instituições humanas, que tendem, por lentidão sociológica, a querer sobreviver à efervescência cultural que lhes deu origem" "(...) Já não se trata de ser um adulto sério e tensionado para a perfeição de um 'estado' estável, mas, pelo contrário, uma eterna criança, sempre em devir e ávida pelo que se apresenta" "(...) talvez não passem de uranianos recalcados que, tendo perdido o sentido do prazer, vivem exclusivamente do ressentimento que projetam sobre tudo que os cerca. Não seria esta a origem de todo moralismo ?" "Devo frisar que, desde sempre, o ato de pensamento esteve voltado para os que se fazem perguntas, e não para os que já têm as respostas"  "O sentido para a pessoa é fornecido pel

Uma tal senhora Beauvoir*

“É porque não aceito as fugas e as mentiras que me acusam de pessimista...”                              Simone de Beauvoir O que permanece escrito e não compreendido não é mais um hieróglifo, não participa mais do histórico lastro da linguística que identificava os significados através da escrita. Hoje, podemos dizer que o não pressuposto ato de ver e não identificar é mais um sintoma viral do século XXI. O que chamo de burrice proposital, ou então, do silêncio hipócrita das direitas e dos empedernidos esquerdistas que acompanha o som dos imbecis. É uma mistura nonsense que anda solta nas páginas dos obsoletos jornais, das redes sociais, que percorre os planaltos, praias, palcos até moldar o conformismo da opinião pública. Ontem lendo um velho livro, velho, porque foi escrito por uma senhora que marcou demais a cultura ocidental com suas ideias inovadoras, libertadora e provocante em certo momento histórico. Para que agora seja relida, consigo perceber, a muitos é pa

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"(...) Como se visse alguém beber água e descobrisse que tinha sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações" "(...) Aos poucos, do silêncio, seu ser começava a viver mais, um instrumento abandonado que de si mesmo começasse a fazer som (...)" "(...) para nascer as coisas precisam ter vida" "(...) a praça de pedra se perdeu entre os gritos com que os carroceiros imitavam os animais para falar com eles" " (...) a vida que se leva por dentro não é a vida terrena" "(...) alguma coisa que se estava construindo e que só o futuro veria" "(...) eu sinto que não me mexo na vida dentro de um vazio absoluto exatamente porque também sou Deus" "Já lera biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida, pelo menos de vida interior" "Quanto

Facebook, desista!!!*

Estou fora de qualquer linha de algoritmo!!! Nada do que aparece no feed me representa, sequer minimamente!!!! A "inteligência" inventada pela lógica de rede, não foi capaz de me subjetivar! O algoritmo fica tonto comigo, rs... Faz surgir no feed coisinhas mimosas, depois trevosas, depois sobre a palhaçada maniqueísta do binarismo politiqueiro, depois dos gênios malditos, coisas zen, do astral, terapias, mpbosta... Rsrsrsr... E não passa absolutamente nada de que eu real ou minimamente aprecie! Rs... Quase nada que compartilho está ali pronto flutuando no F azul, no pseudo mestre Google dos preguiçosos, ou na bandalheira YouTubeana!!! Eu encontro imagens, matérias, e afins, em sites que respeito, uso das minhas próprias, monto as publicações unindo esses elementos da maneira que bem entendo e voilá... Meu scrapbook, meu álbum de família do séc XXI, meu site pessoal x profissional ambíguo, meio blasé e nonsense, empinhado de meus diferentes ofícios e sua ba

Fragmentos, Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"No fim das contas ninguém pode captar nas coisas, incluídos os livros, mais do que ele mesmo já sabe. Para aquilo que a gente não alcança através da vivência, a gente também não em ouvidos" "Não é a dúvida, é a certeza que enlouquece... Mas para isso a gente tem de ser profundo, tem de ser abismo, tem de ser filósofo para sentir assim" "(...) não acreditar em nenhum pensamento que não tenha nascido ao ar livre e em live movimentação" "A gente retribui mal a um professor, quando permanece sendo sempre apenas seu aluno" "Quem sabe respirar o ar das minhas obras, sabe que ele é um ar das alturas, um ar vigoroso. A gente tem de ter sido feito para ele, caso contrário não é nem um pouco insignificante o perigo de se resfriar no contato com ele" "A filosofia, assim como a entendi e vivenciei até agora, é a vida espontânea no gelo e nas montanhas mais altas - a procura de tudo que é estranho e duvidoso na existên

Para quê ler tantos livros e participar de vários cursos se não for para mudar de ideia?*

Se ouvir algo parcial ou completamente divergente só o leva a reforçar suas próprias convicções a fim de combater o diferente, não perca seu tempo. Invista na manutenção da pequena bolha de seu saber. Mas, se quiser deixar seu confortável porto seguro e avançar para o alto mar, prepare-se. É uma aventura que dificilmente o levará a querer retornar a seu antigo refúgio. Caso volte, verá um local inóspito, pois você não será mais o mesmo. Isso vale para a filosofia, mas também para o âmbito da fé. Aliás, é paradoxal que um amigo (filo) da sabedoria (sofia) queira agir como um sábio e um religioso se coloque como portador do conhecimento do próprio mistério. Tomás de Aquino mandou queimar sua obra filosófico-teológica porque a viu como palha diante da experiência que havia tido. Curiosamente, hoje, alguns a tomam como a “bíblia” inerrante e oracular da filosofia e da teologia. Platão se valeu de recursos poéticos para falar sobre o Bem. E o que dizer de Heidegger que,

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"Em seu ser atual, as palavras, acumulando sonhos, fazem-se realidades" "(...) As belas palavras são já espécies de remédios" "Que benefícios nos proporcionam os novos livros! Gostaria que cada dia me caíssem do céu, a cântaros, os livros que exprimem a juventude das imagens. Esse desejo é natural. Esse prodígio, fácil. Pois lá em cima, no céu, não será o paraíso uma imensa biblioteca ?"   "O devaneio nos põe em estado de alma nascente (...) o devaneio nos dá o mundo de uma alma, que uma imagem poética testemunha uma alma que descobre o seu mundo, o mundo onde ela gostaria de viver (...)" "Uma leitura sempre no clímax das imagens, imbuída do desejo de ultrapassar os clímax, dará ao leitor exercícios bem definidos de fenomenologia. O leitor conhecerá a imaginação em sua essência, porque a viverá em seu excesso, no absoluto de uma imagem inacreditável, signo de um ser extraordinário" "(...) Como está próximos

Gaston Bachelard, a Ética e a Poesia*

Em 16 de outubro de 1962, Gaston Bachelard nos deixava. Bachelard nasceu em 1884 numa família de pequenos comerciantes no interior de Bar-sur-Aube, em Champagne. Passou a infância nos campos. Foi funcionário dos Correios. Esteve nas tricheiras por 38 meses durante a guerra, instalando e reparando cabos telegráficos, e recebeu a Croix de Guerre. Tornou-se pai em 1919 e viúvo em 1920. Entre 1919 e 1930, foi professor de física e química no liceu de sua cidade. Obteve seu doutorado em filosofia aos 42 anos, em 1927, quando também publicou seu primeiro livro e ingressou como professor na faculdade de letras de Bar-sur-Aube. Lecionou em sua cidade natal até 1940, ano em que se tornou professor na Sorbonne. Bachelard foi professor de uma geração notável de intelectuais - como Canguilhem, Foucault, Derrida, Althusser, Bourdieu. A despeito de ter vivido a guerra e de ter lecionado na Sorbonne sob o regime de Vichy, a sua filosofia não possui um caráter político ou ético - não,

Fragmentos Filosóficos, Literários, Criativos*

"Depois do trabalho, Kafka saía para caminhar pelas ruas da velha Praga (...) Era só mais um solitário entre tantos. Em meio à multidão, gozava o prazer do anonimato e da indiferença, que lhe davam a sensação, valiosa, de desaparecer. Quem levaria a sério aquele homem reservado e esquisito, que parecia sempre em fuga ? (...)"   "Toda literatura é estrangeira, mesmo para aquele que escreve. Não se pode dizer de onde ela vem, e nem mesmo o que ela pretende de quem escreve (...)" " Língua pessoal, intransferível, que só o próprio escritor pode decifrar - e a literatura é essa decifração, ou a esperança de decifração" "A literatura não tem chaves (se oferece chaves, não é literatura), nem traz soluções (se oferece soluções, é antiliteratura). Apresenta, apenas,  hipóteses provisórias, fantasias que nos ajudam a experimentar o mundo, a suportá-lo, e a dele tirar algum sentido e alguns momentos de prazer"  "Em um mundo obstruí

Fiz cinquenta anos, e agora?*

A medicina diz que começamos a envelhecer a partir dos 30 anos de idade. Comigo não foi bem assim. Comecei a envelhecer quando meu filho nasceu. Por coincidência tinha justamente trinta anos. Achava que como pai tinha responsabilidade financeira e gastava todos meus dias trabalhando para sustentar a família. Chegava em casa tarde da noite, acabado de tanto cansaço, mal conseguindo aproveitar o calor de um lar. Voltei a ficar jovem quando nasceu meu neto. Brincamos juntos todas as manhãs na pracinha do bairro e me renovo todo dia.    Comecei a envelhecer quando me preocupei em esconder os primeiros fios de cabelo branco. Rejuvenesci quando deixei os grisalhos crescerem natural e desalinhadamente por cima das orelhas. Sentia-me um velho trabalhando sem prazer, amargurado, reclamando e só pensando no dia da minha aposentadoria. Depois de aposentado, virei criança. Esta conversa de envelhecer depois dos trinta começava a cair por terra. Pensava que depois de ficar viúvo, a vida

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"(...) uma concepção da matéria primitiva e da força original (...) um pequeno invólucro cultural para uma ideia primitiva, a qual também já impressionara os pré-socráticos, sem que Paracelso necessariamente a tivesse herdado deles. Estas imagens primitivas pertencem, na verdade, à humanidade em geral e podem reaparecer em qualquer cabeça de modo 'autóctone', independentes do tempo e do espaço. Para seu renascimento, necessitam apenas de circunstâncias propícias. O momento mais oportuno para isso é sempre quando uma visão do mundo desmorona e arrasta consigo todas aquelas formas e estruturas que outrora valiam como resposta definitiva (...)"  "Mesmo limitando-nos somente a descrever o 'médico' Paracelso, encontramos esse 'médico' em planos tão diversos e em tão múltiplas formas, que toda tentativa de descrevê-lo resultará em colcha de retalhos" "(...) Tudo nele tem grandes proporções ou, dito de outro modo, tudo nele é exage

Amplidão Mínima*

[...] seu crescimento é doloroso como o de um menino e triste como o começo da primavera.”                                                    Rainer Maria Rilke Eu não minto, não meto, Descubro linhas, acerto, perco o tempo, Encontro os pontos, absurdo na meta, Desconto a vida em linha reta. Sinuosidade da morte: Acho o lúdico, súbito, mordo língua, Nado a esmo, lá no fim águas, Olhos vivos nas algas da solidão, Enfio mãos, naufrago em Mar de Espanha. [1] Afundo sonhos, renovo ideias, conto histórias, Faço o cerco, prolongo a narrativa, escapo da morte, Invento mundos, amplio a visão, mato tempo em vão, Encontro espaços entre o Nada e o tempo de viver. Histórias forjadas, atos do pensamento, nada perdido, Livros lidos nunca escritos, sonho noutros lugares, Vivo distante do meu lugar, destino no acaso faz-me errante. Nunca saio do meu canto antes de olhar a fadiga das paredes. O ser não envelhece no tempo, é mais velho que a morte dos pensamen

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"Um mapa é uma síntese da realidade, um espelho que nos guia na confusão da vida. É preciso saber ler entre as linhas para encontrar o caminho. (...) Se a pessoa estuda o mapa do lugar onde mora, primeiro tem de encontrar o lugar em que está ao olhar o mapa" "(...) Naquele momento compreendi o que já sabia: o que podemos imaginar sempre existe, em outra escala, em outro tempo, nítido e distante, como num sonho" "O 'Aleph', o objeto mágico do míope, o ponto de luz em que todo o universo se desorganiza e se reorganiza conforme a posição do corpo, é um exemplo dessa dinâmica do ver e do decifrar. Os signos na página, quase invisíveis, se abrem para universos múltiplos. Em Borges, a leitura é uma arte da distância e da escala" "(...) o romance - com Joyce e Cervantes em primeiro lugar - procura seus temas na realidade, mas encontra nos sonhos um modo de ler. Essa leitura noturna define um tipo particular de leitor, o visionário, o

Limitação e possibilidade*

“Com as grandes obras, os sentimentos profundos significam sempre mais do que têm consciência de dizer.”                                                                  (Albert Camus) Não se trata de inconsciente. O assunto aqui é o reconhecimento da limitação humana. Camus postula que o mundo é um absurdo. Este se dá com a incompatibilidade da razão em querer compreender a ordem e o todo do mundo, com o mundo e sua impossibilidade de ser completamente abarcado pela razão. Um filósofo clínico compartilha da limitação com que o filósofo do absurdo postula. Mas, essa concordância é referente à pessoa humana. Dado que esta não pode ser totalmente abarcada pela razão. O partilhante é um mundo a ser desvelado. Não mais em sua totalidade, mas no que for possível para auxiliá-lo em sua existência. Há ausência de verdade absoluta, talvez uma das afirmativas mais polêmicas da Filosofia Clínica. Há representação singular do mundo, mesmo que à primeira vista tente-se buscar

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"Pronunciar uma palavra é, por assim dizer, tocar uma tecla no piano da representação" "(...) e de uma maneira mais ou menos semelhante, que, um nome designa uma coisa, e que se dá um nome a uma coisa. Será sempre útil, quando filosofamos, dizermos a nós mesmos: dar nome a algo é semelhante a afixar uma etiqueta em uma coisa" "Podemos ver nossa linguagem como uma velha cidade: uma rede de ruelas e praças, casas velhas e novas, e casas com remendos de épocas diferentes; e isto tudo circundado por uma grande quantidade de novos bairros, com ruas retas e regulares e com casas uniformes"  "(...) representar uma linguagem equivale a representar uma forma de vida" "(...) E essa variedade não é algo fixo, dado de uma vez por todas; mas, podemos dizer, novos tipos de linguagem, novos jogos de linguagem surgem, outros envelhecem e são esquecidos" "A expressão 'jogos de linguagem' deve salientar aqui que fala

A palavra profecia*

                          Nas palavras do oráculo se vislumbra um rascunho de conjecturas: ‘encontrarás o paraíso ao descobrir a tua singularidade’. Essa afirmação contém mais do que se possa nomear. Ao ser despercebido pela ótica dos consensos e protocolos, seu teor se oferece num tempo subjetivo. Aqui se trata de aproximações com o inenarrável de qualquer coisa. Um desses eventos em busca de emancipar a percepção comum ao visar incomum. Ao antecipar algo ainda sem nome, um pouco antes das percepções consentidas, sua menção se encontra num presente a perseguir horizontes desconhecidos. Tendo acesso ao vocabulário das quimeras, propriedade de cada um, é possível compreender e dialogar com a vertigem desses instantes. A palavra profecia revela uma interseção muito íntima entre dizer e acontecer. Sua transcrição atualiza o passado num futuro de possibilidades. Esse lugar onde os presságios acontecem, reflete um olhar aproximativo com as terras distantes

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