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Mostrando postagens de outubro, 2021

A fundamentação, a contribuição e os equívocos*

A filosofia clínica é um método terapêutico. A inquietação que levou Lúcio Packter a sistematizá-la ocorreu diante de sua necessidade de auxiliar pessoas em suas dores, conflitos e demais demandas existenciais. O construto metodológico da clínica filosófica foi elaborado na medida em que auxiliava Packter a compreender as pessoas as quais atendia e a encontrar as melhores maneiras de ajudá-las. Desde então, não foi a teoria baseada em profundas reflexões sobre quem é o ser humano que fundamentava a prática; foi a prática – em diálogo contínuo com as teorias da tradição filosófica – que deu subsídios para a construção da abordagem posteriormente denominada filosofia clínica. Diante disso, há três aspectos a serem levados em conta quando se trata de pensar o âmbito teórico da filosofia clínica. O primeiro deles diz respeito a compreender os fundamentos dessa sistematização. Em seguida, consideramos os acréscimos posteriores com a finalidade de aprofundar o método. Por fim, cabe refleti

Resenha do livro de Miguel Angelo Caruzo, “Introdução à Filosofia Clínica”. Editora Vozes. 2021. Petrópolis/RJ.*

           As duzentas e duas páginas do livro Introdução à Filosofia Clínica do Professor Miguel Angelo Caruzo, publicado recentemente pela Editora Vozes de Petrópolis, RJ, desencadearam um processo de leituras que culminou em três momentos diversos de escrita, que justificam o título dado a cada seção desta “resenha”.           Primeira leitura : De trás pra frente, salteada e incompleta           Sem ordem linear, a leitura começou do posfácio, veio para a conclusão, depois considerações iniciais, apresentação.   Folheando as páginas, sem compromisso, chamaram a atenção os títulos: Planejando a clínica , Analise o caminho da realização , Lidando com ruínas . O primeiro destaque a ser feito: títulos sugestivos, originais e atraentes ao leitor, já conhecedor, ou não, do método terapêutico da filosofia clínica, tema central da obra. Foi, então, que veio o primeiro momento de escrita. Julgando ser a resenha, escrevi, numa espécie de brain storm :            Inicio esta resenha pe

Qual a abrangência terapêutica da Filosofia Clínica?*

  Essa pergunta vem atrelada, às vezes, a outra pergunta. Qual é a fundamentação filosófica da Filosofia Clínica? Vamos começar com outra pergunta? É possível que um pensador ou uma linha de pensamento (teoria) consiga abranger toda manifestação plural do fenômeno humano? Considerando o fenômeno humano e suas manifestações tão plurais, múltiplas ou diversas, como considerar que uma linha teórica ou um autor, por mais abrangente que seja sua visão, possa dar conta do fenômeno humano em sua totalidade? A não ser que não consideremos o fenômeno humano plural e diverso! Mas, se o considerarmos, por mais abrangente que seja uma perspectiva sobre o fenômeno humano, advinda de um autor ou de uma linha teórica, ela é limitada. Não só pela busca de referências que ele possa buscar, mas pela sua própria perspectiva selecionadora do que buscar e do que deixar de fora. A Filosofia Clínica não fundamenta seu método em um autor ou em uma linha teórica filosófica. Fundamenta, sim, no estudo da

O que é a Filosofia Clínica?***

A Filosofia Clínica, em uma nova abordagem terapêutica, é a filosofia acadêmica adaptada à prática clínica, à terapia. Não trabalha com critérios médicos, com remédios ou com tipologias na construção de uma proposta terapêutica cujo objeto é buscar o bem-estar do ser humano.  O instrumental da Filosofia Clínica divide-se em três partes: os Exames Categoriais, a Estrutura de Pensamento e os Submodos. Nos Exames Categoriais, primeiro momento da clínica, através da historicidade, o filósofo clínico situa existencialmente a pessoa colhendo todas as informações de sua vida, desde as suas recordações mais remotas, até as informações de suas vivências mais atuais. O material colhido, na história da pessoa atendida - que em Filosofia Clínica é chamada de partilhante, justamente pela condição de ser alguém com quem o filósofo compartilha momentos da existência -, é a base para o desenvolvimento do processo terapêutico. A partir desses dados, num segundo momento, são verificados os tópicos

Anotações e Reflexões de um Filósofo Clínico*

Cada pensamento que emanamos é como uma semente plantada no solo da nossa própria alma. E cada uma dessas sementes plantadas ora com consciência e tantas outras vezes de forma acidental ou descuidada, só pode crescer e prosperar nas nossas vidas caso tomemos a decisão de cultivá-las obrigatoriamente adotando todos os cuidados necessários até o momento de colher o seu fruto.    E, com o tempo, na medida em que vamos existindo a cada dia persiste a oportunidade de aprendermos um pouco mais sobre nós mesmos, sobre as nossas atitudes, sobre as nossas sensações, sobre os nossos sentimentos, sobre o que devemos superar e sobre o que devemos manter e cuidar para que floresça cada vez mais... Toda alma é um jardim florido e com um ecossistema riquíssimo de memórias, de emoções e de intencionalidades, sobretudo. E é quando tomamos coragem para decidir nos conhecer melhor a cada dia, é que passamos a prosperar em autoconhecimento e com isso, despertamos consciência cada vez mais até ter cond

A dança dos olhos*

  “Não pedes nada menos que o impossível.”                                         Paul Valéry   Filamentos dançantes, o tempo movente dessas imagens não significa que, por não ter nenhum valor artístico, não pode ser igualmente original. Nasceram alguns dias atrás, bem mais próximo do que se possa imaginar. Está dentro; do ângulo mais distante da projeção das imagens, o gel baila, desloca-se feito uma bailarina que passa a mover meus pensamentos, uma projeção de estranhamento. Toma conta da alma, dos sentidos, é uma duplicidade dentro do corpo, do imaginário, uma não existência dentro do existir. Todas as possibilidades me lembram do filme que ficou na juventude, um esquecimento que volta a mover os sentidos. No primeiro instante vem um susto do tamanho da pandemia, o lado indefeso da mente, a solidão do pensamento e, uma única certeza, o estar vivo. Depois vem a busca de informações, procurar o especialista, os que já convivem com essa fantasmagoria, neste caso, mais parece véu

Descrituras*

  "(...) Deram-me esta bela gravata... como um presente de desaniversário! (...) o que é um presente de desaniversário ? – Um presente oferecido quando não é seu aniversário, naturalmente.”                                                                             Lewis Carroll   Uma redação se faz página cotidiana na vida de qualquer pessoa, quer ela entenda ou não. Algo que restaria esquecido, não fora a ousadia semiótica a tentar decifrar essa trama de códigos imperfeitos. Por esse esboço a lógica descritura se incompleta para prosseguir inconclusa, aberta, viva. Nem sempre se escolhe escrever, muitas vezes são as palavras a escolher você para dizer suas coisas. Conteúdos de rascunho, ilação, percepção extemporânea de ideias, reflexão. Aproximações com a zona interdita das margens de cada um. O tempo aprecia conceder eficácia de tradução aos traços persistentes. O sujeito prisioneiro dessa armadilha conceitual experimenta liberdades nem sempre possíveis de mencionar na

Bom dia! Hoje tem Filosofia Clínica e Literatura! Bem vindos!

 

Somos instantes**

Aconteceu num instante, foi sem querer, não havia planejamento ou expectativa alguma. Ele a convidou para passarem juntos a noite em sua casa e ela aceitou. Só por hoje, respondeu timidamente. Nem havia clareado o dia, ela saiu para o trabalho, mal tiveram tempo de se despedir. Foi tão maravilhosa a companhia que ele a convidou novamente no sábado. Só por hoje foi como confirmou sua vinda. Muitas outras vindas aconteceram, mas a senha era sempre a mesma: só por hoje (SPH), jamais perguntava ou confirmava nada sobre o amanhã. Não necessitava dele para nada, mas era parceira para tudo. Era livre e assim o deixava. Numa destas noites frias do inverno gaúcho, enquanto se aqueciam em abraços, sussurrou em seu ouvido esquerdo que estava apaixonada. Com voz rouca e melosa frisou que “estava” apaixonada, não que “era” apaixonada. Especialmente naquela noite estava se sentindo muito apaixonada. Muitas outras declarações, agora mútuas, aconteceram seguidas da já bem conhecida senha “só por hoj

Cientistas provam que o DNA pode ser reprogramado por nossas próprias palavras******

O DNA HUMANO É UMA INTERNET BIOLÓGICA e pode ser reprogramado. A pesquisa científica russa explica os fenômenos sobrenaturais humanos, como clarividência, intuição, atos espontâneos e remotos de cura, autocura, técnicas de afirmação, luz / auras incomuns ao redor das pessoas (principalmente mestres espirituais), influência da mente nos padrões climáticos e muito mais. Além disso, há evidências de um novo tipo de medicamento no qual o DNA pode ser influenciado e reprogramado por palavras e frequências SEM cortar e substituir genes únicos. Apenas 10% do nosso DNA está sendo usado para construir proteínas. É esse subconjunto de DNA que interessa aos pesquisadores ocidentais e está sendo examinado e categorizado. Os outros 90% são considerados “DNA lixo”. Os pesquisadores russos, no entanto, convencidos de que a natureza não era burra, juntaram-se a lingüistas e geneticistas em uma aventura para explorar esses 90% de “DNA lixo”. Seus resultados, descobertas e conclusões são simplesmente re

Sobre “O Belo Perigo”*

Um dia, por acasos lindos da vida, aparece em minhas mãos um livro interessantíssimo, eu estava no Guion Cinemas na Cidade Baixa e isso é importante que seja dito, já que ali tem algumas das coisas mais interessantes que acontecem em Porto Alegre. Lugar de cultura, selecionadas demonstrações de cinema, além de livros, CDs, discos, obras de arte e café. Coisas palpáveis, com cores, cheiro e sabor.   E que livro é esse, que tem um título aparentemente controverso? “O Belo Perigo”. Esse livro trata de uma conversa entre Claude Bonnefoy, crítico literário e o filósofo Michel Foucault. Na entrevista o filósofo fala como iniciou seu processo de escrita, fala sobre a história e os desdobramentos dessa atividade e o momento em que a assume como fundamental para sua vida, passando a refletir “(...) sobre a produção e o controle da escrita – suas potencialidades, limitações e perigos”. Foucault revela que “(...) Gostaria de fazer aparecer o que está próximo demais de nosso olhar para que p

Cada biblioteca é uma praça de resistência*

As bibliotecas não são simplesmente lugares em que podemos ler livros. Cada biblioteca é uma praça de resistência. Um dos últimos lugares em que qualquer pessoa pode entrar livremente e ter acesso a bens de alto valor econômico - e ninguém espera que se gaste nem mesmo um centavo por isso. * * * Em Fahrenheit 451, Ray Bradbury descreve uma distopia em que os livros são proibidos. Lá, as telas, a televisão, o entretenimento toma todo o lugar da cultura literária. Conseqüentemente, a população se torna mansa e estúpida, e passa a odiar os livros como se fossem “armas carregadas”: "- Ah - Beatty inclinou-se, varando a rala névoa de fumaça de seu cachimbo. - Nada mais simples e fácil de explicar! Com a escola formando mais corredores, saltadores, fundistas, remendadores, agarradores, detetives, aviadores e nadadores em lugar de examinadores, críticos, conhecedores e criadores imaginativos, a palavra 'intelectual', é claro, tornou-se o palavrão que merecia ser. Sempre

Quem é este outro?*

Você está a minha frente. Com seus pensamentos e sentimentos. Eu estou ao seu lado. Com sentimentos e pensamentos. Estamos realmente juntos ou somos ilhas com um mar entre nós? Queremos relacionar, mas não sabemos como fazer uma ponte entre nós. Estamos agarrados em nossos egos ora inflado, ora vitimizados. Defendidos em nosso porto ilusoriamente seguro. Será que você me aceitará? Será que corresponderei a sua expectativa? Será que serei amado e compreendido por você? São questões que me fecham neste meu mundo e não lanço mar adentro para lhe encontrar. Será que conseguirei lhe controlar? Será que modificarei você? Será que lhe mostrarei quanto inteligente sou e minha ideias as verdadeiras? São outros pensamentos que dominam minha mente insegura e frágil. Teoricamente é lindo dizer que amo você. Será verdade isto? Sinto a dimensão do amor? Ou amar é apenas desejo de minhas faltas? Preciso ter consciência que tem muitos dentro de você e de mim. Um Olimpo inteiro com deuses e d

Vem vindo! Em breve, mais novidades na Casa!

 

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