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Mostrando postagens de março, 2022

Revista da Casa da Filosofia Clínica Outono 2022 - Ed.00

Revista Casa da Filosofia Clínica - Outono 2022 [ LEIA AQUI! ] Essa publicação se propõe ao esclarecimento sobre os rituais da formação: teoria, clínica pessoal, supervisão, formação continuada. Para quem vem chegando, BOA LEITURA. Para quem já está no caminho, BOA RELEITURA. CLIQUE PARA LER

Saber ouvir é quase conversar em silêncio*

Certa vez estava fazendo uma palestra e, com o canto do olho, percebi uma movimentação estranha na platéia do auditório. Não consegui prestar muita atenção porque estava focado na minha fala, mas deu pra ver que era restrito a um pequeno grupo de pessoas, especialmente uma criatura que não parava de se movimentar. Quase interrompi meu discurso para solicitar que a pessoa ficasse quieta, mas por sorte, ou por uma apreciação mais demorada, constatei que se tratava de um grupo de surdos que estavam acompanhando minha palestra através de um tradutor, que   utilizava   gestos e sinais para se comunicar na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Por pouco não cometi uma desfeita com aquela comunidade que ali estava por um admirável projeto de inclusão social. Nossa vida é muito barulhenta. A cidade faz barulho. As pessoas fazem barulho. Ouvimos alaridos, buzinas, motores, tambores, rádios, gritos, choros, sirenes. Ao que parece, já nos adaptamos no meio da zoeira. Só que o barulho faz c

Especulações sobre loucura alguma*

  "Não sabia estar em transição ? Desejava algo melhor do que transformar-se ? Se algum ato seu for doentio, lembre-se de que a doença é o meio de que o organismo se serve para se libertar de um corpo estranho"                                                             Rainer Maria Rilke                     Uma fenomenologia da loucura costuma apresentar-se a partir de saberes pré-históricos da alma humana. Um lugar privilegiado onde as origens primitivas vão (re) significando-se, a partir do ser em instantes de não-ser. Por essas crises anuncia-se a hora de mudar, constituindo tempos e momentos de desconstrução acelerada dos antigos endereços existenciais.   Decifrar os enigmas dessa natureza de aparência incompreensível escapa de forma inteligente às tentativas de diagnóstico da tradição. Subjetividades em processo de mostrar e esconder, revelando antíteses com contextos adversos a sua expressividade. As imagens da desestruturação costumam refletir um sujeito desconh

Enlevecer*

  Brisa Pena flutuante Sem ter que…   Leveza da alma Cabelos grisalhos Liberdade Para viver desejos   Sair da fôrma Romper a forma Aceitar o Ser   na loucura no avesso em verso na rebeldia nada no todo transverso   Riso solto Sem amarras Bem Emília de Lobato Frida de Rivera   Por que não? Ir e vir Ficar na quietude no silêncio no tempo fora do tempo   Encolher Desapegar Viver pelo simples viver   Gozar o prazer Singular Sem regras Sem normas Apenas … Enlevecer!   *Dra. Rosangela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Palestrante. Artista Plástica. Filósofa Clínica. Poetisa da Academia Juiz-forana de Letras.   Juiz de Fora/MG

O tempo da terapia*

  É possível dizer quanto tempo vai durar a terapia de alguém? Segundo a perspectiva da filosofia clínica, a resposta é clara: não! Pois vai depender de cada pessoa, uma vez que consideramos cada pessoa singularmente, isto é, única. Mas, é possível aprofundarmos um pouco nessas considerações. Em primeiro lugar, o filósofo clínico precisa de um tempo para conhecer seu partilhante – nome dado a quem procura os cuidados do filósofo clínico. Esse conhecer é um movimento compreensivo do mundo de seu partilhante (realizado pelos exames categoriais) sua constituição própria (sua estrutura de pensamento) e o modo como age interna e externamente para viabilizar quem se é (seus submodos). Antes de tudo, o filósofo clínico ouve o assunto que levou o partilhante a procurar a terapia. Não há um tempo delimitado para findar esse relato. Ele pode durar tanto cinco minutos quanto se estender por várias sessões. Esse relato, assim como tudo o que o partilhante trouxer para o consultório, é relevant

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