“Nossos sentidos se desenvolveram de maneira diferente,
e por isso precisamos usar a
imaginação
para ter uma vaga ideia do que
acontece dentro das árvores.”
Peter Wohlleben
O coração teme, sobreleva-se,
alcança a dor do pensamento. O exercício de dar vida e sentido às frases é a
metáfora movendo o fora do lugar. A linguagem que gagueja, cresce em momentos
de perplexidade, nos momentos da solidão se põe a fazer versos, à deriva.
Cria das histórias imaginárias,
teorias no caminho, no andar em direção ao lado de lá, é este homem em páginas
amarelecidas, em voz metalizada nas crostas de uma árvore secular.
O melhor de tudo é quando o sonho
é capturado logo no momento do acordar, anotações salvas, o sonho ganha uma
vida. Meandros do inconsciente, tão real, um tipo de retomada de roteiro
perdido. A adolescência está por trás da casca, no momento mais povoado do
corpo, a solidão profunda adormece, acorda no sonhar de outro ontem.
Lá parado no tempo, toda
juventude ainda suga seu vigor, passam próximo, adormecem no dorso quente
deixado pelo sol da tarde, partem, noite a entrar como um sopro frio que vai
dormir, que vai sonhar, que mais um dia morre na dor do que já amou.
Bem cedo, conta as pratas a seus
pés, bebe o sulco noturno, olha para o distante céu que jamais irá desaparecer,
deixa novamente o sol bater em suas garras e folhas, rejuvenesce. Aguarda o dia
todo passar devagar, no alto da sabedoria, sabe viver, despedidas são parte da
troca de sonhos, como se novas folhas pudessem lhe dar a imortalidade.
*Prof. Dr. Luis Antonio Gomes
Filósofo. Mestre em Filosofia.
Doutor em Comunicação. Editor. Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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