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Mostrando postagens de abril, 2010

A insanidade do possível*

Entre diversos momentos ditos “passados em branco”, o esquecimento é futuro. Cada instante traz uma sensação em si, inerente ao próprio momento. As circunstâncias são únicas na sua solidão. Imensidão de vácuos que se interconectam em alguma linguagem, ou talvez, uma des-linguagem que se fecha em seu próprio vazio esperando tradução. Momentos de larga espera permeados de esperança vagam os pensamentos ditos insanos. Cada sorriso de loucura é uma lacuna de possibilidades aguardando o momento de viabilizá-las, traduzir-se em direção ao outro. Expressividades que se abrem na sucessão dos dias, sabendo-se momentâneas, conhecendo-se fugazes no rio sempre renovado das circunstâncias. Retroceder às passagens perdidas no vazio do esquecimento é um deslocar-se decrescente pautado sempre no momento atual. Uma ponte de significados e re-significações que se atualizam à medida que caminhamos para trás. Possibilidade de revisitar-se em papéis antes vividos, atualizando-se em uma re-leitura de
Sonhos e Foucault Cássia Regina da Silva Luz Goiânia/GO Foucault se utiliza de um texto de Artemidoro "A Chave dos sonhos", para averiguação de articulações e métodos utilizados na maneira de conhecer dos gregos. "A análise dos sonhos fazia parte das técnicas de existência. Já que as imagens do sono eram consideradas, pelo menos algumas dessas imagens, como signos de realidade ou mensagens do futuro, decifrá-las tinha um grande valor: uma vida racional não podia poupar-se desta tarefa." [1] Com efeito, o ato de sonhar estava relacionado a um encadeamento político, o homem virtuoso poderia ser reconhecido na constituição própria de seu sonho, ou seja, o indivíduo que jaz conquistado o equilíbrio não havia mais de ter sonhos desequilibrados como falta ou excesso, desejo ou medo. O que queremos acentuar aqui é que o cidadão grego cultivava como hábito essencial para
Filosofia Pop?! Silvia Soares Santana Uberlândia/MG A filosofia não é pop, assim como diz a filósofa do fantástico, Viviane Mosé. Mas ela pode se tornar pop se as pessoas não tiverem um método ao iniciar as leituras e debates filosóficos. De modo bem simples método é a concepção de mundo de um determinado filósofo. Todos nascemos filósofos. Mas filosofamos espontaneamente. O pensar é inato. Pensador é todo homem. Mas pensar por si só não basta, é preciso saber pensar. O pop então seria o filosofar espontâneo, o que também não basta. O essencial é se elevar culturalmente, o que não significa aderir às filosofias prontas. Filosofar, embora seja uma atividade cotidiana, não pode ser tratada como modismo. Ora, se a elevação cultural e intelectual fosse possível através de manuais, muitos já teriam se elevado quando da publicação da obra O Mundo de Sofia. No entanto, o filosofar permanece espontâneo e
A arte de compartilhar Idalina Krause Porto Alegre Filosofia, educação, saúde, arte de compartilhar, filosofia clínica. Fiquei pensando, remoendo, idéias e sentimentos. Pensei no lema do bom terapeuta - “amor e trabalho” - e tudo o que foi construído nessa trajetória. O amor puro de Schopenhauer, onde a compaixão é o conhecimento da dor alheia que é também a dor do mundo. E o trabalho onde não haja a traição da espiritualidade alegre e contemplativa que é o próprio homem, que nos traga “a boa consciência”, como bem nos lembra Nietzsche. Uma das primeiras perguntas que faço nas minhas aulas é: “Vocês gostam de gente?” Sim, porque trabalhar com Filosofia Clínica é ficar diante da humanidade em pessoa, diante de um ser humano, um alguém com todas as suas singularidades. A segunda pergunta: Vocês acham que ser terapeuta, ser um filósofo clínico é possível para toda e qualquer pessoa? Ac
Escuta e reflexões sobre raciocínio desestruturado e amor Elise Nogueira Juiz de Fora Visto que a historicidade é fator determinante da clínica filosófica, o que se faz diante de um partilhante que apresenta o tópico raciocínio desestruturado? A primeira questão a ser respondida é: o que é estrutura? Deverá ser o que é lógico? Se olharmos pelas lentes da Lógica Formal, onde 2+2 é sempre igual a 4, podemos dizer que há uma estrutura. Mas o que acontece quando o partilhante nos diz que “laranja” + ”bola” é igual a “carro”? Do professor Hélio Strassburger, que aborda a lógica da diferença, pude extrair uma pérola filosófica trazida por um de seus partilhantes da clínica psiquiátrica, cujo tópico raciocínio é tido como desestruturado. Segue-se então: “Hélio, o mundo lá fora é pequeno demais para mim!” O que é isso senão uma demonstração clara do que é a Lógica da singularidade ou Lógica Modal? Pode
Rosangela Rossi Juiz de Fora/MG Minha alma convida a: ·Aquietar-me e me silenciar. ·Viver a fruição, na ação do agora. ·Furtar-me dos desejos em prol da vontade soberana e divina. ·Viver o hoje serenamente, momento a momento. ·Domar meus impulsos. ·Observar sem pressa no mergulhar profundo. ·Estar por inteiro na relação com outro. ·Colocar-me a caminhar diante qualquer dificuldade. ·Caminhar docemente sobre a terra, pois ela é sagrada. ·Estar consciente e amorosa mesmo frente às dores. ·Ter compaixão frente ao sofrimento do outro. ·Vaziar os julgamentos. ·Tirar as projeções que me distancia dos outros. ·Ser mansa e prudente, confiante e cheia de ternura. ·Ser grata pelo mínimo. ·Plantar e colher no tempo certo. ·Compartilhar sem competir. ·Deixar o outro ir à frente. ·Respeitar as singularidades. ·Render-me frente ao universo infinito. ·Valorizar as mínimas coisas e acontecimentos. ·Compreender as tragédias e doenças. ·Comungar o pão nosso de cada dia. ·Servir incondicionalmente, amar
Terapia que promove o conhecimento pessoal é tema de palestra em Florianópolis A epistemologia auxilia pacientes que buscam o autoconhecimento Pequenas atitudes podem dizer muito sobre a personalidade e a imagem que se pretende passar ao mundo exterior. Porém, na intenção de transmitir uma mensagem positiva aos outros, algumas pessoas esquecem o quanto é importante se autoconhecer e aprender a lidar com conflitos internos. A segunda parte da palestra Filosofia Clínica, a Educação e o Conhecimento, que será realizada no próximo dia 22 de abril na Livrarias Catarinense no Beiramar Shopping, promoverá um debate entre os participantes e o palestrante Bruno Packter sobre a importância e a eficácia das diferentes formas de se obter conhecimento. “Algumas pessoas precisam ver algo funcionando mecanicamente para a partir daí terem a vontade de conhecer; outras, dão validade apenas aos dados teóricos; e ainda existem as pessoas que em geral conhecem com a vivência emocional, desvalorizando ap
Dialéticas da escuta Ana Cristina da Conceição Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.  Fernando Pessoa  A sociedade pós-moderna pode ser caracterizada como a sociedade do silêncio. Não o silêncio como ausência de ruídos, mas àquele indicativo de lacunas existenciais. Cada pessoa calada em si mesma. Esse estado de espírito pode ter causas as mais variadas e surpreendentes. É estranho dizer algo assim para uma sociedade – brasileira – onde as distâncias entre seus integrantes, a partir do surgimento das novas tecnologias e o aperfeiçoamento dos sistemas de comunicação foram diminuídas. Por que apesar de conectados uns aos outros, a presença desse silêncio ainda oprime, sufoca e contribui para desestrut
“MATANDO A SAUDADE” Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Gosto muito de pensar e escrever sobre as múltiplas maneiras como o ser humano interage automaticamente com o cotidiano. Pelo menos uma vez por semana, alguém faz uma sugestão de assunto para que eu desenvolva. Alguns chegam na hora certa e me inspiram, outros são engavetados. Observem uma pequena amostra da diversidade. O milionário que recebe conselhos de amigos alertando para as mulheres que se aproximam em busca de dinheiro. Sua resposta categórica é que elas estão certas na escolha, pois recursos não lhe faltam e ele dá com prazer ou em troca de. Construções modernas de quartos minúsculos e paredes ultra finas, onde o vizinho do 507 escuta e consegue saber quantas vezes o morador do 607 foi ao banheiro durante a noite, qual
UM BEIJO ROUBADO (De Wong Kar Wai, com Norah Jones) Por Rose Pedrosa Filósofa Clínica Fortaleza/CE Atualmente tenho assistido as obras do diretor Wong Kar Wai pela forma agradabilíssima que consegue contar uma história sensível. Esteticamente muito atraente e impressionante, com planos pensados na medida certa e cortes que dão um charme a mais, Wong Kar-Wai mantém pelo menos essa marca que é tão recorrente em seus filmes orientais. Além disso, o filme traz uma excepcional fotografia, repleta de jogos de cor e sombras, obra de Darius Khondji. Ele foi diretor de fotografia de Delicatessen (1991). A trilha sonora de My Blueberry Nights foi assinada por Ry Cooder (Paris, Texas). O cineasta chinês Wong Kar Wai, autor de lindas películas que já conquistaram prêmios como In the Mood for Love (Amor à Flor da Pele, de 2000), com Happy Together (Felizes Juntos), além de ter causado polêmica com 2046 (2046: Os Segredos do Amor, de 2004). Em 2008 estreiou mais uma de suas obras primas My Blueberry
título - Filosofia Clínica e Existencialismo Mariana Flores Rio de Janeiro Quando Heidegger diz que ao existirmos somos obrigados a erguer uma essência, deixa implícita a idéia de que quando nos deparamos com a existência, - a minha, a tua, a do mundo, a das coisas... - somos levados, por nós mesmos, pela própria consciência, a buscar sentido para o simples fato de existirmos. Se somos lançados num mundo ainda e para sempre “estranho”, estamos naturalmente passíveis de erguermos uma estrutura de pensamento, que não é mais que um esboço daquilo que somos – ou estamos sendo... Nós simplesmente existimos, nos debruçamos sobre nós mesmos, mergulhamos, conscientes, naquilo que chamamos existência e podemos, assim, assumir caminhos, buscas e sentidos para sermos. A consciência é uma episteme. Ter consciência é saber. Sabemos que existimos porque somos, necessariamente, seres conscientes; e através desta consciência sabemos que
FILOSOFIA CLÍNICA por ROSE PEDROSA O ATENDIMENTO. Em 2001 desenvolvo minha prática clínica segundo os métodos que orientam a teoria e a prática da Filosofia Clínica. Lúcio Packter, o criador da Filosofia Clínica apresenta outras alternativas de atendimento compatível com as exigências de cada estrutura existencial, obviamente asseguradas pela conduta ética do filósofo clínico, pelos fundamentos, procedimentos adquiridos durante a formação. Infelizmente, a repórter Adriana Negreiros, naquela época, diante de um fenômeno filosófico, que traz o paradigma do complexus no conhecimento das estruturas existencias, foi tomada pela ignorãncia, pelo total desconhecimento da teoria que se apresentava de forma tão impactante, desmoronando doutrinas terapêuticas, conservadas a duras penas na vida humana. Porém, a fim de oferecer uma informação polêmica se socorreu a outros profissionais que também não conheciam a teoria e por isso era impossível apresentar uma análise, uma crítica compatível ao b
JAZZ COM NORAH JONES Foi divertido fazer 30. Mas também um pouco assustador. No fim das contas, envelhecer é muito bom. Você fica mais confiante. É algo que eu abracei. E, como disse antes, sempre fui meio que uma alma antiga. Agora que tenho 30, não quero ser adolescente de novo. Por outro lado, me sinto mais jovem do que quando tinha 20. Eu me divirto mais fácil, me sinto mais confortável, tenho mais facilidade de rir de mim mesma... ( Revista BRAVO!) Dia 30 de março a cantora Norah Jones fez aniversário. Filha do músico indiano Ravi Shankar, Norah Jones foi criada no subúrbio de Dallas, Texas, com sua mãe, Sue, sem a presença do pai. Ela nasceu em Nova York no dia 30 de março de 1979 e mudou-se para Texas aos 4 anos de idade. Seu interesse pela música foi despertado logo cedo por influência de sua mãe, dona de uma vasta coleção de discos de Billie Holiday. Norah estudou Artes Plásticas e Visuais no Booker T. Washington High School. Com apenas 5 anos de idade, Norah já soltava a voz
Quando silenciar é alienação. Rosangela Rossi Sábados pela manhã. Cafefil . Gente que tem a coragem de pensar e dizer o que vem de dentro, sem medo da crítica e das oposições epistemológicas. Como é bom filosofar e aprender a história da filosofia! Vicia e aquece nosso coração. A pergunta que não me calou esta semana: - Será que silenciar e falar no mesmo tom é sabedoria? Pensei, repensei e li vários autores sobre o silenciar. Eu mesmo publiquei no meu último trabalho: Meditações Filosóficas um texto sobre a importância do silenciar. Mas, agora, repenso nos cuidados que precisamos ter com este silenciar. Até que ponto não se passou a silenciar por medo da crítica? O silenciar não pode também conter uma repressão e medo da exposição? Quantas vezes não se silencia para disfarçar e mostrar uma sabedoria, que no fundo é falsa? Ou mesmo representar um papel de educado e fino, quando na verdade é uma máscara social para enganar os outros? Nem sempre o silenciar tem a riqueza que sa

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