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Agendamentos

Miguel Angelo Caruzo
Filósofo Clínico
Juiz de Fora – MG

Recebemos ao longo de nossa existência uma série de agendamentos. Entenda-se agendamento como influência recebida por diversos meios e que exercem algum tipo de reação em nós, moldando o que somos. Na sociedade encontramos uma série de influências que são aceitáveis coletivamente por se tratar de conteúdos geralmente expressos por autoridades como a ciência, a psicologia, os meios de comunicação, a religião, etc.

Ao nos depararmos com situações diversas do nosso cotidiano, os que tendem a querer uma explicação plausível, recorrem a essas explicações prontas. Por exemplo, uma pessoa se encontra triste e resolve ficar fechada em seu quarto por um tempo.

Na primeira tentativa de explicar o que está acontecendo com essa pessoa o que comumente pode vir é o diagnóstico de depressão. Pronto! Já sabemos o que nosso amigo, parente, ou nós mesmos temos. Como se tudo fosse tão fácil de definir desse modo.

O erro parece estar em querer aplicar leis gerais ao indivíduo. O que não poderia ser de modo algum aplicado, já que as leis gerais ou definições universais partem do indivíduo e não o contrário. E, no processo de elaboração de universalidades, as particularidades são deixadas de lado. Ou seja, para a compreensão do todo, recorre-se a generalizações. Mas, isso não se aplica quando se pretende compreender o individuo em sua complexidade.

Nos hospitais psiquiátricos os pacientes tendem a ser chamados e a se denominar pelo diagnóstico que tem. Alguns são esquizofrênicos, outros depressivos, etc.

Na sociedade, dita saudável, alguns se denominam bipolares, outros depressivos, outros aplicam teorias freudianas para fundamentar suas particularidades. Alguns afirmam sua conduta como um transtorno assim como diversas teorias apresentam.

Infelizmente, a compreensão do humano nesses casos se reduz a uma estatística. O homem é considerado uma máquina que por um manual pode ser consertado, restando apenas o reconhecimento dos sintomas para que se consulte o “dicionário” que contém as fórmulas e resoluções a serem tomadas.

Já que o processo de esclarecimento das ambigüidades e limitações dos diagnósticos coletivos não é possível ser dirigido às massas, urge que se conscientizem os profissionais que trabalham com o ser humano de que não estão diante de um conjunto de engrenagens pré-definidas.

A concepção de subjetividade deve ser proposta para que se humanizem mais os métodos de cuidado com o indivíduo. Cada caso deve ser considerado único e irrepetível, a experiência não deve ser tomada para a repetição de métodos e diagnósticos a priori, mas sim para aprimorar a prática do cuidado e da abertura ao outro que se apresenta.
Assim é para mim!

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