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Mostrando postagens de janeiro, 2012
O que faz da Filosofia Clínica, filosofia? Miguel Angelo Caruzo Filósofo Clínico Juiz de Fora/MG Em diversos lugares é possível ler a seguinte afirmação: “A Filosofia Clínica é a filosofia acadêmica aplicada à clínica” ou “Filosofia Clínica é filosofia porque é baseada em 2500 anos de filosofia” ou “A Filosofia Clínica tem seu fundamento no pensamento dos filósofos, só que adaptados à clínica”, só para citar alguns. Entretanto, essas afirmações dão ao senso comum ou a alguns filósofos, que ficam de “plantão” em busca de algo para criticar sem fundamentos, uma compreensão mal concebida. A impressão inicial parece ser que se toma a filosofia ou o pensamento dos filósofos e se aplica a clínica, e a única modificação parece ser a finalidade. Pois, os filósofos pretendiam um fim para seu pensamento e a Filosofia Clínica busca trabalhar questões existenciais de seus partilhantes. A questão a ser tratada nesse texto não é fundamentalmente voltada para os filósofos clínicos, mas par
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXIII* "Se conseguires conquistar a confiança destes palácios, estes te contarão de bom grado e bondosamente a história de sua existência na linguagem magnífica, rítmica de seus pátios internos" "Saibam, pois, que a arte é: um caminho para a liberdade. Todos nós nascemos acorrentados. Um ou outro esquece os seus grilhões, revestindo-os de prata ou de ouro. Mas nós queremos quebrá-los. Não com violência torpe e selvagem, queremos nos desvencilhar crescendo, até que eles não nos caibam mais" "A criação do artista é uma insígnia: a partir de seu íntimo ele exterioriza todas as coisas pequenas e efêmeras: seu sofrimento solitário, seus desejos vagos, seus sonhos angustiados e aquelas alegrias que perdem o viço. Aí sua alma se engrandece e torna-se festiva, e ele criou o lar digno para si mesmo" "O criador é o homem póstero, aquele para além do qual se encontra o futuro (...) O artista é a eternidade que se proj
Uma terapia aprendiz Hélio Strassburger Filósofo Clínico Em um lugar itinerante a realidade_ficção, de vocabulário desconhecido, transita numa interseção a transgredir limites. Suas andanças apreciam a retórica das incompletudes. Nessa dialética incomum os percursos de saber eremita revelam cenários de novidade. Uma instável harmonia acontece na aproximação com a estética dos anúncios. Considerações ilegíveis não fora a percepção fugidia de um talvez. Ao discurso dessas irregularidades criativas, as múltiplas versões apreciam o exílio na palavra sem nome. Sugerem colagens ao roteirista de ficção, oferecendo internações na liberdade das ruas. Essa verdade de caráter difuso também pode se encontrar na razão desmerecida. Seu viés de caricatura persegue horizontes por vir. Na perspectiva caótica das crises, a busca pelas origens, tradução e relação com esse devir meteórico, reivindica uma abordagem de terapia aprendiz, pois a verdade desconsiderada fica visível por br
Poderes * Luana Tavares Filosofa Clínica Niterói/RJ Há muitas formas de poderes: de ser, viver, transformar, canalizar, desistir, decidir, desafiar, mudar. Tão múltiplos e heterogêneos que se confundem na singular universalidade de cada um. Alguns o exercem magistralmente. Outros, apenas observam, e há aqueles que se resignam e esperam o despertar do que ainda não lhes foi revelado. Poderes fortes, que invadem, dominam e destroçam subjetividades como se fossem insetos. Os mesmos insetos dotados de um poder inimaginavelmente grande, que poderia reverter em força e intensidade e dizimar seus aparentes opressores. Não se deve subestimar o poder daqueles que se unem. Um dia eles cairão em si. Poderes sutis, que se infiltram como águas, escorrendo por entre brechas, penetrando onde quase nada nem ninguém mais alcança, onde o improvável se faz sentir, onde nem mesmo a vida se reconhece. Poderes escandalosamente belos, que se emanam como raios através de prismas, pulverizando co
O jardim secreto Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Conta-se que num reino distante havia um rei que todas as manhãs caminhava pelos jardins do castelo onde morava. Nenhum súdito ousava interromper a caminhada matinal do rei. Certa manhã, enquanto caminhava pelo jardim, uma criança, filho de um camponês passou despercebido pelos guardas e ficou olhando ao longe o rei que caminhava tranquilamente. Curioso, o menino aproximou-se do rei e perguntou: “O que o senhor pensa ao caminhar por entre este jardim?” Assustado com a criança que havia invadido o seu jardim, o rei chamou os guardas e mandou retirar aquele pequeno intruso imediatamente de sua presença. Ao longe, o rei pode ouvir o menino que dizia: “Não precisa me responder! Eu já sei o que o senhor pensa! O senhor não é capaz de dividir a beleza que seus olhos contemplam e por isso caminha sozinho pela vida”. Muitos caminham pela vida sozinhos. Fazem de seus dias uma solidão sem fim. Acostumaram-se com a
Sobre como andar de elevador Will Goya Filósofo Clínico Goiânia/GO Silêncio de elevador, ao lado de estranhos. Por dentro não sei o quê, Todos os pensamentos substituídos pela contagem dos andares, Alívio que me impede ter que olhar outros olhos e dizer alguma coisa. Dizer o quê? Um relógio de números, sem ponteiros, sem palavras, E o tempo sem envelhecer. Tudo paralisado, menos o elevador. Nos elevadores a vida tem segundos. Mas o que são vinte segundos de vida, a pensar? Sei olhar as horas, mas não sei o que é o tempo. Os que têm relógio controlam o tempo? Se vivesse minha existência num elevador... Eu teria a vida de um filósofo. Tudo é mais fácil quando há espelhos sem testemunhas. Vaidades de camarim. Vontade de não mexer os braços... E se por acaso eu me encostasse em alguém? O que eu teria que pensar? O que sentir numa hora dessas? – Meu Deus!! São muito engraçados o congelamento e o constrangimento existenciais das pessoas durante uma “viagem” d
A depressão de Gilma Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Uma sugestão às farmácias: vender depressivos, angustiantes, hesitantes. Prestei atendimentos, certa ocasião, a uma mulher que durante anos padeceu de um marido distante e de um trabalho no qual se sentia humilhada. Procurou terapia, exercícios respiratórios e passou a praticar uma curiosa meditação na qual inspirava e expirava proferindo obscenidades. Isso a auxiliou a manter a infelicidade em dia. Foi quando uma “depressão”, conforme ela chamava o que houve, lhe deu a oportunidade de romper com o marido e com o trabalho simultaneamente. A depressão foi o melhor evento em sua vida por muitos anos. No consultório, Gilma dizia que indicava expressamente a depressão como um modo maravilhoso de lidar com muitas questões. Em princípio, a depressão poderia auxiliar a colocar fim a relacionamentos desastrosos, poderia precipitar desempregos que mais tarde seriam insuportáveis, poderia ser um freio a uma sociedade qu
Somos outros a cada doze anos Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciuma/SC Como é sábia a natureza. Na verdade, é perfeita, é natural! E como, no geral, somos irracionais em relação a mudanças? Poderíamos aprender também isso com ela. Mesmo tendo consciência que a mudança é necessária, a maioria das pessoas resiste e luta para manter seu status quo, sua rotina, e quando não consegue, fica irritada, aborrecida e muitas vezes adoece. Algumas pessoas sabem que a novidade reduz o tédio, mas no íntimo preferem o passado. Estão acostumadas, custam a deixar a zona de conforto e vivem num eterno tédio. Mudar, teórica ou superficialmente, muitos falam. Mas a mudança que transforma hábitos e rotinas é profundamente perturbadora. Afinal de contas, uma coisa é mudar, outra é transformar; aquela provavelmente fica somente na mente, e esta passa por toda a estrutura do ser, inclusive pelo coração e transforma-se em ação. O ser humano
Podemos mudar de ideia Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filosofa Clínica, Escritora Juiz de Fora/MG Quem pensa muda de idéia. Quem escuta aprende e se recicla. Não somos donos da verdade. Vida é mutação. A cada encontro uma nova possibilidade. Vastos horizontes. Vir-a-ser. Liberdade de escolher novos caminhos. Desapegos e experimentos. Penso no que você me disse. Duvido. Reflito. Pondero... Êta vida ! Ficar preso as máscaras me escraviza. Fechar num só pensamento limita. Há pluralidade. Há multiplicidade. Há um mundo lá fora acontecendo. Há um mundo lá fora ensinando. Basta abrir os olhos e coração, Para transformar sempre.
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXII* "Acho que alguns versos (...) não ocorrem senão em momentos muito raros, quando a musa é generosa" "Quando penso em amigos meus tão caros como Dom Quixote, o sr. Pickwick, o sr. Sherlock Holmes, o dr. Watson (...) (não estou certo se tenho muito mais amigos), sinto que as pessoas que escreveram suas histórias estavam 'contando história', mas que as aventuras elaboradas eram espelhos, adjetivos ou atributos daquelas pessoas" "Há versos é claro, que são belos e sem sentido. Porém ainda assim têm um sentido - não para a razão, mas para a imaginação" "O crítico austríaco Hanslick escreveu que a música é o idioma que podemos usar, que podemos entender, mas que somos incapazes de traduzir" "Os homens buscaram parentesco com os derrotados troianos, e não com os vitoriosos gregos. Isso talvez porque haja uma dignidade na derrota que dificilmente faz parte da vitória" "O filósof
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXI* "A leitura da obra desenvolve-se, pois, numa oscilação contínua, pela qual se vai da obra a descoberta dos códigos de origem que ela sugere" "(...) nos grandes autores as soluções retóricas, mesmo correspondendo aos critérios estabelecidos por uma retórica como técnica gerativa, afiguram-se novas e inusitadas: a tal ponto que é preciso um esforço para identificá-las no seio de um discurso de aspecto livre e inovador" "A compreensão da mensagem estética também se baseia numa dialética entre aceitação e repúdio dos códigos e léxicos do remetente - de um lado - e introdução e repulsa e códigos e léxicos pessoais, de outro" "A obscuridade das criações artísticas que se apresentam pela primeira vez a um público ainda não adestrado" "De repente um autor, para descrever-nos algo que talvez já vimos e conhecemos de longa data, emprega as palavras de modo diferente, e nossa primeira reação se traduz
DNA da santidade Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG São Francisco de Assis, Santo Afonso Maria de Ligório, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Rita de Cássia... Santos canonizados. Reconhecidos oficialmente através da Igreja pelas virtudes que iluminaram seus caminhos rumo ao coração de Deus. O caminho da santidade é construído no cotidiano da nossa vida. Os santos e santas nos ensinam está verdade: santo é quem faz da sua vida um altar do amor. Eles só atingiram a santidade porque viveram a vida com todas as consequências da caminhada: erros e acertos; alegrias e tristezas; luzes e trevas. O que é ser santo? Ser santo não é ser perfeito! Se fossemos perfeitos não era preciso buscar a santidade, pois já seríamos santos de fato. Os grandes santos nos ensinam que viver reconciliados com nossa humanidade é fundamental para quem se propõe a buscar a santidade. São Francisco de Assis reconciliou seu lado humano com o
A carta de amor não escrita* Bom dia Sr. Ildo, Desde que assisti a sua palestra em Salvador, passei a ler seu site. Gosto do seu jeito de encarar a vida e também do seu jeito de escrever. Estou com um problema e gostaria de pedir sua ajuda. Minha noiva foi fazer uma pós graduação em São Paulo e vai ficar por lá seis meses. Gostaria de escrever uma carta apaixonada, mostrando todo meu amor e saudade, mas não sou bom em escrever. Será que o senhor poderia me quebrar este galho e escrever uma carta de amor para ela? Diga quanto o senhor cobra. Prezado Carlos, Obrigado por seus elogios. Poderia começar a escrever a sua carta de diversas maneiras: Querida, É difícil dizer numa carta a saudade que esse nosso amor me causa. Conto nos dedos os dias que faltam para você voltar... Olho para a sua fotografia e sinto que você também está olhando para mim. Meu coração se ilumina mas, ao mesmo tempo, vem a tristeza de lembrar o quanto ainda vai demorar para sentirmos o g
Os caminhos existenciais Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica No paralelo 28, no extremo sul do Brasil, um rio de água verde-esmeralda tem sua foz no oceano. Quando era guri, durante os meses quentes de férias veraneávamos há poucas centenas de metros de sua desembocadura. Meu pai era cirurgião em um pequeno hospital nas redondezas e o local era adequado caso fosse chamado para alguma emergência, o que não raro acontecia. Nossa casa ficava em frente ao mar, cercada por restinga com aquela feitura arenosa, porosa como esponja. As gramíneas cresciam por toda a parte; eu e meus irmãos brincávamos com nossos soldados e toda a cavalaria entre aqueles cipós de flores que encordoavam as dunas maiores. No início da vida achei que bromélias, cactos e samambaias fossem tão abundantes no mundo quanto aqueles caranguejos amarelos dos areais, besourinho-da-praia, viúva-negra, gafanhoto-grande, coruja-buraqueira, perereca. Com seis anos eu achava que o mundo não poderia ser muito
A TUDO CEDE, TUDO VENCE Will Goya Filósofo Clínico, Poeta, Professor Goiânia/GO Errado pensar que o amor sempre vence e tudo pode. Com o amor a gente aprende a perder. Naturalmente, Controlar tudo é perder o controle. E perde quem não está disposto a perder, Pois o orgulho destrói não a culpa, mas o coração do culpado. Amar não é desejar o próximo como a si mesmo, É fazer do amado o primeiro e de si mesmo o próximo. O amor não é fraco nem forte, muito ou pouco, É apenas inteiro, Ainda que por uma fração de segundos Nos instantes mais belos da vida. Só o que é simples é completamente inteiro. Pura entrega, o amor é leve. Quem ama caminha em nuvens, Pois seu coração alcançou o reino dos céus. Sempre me comovi com o amor santo dos grandes cristãos da antiguidade e com a difícil beleza do “dar a outra face”. Mas como dar-se ao inimigo, à morte e a tudo o que nos traz ódio e medo? Um dia me dei conta de uma estranha sabedoria: amor não é poder, não é a arte da
Quem precisa de um amante? Jussara Haddad Terapeuta sexual, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Você acreditou que todo aquele tesão que ele sentia era por você? Ficou imaginando, como um “coroa” mal cuidado e completamente fora de forma podia ter tanta virilidade quando o seu marido, que é bem mais novo, não consegue mais corresponder às suas expectativas na cama? Nem por um momento pensou na possibilidade de o lobão estar ali, por estar sendo relegado pela mulher que não o deseja mais, por ele ser um doido dentro de casa, porque ele é um homem relaxado com sua aparência, porque pra ela, ele mostra todos os seus odores, calores e horrores. Nunca parou para pensar que este gavião de bico afiado estivesse mentindo até a última pena quando te disse que estava separado, que seu casamento havia acabado? Nunca desconfiou que o pobre coitado estivesse ali com você, entupido de drogas para manter a ereção, te usando para se auto-afirmar e garantir uma imagem de homem poderoso, apesar de
Fronteiras Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ À margem do que somos, os caminhos são percorridos e nos perpassam, como alternativas fugazes que se desdobram em transitoriedades. Eles nos induzem a direções múltiplas e nos indicam possibilidades tão infinitas quanto as estrelas a nos instigar o devaneio... sempre aguardando que nos esqueçamos de uma fugacidade para adentrar outra... sempre nos lembrando da nossa frágil constituição ou da nossa perversa humanidade. O bater de asas das borboletas questiona para onde vamos, porque retornamos, ou o que existe do outro lado. Qual lado? Não sei, não importa. Ou importa somente a quem se arrisca ou a quem se aventura ou a quem decide romper as amarras. A quem vislumbra além da próxima esquina. Podem ser todos os possíveis lados; todos os prováveis mundos a que estamos sujeitos; todos os infindáveis futuros a que nossas pequenas ações nos possibilitam. A magia está em perceber qual trilha penetrar, qual palavra exprimir,
Até se chegar ao amor Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG A jornada de encontro com o amor, que é nossa natureza, é longa e requer um trabalho consciente. Pensamos que amor surge assim, de repente, e toma conta da gente! Seria bem bom se fosse mesmo assim. Mas, para deixar fluir o amor que habita nossa alma, haja trabalho! Assustado com esta minha fala? Pois é... Aprendemos bem diferente disto e vamos nos iludindo esperando o milagre do amor romântico. Que por não chegar vai nos frustrando. O caminho é longo até abrir a porta do Castelo da Alma e encontrar o bendito amor. Quando no caminho encontramos alguém que nos encanta, não acontece amor a primeira vista, mas Enamoramento. Enamorar é ver de vislumbre a projeção da nossa propria alma. O outro, por ter algumas coisas igual a mim, se torna espelho. Incrível! O outro nos fascina. Vemos nele tudo de bom, bonito e perfeito. Nesta hora, não temos olhos para mais nada. O mundo fica cor de rosa. Os s
O tempo da vida Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG "Se um arco-íris dura mais do que quinze minutos, não o olhamos mais." (Goethe) Informações nos chegam na velocidade da luz... Há tempos atrás aguardávamos ansiosos a chegada da carta que nos traria as notícias de quem morava longe de nós. Com o advento da internet as cartas foram substituídas pelo e-mail. Tudo se tornou mais ágil e fácil. Os meios de comunicação virtual evoluíram e entraram em cena as redes sociais, que agilizaram ainda mais a comunicação. O e-mail foi substituído. Hoje o Facebook agrega todos os outros sistemas de comunicação em um local somente. Podemos conversar on line com quem mora em distantes regiões da nossa. Enviamos e recebemos mensagens sem precisar fazer uso do "antigo" e-mail. O futuro já chegou e o presente confunde nossa consciência. Lembro-me das máquinas fotográficas que usavam os filmes que depois seriam revelados. O "click" tinha que se
O Poder das Palavras Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Recebi recentemente um e-mail do amigo Tate Rosso que me fez parar e refletir mais e melhor sobre ele. O tema central da mensagem, em forma de vídeo, era o poder das palavras. Como a palavra tem poder! Imagine alguém chegar pra mim, pra você, e elogiar, só falar coisas boas. Ou imagine o contrário, só recebermos críticas, ponderações negativas. E imagine que isso não seja só um dia, mas uma vida? Mas, como disse, as palavras têm poder: as pensadas, as faladas e até as escritas. Até mesmo a minha experiência como escritor restringia-se aos livros, depois veio o jornal e agora a rádio. É impressionante o poder que estes meios têm. E a palavra não fica fora disso. Mas voltemos ao e-mail recebido. De acordo com o vídeo de um minuto e trinta segundos, um senhor cego pede esmola numa praça movimentada, destas de um grande centro onde as pessoas correm de um lado pa
Fragmentos filosóficos delirantes LXXX* "Ora há duas espécies de loucura: uma nascida das enfermidades humanas e a outra provocada por um impulso divino que nos leva a abandonar os costumes habituais" "(...) mas na realidade os maiores bens vêm-nos por intermédio da loucura, que é sem dúvida um dom divino" "(...) começar por descrever a alma com toda a exatidão e por fazer ver se por natureza ela constitui uma coisa una e homogênea ou se, à maneira do corpo, é multiforme. Eis o que chamamos mostrar a natureza de uma coisa" "De fato, é no estado de loucura que a profetisa de Delfos e as sacerdotisas de Dodona têm proporcionado à Hélade inúmeros benefícios, tanto de ordem privada como pública, enquanto, no bom senso, a coisa de pouca monta ou nada se reduz o que fazem" "Outro gênero de possessão divina e de loucura provém das Musas; quando encontra uma alma delicada e pura, desperta-a e arrebata-a, levando-a a exprimir-se em odes e
Fragmentos filosóficos delirantes LXXIX* "A própria vida, aos olhos do intelectual, é suspeita, pois nunca se dobra a uma ordem abstrata" "Ao se nomear, com excessiva precisão, aquilo que se apreende, mata-se aquilo que é nomeado. Os poetas nos tornaram atentos a tal processo" "Do momento em que há vida, há labilidade, dinamismo. A vida não se deixa enclausurar. Quando muito é possível captar-lhe os contornos, descrever-lhe a forma, levantar suas características essenciais" "O próprio do acontecimento é que ele se dá de maneira inesperada, o que torna bem difícil sua percepção por uma lógica linear, a partir de um causalismo unívoco" "(...) aquilo que introduz a um pensamento acariciante, que pouco se importa com a ilusão da verdade, que não propõe um sentido definitivo das coisas e das pessoas, mas que se empenha sempre em manter-se a caminho" "O instituinte, aquilo que periodicamente (re)nasce, nunca está em perfeita
As interseções cruzadas Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Pedro descobriu que estudou matemática, biologia, história desde os 8 anos de idade. Aos 35 sabia quase nada sobre matemática, biologia, história. O que ele mais aprendeu em seus anos de escola é que muito pouco ele aprendeu na escola. Antônia descobriu Pedro e achou que com ele poderia ter o que mais amava desde os 18 anos, ano em que perdeu o pai em um acidente de trem: uma família. Antônia amava tanto ter uma família que não se importava em casar e ter filhos para conseguir isso. Com Pedro ela construiu uma linda família, teve dois filhos. O casamento nunca foi bom, mas a família era uma beleza. Tânia, prima irmã de Antônia, “nunca se achou na vida”, conforme dizia a tia Dornelles, pessoa muito entendida na vida dos outros. Tânia precisava muito manter os vínculos com pessoas importantes que passassem em sua vida. A questão era manter necessariamente os vínculos, independente na natureza dos atilhos. Qua
E a vida continua.... Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Terminar um ano é uma graça. Crescemos e aprendemos. Amamos e sofremos. Realizamos e frustramos. Dormimos e acordamos. Colhemos tudo que plantamos. Agora na passagem do tempo Os sonhos são desenhados na alma Renovam os desejos. O reiniciar dá força, revigora. Se não tivesse novos inícios a rotina das mesmices nos embotaria. Os rituais de final de ano agem em nossa psique Pois, pensar é criar. Somos o que pensamos e escolhemos. O grande segredo é só um: Vontade determinada consciente. Colocar nossa alma na frente, nos guiando. A alma é soberana. Tudo sem exagero, com alegria Caminho do meio, do bem senso. Bom escutar nossa voz interior. As regras vindo de fora podem não ter bom eco. Filosofar auxilia a reflexão. E a cada amanhecer agradecer. E a cada anoitecer celebrar. E a vida continua... Na exata dimensão das nossas escolhas. Feliz 2012! A felicidade a gente
AMOR-PERFEITO Will Goya Filósofo Clínico, Poeta Goiânia/GO Não há nada entre o corpo e a alma, nada entre nós. Nada entre a porta e a outra metade. Somos todos janelas... O que nos separam são apenas pálpebras, que nos protegem. Segundos de ilusões a se repetirem eternamente. Tudo o que vejo no mundo é derramado em mim. Vejo-te, E o que carrego de desconhecido em ti é o que me alivia o peso de tantos. Todo o mundo não pesa mais que desenhos de nuvens sobre o telhado. O amor é uma janela que se abre, a beleza é transbordamento, Um poder de aproximação entre segredos. Quando a paixão se liberta do medo de não ser amada, A liberdade goza euforias de uma entrega sem defesas. Pedaços de música o ano inteiro E silêncios complexos como doce derretido à boca... Senti que era oportuno um novo sentimento, e aproveitei a ocasião para imaginar uma emoção diferente, de um amor sublime, nobre, doador. É assim que todo amante, creio, deveria despedir-se de sua antiga amada.
OS RISCOS DE UM NOVO ANO Ildo Meyer Médico, Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Você gosta de correr riscos? Jogar em cassino, fazer sexo casual sem preservativo, dirigir alcoolizado, conversar com estranhos, aplicar dinheiro no mercado de ações, fumar, não realizar exames médicos de rotina... Algumas pessoas têm aversão a riscos, outras adoram, apostando até o limite da delinqüência. A maioria, entretanto, prefere ser cautelosa, sacrificando possíveis ganhos em troca de tranqüilidade. Por que alguns se protegem e outros se expõem? Talvez pelo grau de sensibilidade individual em relação a riscos e recompensas. Parece simples dividir as pessoas em dois grupos, os que jogam e os que não arriscam. Na prática não é tão fácil assim. Mesmo os mais conservadores, aqueles que avaliam todas informações disponíveis, calculam custos, benefícios e tomam decisões depois de av
O que será novo no ano novo? Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Será novo o ano em que mudarmos nosso olhar sobre a vida e sobre os problemas. Ao longo de nossa caminhada aprendemos a triste lição de ficarmos presos a somente um ponto de vista. Aprendemos a olhar a vida de maneira míope. O que será novo em nós começa a nascer de novos olhares que em nós se escondem. A luz de um novo tempo brilha silenciosamente nos jardins secretos que em nós habitam. Talvez o poeta consiga enxergar o que muitos desejariam. Ele contempla o silêncio das palavras e nelas descobre a essência das palavras ainda não escritas. Ele dá vida a sementes que silenciosamente dormem nos canteiros da alma. Palavras germinam como as sementes: silenciosamente. No solo em que foram sepultadas as palavras brotam sob olhares de novas possibilidades. Cada flor que nasce do silêncio é um olhar totalmente novo diante da vida. Cada esquina da alma revela o que antes nunca tínhamos visto. Cam

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