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Mostrando postagens de junho, 2012
Fragmentos filosóficos delirantes XCXIV* "(...) E algum tempo depois, eles que haviam transposto seus confins, por caminhos singulares se encontraram, e, se não foram felizes para sempre, ao menos conquistaram, com risco e aflição, o dom de partilhar o seu sinal, que os marcava e isolava de todos os demais." "Não tentem me explicar, não me prendam, escrevi certa vez, mas podia ter escrito 'não me matem', como se espetassem uma borboleta no alfinete das interpretações." "É preciso entregar-se à minha narração, andar pelos caminhos dela, rolar em suas enconstas, afogar-se em suas águas como eu tantas vezes fiz, para me acompanhar." "Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas esse conflito se tornou quase esquizofrênico: de um lado, precisamos ser como todo mundo, é importante adequar-se, ter seu grupo, pertencer; por outro lado, é necessário preservar uma identidade e até impor-se, às vezes transgredir para sobreviver." &q
Operação bicicleta: dia 1* Com tantas campanhas que incentivam o uso da bicicleta decidi aderir e hoje foi o meu primeiro dia. O sol ainda estava muito tímido quando subi para as primeiras pedaladas. A sensação que tive foi quase religiosa. Nunca fui dada aos exercícios físicos, quase sempre dava um jeito de não fazer educação física na escola, sou uma sedentária de carteirinha. Mas admito que não sai da minha cabeça a idéia de fazer alguma atividade a fim de ajustar as engrenagens, tenho uma inclinação para o pilates. A idéia de me esticar toda remete a um livro infantil em que os animais passavam por aparelhos bem rústicos feitos de madeira e parafusos que esticavam ou encolhiam os mesmos, lembro da girafa que quis encolher, no meu caso eu gostaria justamente do contrário, um pouquinho que fosse já me satisfaria, por isso me anima o pilates! Mas entre uma passada e outra em frente a academia nada ainda me fez entrar. Então a bicicleta veio a calhar, apesar deu percorrer um ca
Por que a Arte de Amar surpreende?* O fenômeno é o Amor- sinônimo de relação, logo energia - Movimento, Ação- Liberdade. Que tem como antônimo o Poder - Egocentrismo - Controle - Tensão - Escravidão. Se amor é Movimento, é deste movimento que se faz e cria a Arte. Que arte é esta que falo quando o assunto é o amor? Falo das expressões no tempo e espaço e além do espaço e tempo. Falo da vastidão da alma para além do ego, que é eu aprendiz. Amor pode parecer complexo, mas é Vida. Arte é movimento da alma, expressão amorosa, que no encontro promove o enamoramento, encantamento, identificação e espelhamento. A arte faz vibrar a alma, que depois de se enamorar se transforma em paixão. A alma acende a lua,clareia a escuridão dos pantanais. Convida a fusão. As almas se entrelaçam e desejam os corpos incendiados. A arte avança, rompe, fragmenta,corta. Gera paixão triste. Na pósmodernidade, nosso tempo do agora, nosso hoje existencial a arte de amar mais separa, rompe, destroí o mit
Periódico Existencial* Uma discussão a respeito de mente e cérebro acabou levando a uma discussão sobre se as doenças realmente existem ou não. Eu, e talvez você, conhecemos pessoas que já tiveram um problema de saúde e que, após muitos exames, nada foi diagnosticado, pessoas que percorreram um longo caminho na medicina e nenhum causador orgânico foi encontrado. Esse é o caso do problema que envolve a mente e o cérebro. O cérebro é considerado nosso principal órgão, onde fica o centro do sistema nervos. É um órgão extremamente complexo, que nas últimas décadas vem sendo largamente estudado e mapeado. Estes estudos têm vários objetivos, entre os quais entender o funcionamento do cérebro e, a partir disto, construir diversos mecanismos que facilitem a fabricação de remédios que possam ter o efeito desejado para as mais diversas doenças que o afetam. Há ainda o interesse em desvendar a forma como o cérebro funciona, mecanicamente, e talvez aplicar o seu sistema a um computador. Men
Muitos em mim* Nas desventuras da vida me aventuro na descoberta do humano incompreendido desprezado e indiferente olho nas entrelinhas da vida escuto o silêncio das palavras não ditas redescubro sonhos esquecidos no passado trilho novos caminhos a partir de velhas existências navego em oceanos de emoções me humanizo a cada dor e partilho o dom da paz em cada coração encontro o humano na essência de cada retalho da vida faço-me um com os muitos que habitam o meu ser *Pe. Flávio Sobreiro Poeta, Filósofo Clínico Cambuí/MG
Águas ocultas* “Tudo está cheio de deuses” Atribuído a Tales de Mileto (séc. VI a.C.) Na imensidão azul que perpassa dois mundos – dos seres e da natureza - todos os deuses ali habitam, integrando as realidades pela fluidez, pela unicidade e pela característica úmida de sua essência. Esses mesmos deuses se contorcem entre as passagens para alcançar as brechas da natureza mais oculta de cada ser, permitindo que as indagações mais substanciais transpareçam na transparência de seu elemento. Então, flutuamos imprecisos sobre seus movimentos e sobre sua atração, não sendo possível dispensar qualquer de suas manifestações. E este princípio fundamental – a água essencial - ainda persiste na natureza e é validado por tudo que se move, se atrai, se expande, se infiltra e está repleto de si mesmo, de vida, de deuses e da alma que se fixa através de sua qualidade ou de sua potencialidade divina. Águas... em forma de fontes, rios, oceanos, artérias, filetes, lagos, mares, geleiras, no
VOLTANDO DO ENCONTRO* Pra longe eu fui, de novo, sem imaginar o carinho da acolhida e o compartilhamento dos amigos de Porto Alegre quanto a seus lugares e objetos, haja vista o chimarrão como exemplo mais próprio da interligação sulina. Pessoas que se mostram e aceitam trocas; o faço por palavras. A vocês do entorno do Guaíba, também de Ctba, Fpolis, RJ, JFora, Campinas e arredores, minha reverência. Tento reapresentar o passado mas as roupas são pequenas, cresci. De cabelos curtos, depois de longos, como a adolescente que deixou a menina pra trás, conforme Cecília Meireles em “Olhinhos de gato”. Vi uns cachinhos de ouro dia desses no banco; não me pareceu uma infância tão feliz assim. Segundo Strassburger, há carinho nas manifestações dos internos do Hospital Psiquiátrico ao gritar e chutar portas na hora da crise. Sutileza de percepção de quem observa a fragilidade do ato necessário ao momento e o respeita. Ao lidar com a singularidade presente em cada qual, por mais chocan
Meu caminho para escrita* “A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita exatidão.” (Francis Bacon, Ensaios) Jamais pensei que iria escrever alguma coisa para mais de uma pessoa. Passei a adolescência quase sem ler. Somente iniciei minhas leituras, relevantes e em quantidade, a partir dos 20 anos. Isso é muito tarde para muitos. Minha escrita foi surgindo nessa época. Antes disso não havia diferença entre o que escrevia no fim do ensino médio e o que um iniciante na escrita da quarta série do ensino fundamental escrevia, inclusive a dificuldade de expressar o que pensava e sentia. Mas, as coisas mudaram. Hoje ainda não conheço muitas regras da nossa língua. Uma frase às vezes deve repetidamente ser mudada para que a forma esteja de acordo com o que minha intuição permite. O que conheço de escrita devo totalmente à minha leitura. E para quem começou a ler e escrever com certa frequência a partir dos 20 anos, até que não me saio mal escrevendo. Quando
Fragmentos filosóficos delirantes XCXIII* "(...) Torturado pelo casamento, sem forças para abandonar mulher e filhos, mas bastante poeta para sofrer com eles sempre, o escritor não podia perdoar êxito nenhum a pessoa alguma: devia sentir-se descontente com tudo, por estar sempre descontente de si próprio. Luciano compreendeu o ar amargo que gelava aquela fisionomia invejosa, a aspereza das réplicas que o jornalista semeava na conversa, o acerbo de sua frase, sempre aguda e afiada, como um estilete." (Pág. 186 da obra "As ilusões perdidas". Ed. Nova Cultural. 1993. SP) *Honoré de Balzac 1799 - 1850
Imagens Imaginativas* Ideias que nascem da alma, convidam. Alma, vastidão na noite, indefinível e feminina em sua multiplicidade. Em cores ou preto e branco é no estar. Imagine... Pode virar retrato, congelar um instante. Ou quadros surrealistas, expressionistas,realistas...impressionistas. Ou mesmo modelar estátuas como Miguelangêlo ou Rhodin. Imagens em e de sonhos ou no ver simplesmente no agora. Imaginação intensa de alegria ou dor. Imagine... Idéias soltas no espaço, pura intuição. Idéias escritas em letras nunca imaginadas. Imagens imaginativas vindas da imaginação. Loucuras lúcidas, lúcidas loucuras. Verbos em ação. Subjetivos adjetivos. Adjetivos subjetivos. Riso de choro, choro de riso. Indefinições dionisíacas em meio ao mundo bem apolíneo. Versões, hermenéuticas nada interpretativas. O ser no não ser. Apenas imagens imaginativas a brincar com efêmero. Imagine... Invente. Encante. Faça e desfaça. Afinal, tudo faz parte da alma que é mítico- poética.
Sentado na Riqueza* Querido e atencioso leitor, aceite o meu fraternal e caloroso abraço. Já não é de hoje que ouvimos dizer que toda riqueza do mundo está dentro da gente. Que a maior e melhor busca é saber realmente quem nós somos e que o poder de um ser humano é medido pelo que ele sabe de si e se conhece. Ouvimos dizer e, para algumas pessoas, é assim mesmo. Claro que são frases prontas e feitas e devem ser observadas desse jeito: frases prontas. E, como sabemos, frases prontas nem sempre são frases que se pode usar universalmente. Ou seja, ela é assim para quem a escreveu. Quer um exemplo de frase pronta? “Diga-me com quem andas que te direi quem tu és”. Sobre esta frase, o que se diria ao mestre Jesus que também andava com ladrões, prostitutas e pessoas que viviam a margem da sociedade? Quando sentimos a brisa do mar, ela está fora ou dentro? O aroma da maçã verde faz parte do dentro ou do fora? Se está fora então como a reconheço? E também esta frase de que a riqueza es
Sobre flores, jardins e tristezas* Cansado de retirar a ervas daninhas dos canteiros que encantam minha alma, sentei-me a beira das minhas desesperanças. O frio do outono que chegava de mansinho anunciava tempos de despedidas. Mas como despedir-me das flores que um dia eu tinha cultivado com tanto amor? Elas eram minhas amigas e por dias sem sol haviam me devolvido a alegria das noites estreladas. Tudo parecia em vão... O que antes havia sido um jardim florido hoje estava perdido numa selva de desilusões. Mas elas ainda estavam lá... Não poderia deixá-las morrer sem antes tentar salvá-las. Mas o cansaço das tardes de muitos dias anunciava-me o tempo das despedidas que estava chegando. O outono ia cumprir seu papel. Não raras vezes ele veio visitar-me. As folhas verdes de outrora estavam amareladas pelo tempo de incertezas. Outras novas iriam nascer e dar vida nova as que foram sepultadas por um vento sereno que as levou para longe de mim. Não gosto de despedir-me do que em mim f
Uma fenomenologia dos roteiros* “A solidão me madurou de borboleta... Estou apto, já posso discursar com minhas paredes.” Djandre Rolim Poeta Cigano Na intenção de olhar absurdo um ânimo extraordinário descreve a novidade ao meu redor. À primeira vista se parece com um visar de fatia, uma sensação de incompletude, logo depois se desdobra em possibilidades de interseção. Seu caráter de obra-prima desenha, em cada mudança perspectiva, eventos de primeira vez a se repetir. As entrevistas e suas contradições colocam em movimento o que parecia imutável. Talvez o sentido buscado, sem se saber que existia, para a desconstrução dos cenários pré-agendados. Nesse vislumbre andarilho uma estética do imaginário se compõe dos percursos a percorrer. Sua busca, quando apressada, pode conformá-la nalguma ótica definível. O viés discursivo diante do espelho pode reivindicar um distanciamento maior para desembassar suspeitas, desvendar vestígios, desajustar o foco excessivamente rígid
Um absurdo poder sobre si mesma* Ela tem dedos finos e longos e toca as pessoas de forma diferente, qual timbre tenham. A pianista morena seduz com o talento que tem e o usa a seu favor, sobre as melodias dos mestres que interpreta com a alma. Toca as teclas de geléia colorida, as frutas transformadas em vitrificados translúcidos ou opacos – a nobreza está na transparência. Comeria o mundo, como Simone de Beauvoir. Suas heroínas são Ana de Assis, Xica da Silva, a Dama das Camélias, Dona Flor, Pagu, Clarice, mulheres transgressoras, mulheres de poder, quando o poder sobre si mesmas já era um absurdo. A luta contra a exigência do padrão que exclui e fecha a liberdade a chance de cada um ser o que é para ser o modelo convencionado por tal sociedade humana. Puxa, o que é isso, um ventilador de teto? A pianista queria ser admirada pelo que era, e não pelo que tinha, posto que não tinha, ou tinha – apenas a história. E histórias bonitas ou tristes para se contar e escrever era preci
Música na experiência pessoal* Neste texto o foco será uma experiência pessoal. Minha experiência com a música, ou um aspecto dela em minha vida, ou em parte desta. Depois do início do cinema muitas vidas passaram a pautar seus momentos marcantes com músicas, trilhas sonoras de suas histórias. Tenho certeza de que não falo somente da minha. Seja no âmbito da paixão, amor, relacionamento, acontecimentos importantes, mudanças nos rumos da vida, experiências religiosas, todas costumam levar consigo uma música de fundo. E o interessante é que essa música será o gatilho para diversas lembranças vivenciadas. Sejam essas boas ou ruins. No meu caso, poucas são as músicas “gatilho”. E elas geralmente me conduzem a momentos que foram muito bons, embora carreguem consigo a nostalgia de um tempo que não voltará. Por vezes me proponho a não ouvir mais essas músicas. Mas, em outros momentos as tomo na lista que tenho guardada no computador e ouço. Por que faço isso? A resposta não me vem com
Fragmentos filosóficos delirantes XCXII* "(...) inaugurando uma epistemologia das margens para decifrar o fenômeno humano internado nos subúrbios" "Uma desenvoltura delirante compartilha rasuras ao mundo das certezas" "Na raridade do instante fugaz, as incompletudes embalam o espírito da metamorfose significante, de onde os eventos peregrinos costumam partir" "Com o exercício da autonomia retórica os textos se oferecem à procura de um leitor de amanhãs" "(...) uma lógica de náufrago aprendendo a nadar em meio à tempestade" "Imaginava um rascunho nalgum ponto entre as fronteiras do dizível" "Seu viés inusitado possui a linguagem própria dos fenômenos que tenta descrever" "O abismo entre a semelhança e a singularidade é um desses equívocos, de onde as tipologias retiram sua fonte de conhecimento" "Múltiplos disfarces protegem os segredos da vontade sem representação" "Lógica
Respeito é bom e eu gosto Jussara Hadadd Terapeuta sexual, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Um princípio básico de convivência que é esquecido e desprezado pelas pessoas, faz com que casais que se amam, que estão dispostos a viverem felizes, que querem montar sua família e serem respeitados como seres adultos e capazes de conduzirem suas vidas, se magoem e muitas vezes convivam com conflitos, causados por aqueles que já passaram à posição de parente e não se conformam em perder as rédeas dos membros que alçaram vôo. O básico princípio, chamado respeito, é atropelado pelo egocentrismo de pais, de avós ou até de irmãos, que, se esquecendo do bom senso, utilizam-se de uma arbitrariedade justificada pela natalidade e adjacentes graus de parentesco, tentando a todo custo manter a posse sobre aquele que deseja partir em busca de palhas, cipós, sementes e tudo o que possa compor o seu novo ninho. Justificativas, na grande maioria das vezes, cercadas de preconceitos contra a diferen
Fragmentos filosóficos delirantes XCXI* "Uma das infelicidades a que estão sujeitas as grandes inteligências é a de compreender forçosamente todas as coisas, tanto os vícios como as virtudes" "Longe do centro onde brilham os grandes espíritos, onde o ar está carregado de idéias, onde tudo se renova, a instrução envelhece, o gosto se corrompe como uma água estagnada. Na falta de exercício, as paixões minguam avolumando as coisas mínimas" "Um por-de-sol é um grande poema, mas não será ridículo para uma mulher descrevê-lo com palavras grandiloquentes diante de criaturas materialistas ?" "Há delicadas voluptuosidades que não podem ser saboreadas senão entre duas criaturas, de poeta a poeta, de coração a coração" "(...) viveu durante algum tempo de sua própria essência e de esperanças longínquas" "Quantas recomendações! Lembrou-se de mil pequenos nadas" " (...) a deprimente polidez usada pelas pessoas bem-nasci
Trabalho, uma atividade da alma Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Escritora, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Falar do trabalho de uma maneira poética e estética poderá parecer uma viagem de alguém fora do tempo presente. Tempo este que só pensa o trabalho numa visão econômica e finanveira. Grande engano! O trabalho como sagrado ofício, fenômeno psicológico instintivo, é uma atividade da alma, das mais sofistificadas e essenciais para uma vida potente e vibrante. Busque apenas o pagamento em dinheiro, as vantagens financeiras e deixe de lado as necessidades da alma, que logo,logo estará engolido pela alienação de um trabalho enfadanho. Feliz morte lenta! Facilmente nos sentiremos escravos se ligarmos o dinheiro apenas ao trabalho. A linguagem financeira eliminou a linguagem da alma para falar sobre riqueza, crédito, poder de comprar e venda, juros, débitos , passivos e ativos. O trabalho perdeu seu encantamento e seu verdadeiro sentido de valor, quando a alma foi abandonada.
Ausências e presenças Vânia Dantas Filósofa Clínica Uberlândia/MG Por que é preciso tanto tempo e distância pra se encontrar quem fale a nossa língua? Por muito tempo a gente procura o sublime e pensa que vai encontrar. De vez em quando vem a sensação de que esse melhor que se busca não existe, ou não foi reservado a nós, por enquanto. E às vezes uma presença é como um véu de estrelas e precisamos desencantar. Nos unimos pelos defeitos, também pela maldade, que não somos certinhos, e às vezes nos maltratamos, competimos, querendo nos livrar porque dói muito amor e não poder. E talvez, pisando no outro, ele desista e nos livre da decisão que não tomaremos. No caminho, vemos florezinhas azuis claras, dessas de vida curta, em plantas de 25 centímetros, entre meio-fio e asfalto. Elas estão ali, como a felicidade pode estar por toda parte, invisível, no som de um soprano, no doce da goiaba, nas contas de madeira da pulseira xamânica. Fabricamos felicidade, ou melhor, para sair
Reversos Pe. Flávio Sobreiro Poeta, Filósofo Clínico Cambuí/MG Dos mistérios da vida apenas o sorriso e as alegrias as manhãs que ainda irão chegar e as tardes que se despediram o brilho do olhar e o silêncio dos poetas apenas o presente a saudade do abraço e a esperança no futuro certezas não tenho me faço um com o mistério que ainda não tem nome e que faz de cada fragmento do meu ser o mais belo momento daquilo que em mim é um reverso das muitas vidas que cruzam as esquinas do meu ser
ENQUANTO SE ESPERA, TUDO PODE ACONTECER Ildo Meyer Médico, Escritor, Filósofo Clínico. Porto Alegre/RS Nem tudo na vida pode acontecer exatamente como planejamos e no momento que desejamos. Algumas situações exigem esperar. Esperar o nascimento de um filho, a diplomação na faculdade, a recuperação de uma doença, a fruta amadurecer, o sinal de trânsito abrir, a fila do banco andar, o pagamento no final do mês, a raiva ceder, o perdão transcender, o amor aparecer... Nem todas as esperas são iguais e nem todos esperam da mesma forma. Algumas esperas podem ser programadas e não causam tanto incômodo, porém quando eventualmente surge algo fora da rotina ou planejamento, alguns conseguem lidar com a situação tranquilamente, enquanto outros são mais impacientes, se estressam, sofrem demasiadamente e chegam até a perder o controle emocional. A insegurança provocada por um imprevisto e a sensação de perda do controle do futuro podem alterar a percepção do tempo real e causar a impre
Fragmentos filosóficos delirantes XCX* " Sou palavra louca sem pernas, eiras e beiras, beiro o não sentido do oposto sou louco! Rouca gargalhada... Sou o que não sou uma estrada sem fim." "Andarilho beatificado pelas mãos dos ventos, pelas asas dos rios, cheirosos por lírios, pelos lixos ditos e desorganizados por várias bocas" "Estou num estado que nem me procuro mais!" "Porque escrevo ? Escrevo por dentro por não ser alma por fora Não compreendo, sinto apenas. Pensamentos são veios: poetas, filósofos. Troco o amargo pelo agrado. Mentiras por falsas verdades... É preciso escrever mesmo em maltratadas palavras! Sentir, olhar, andar... trincar o cambalear de incertezas. Por isso escrevo! Para que as memórias do eterno estendam sobre o cotidiano a luz do frescor e os ruídos da lógica." "A fala tinge de branco o que a incerteza nos impõe: o silêncio!" "Todas as minhas lendas que moravam nas estradas do meu
Considerações de cinema e clínica* A improvável interseção entre cinema e terapia faz possível sentir as influências, reciprocidades. Intermináveis derivações a partir da versão original para explorar os inéditos recantos de cada um. Ao ser informação dirigida já é algo mais sobre a película passando. Roteirizando trajetos com recheio das simbologias discursivas, a intencionalidade aponta alegorias numa estética das fontes, um lugar onde saber_sentir é. A fita concede aberturas até então desconsideradas pelo cotidiano. Nessa magia perspectiva uma interpretação fascinante se desdobra entre atores principais e coadjuvantes nas possibilidades de cada ato. Sua promessa indeterminável elabora uma dialética entre autor e espectador, mescla por onde se realiza a con_fusão entre realidade e irrealidade. Seu manuscrito inicial, tornado acessível a várias frequências de percepção e entendimento, permite uma variada interação com o público, desde um visar de superfície até me
Geração Celular Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor que você esteja bem. Sábado à noite saí para beber um chope e, como de costume, observo hábitos, comportamento das pessoas que, assim como eu, saíram de casa num gostoso sábado e aprazível à noite. Saí para relaxar, bater um bom papo com amigos; e olha que eu vou longe atrás de um bom bate-papo e curtir a filosofia de botequim, entre outras coisas. Como disse, gosto de observar hábitos e, nesse local que fui, era um bom laboratório, pois a maioria do público era de jovens abaixo de 30 anos. O que me chamou atenção era o volume do ruído ocasionado pela conversa entre as pessoas que ali se encontravam. Prestando melhor atenção, qual não foi minha surpresa quando percebi que o ruído era ocasionado sim pelas conversas, porém, o diálogo se dava não só pelos presentes e sim pelo diálogo que ocorria devido ao telefone celular. É isso mesmo! Você convida a

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