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Mostrando postagens de janeiro, 2013
O Pecado abaixo da linha Equador* Na verdade, está abaixo de tudo e, principalmente, abaixo do que jamais gostaríamos que fizessem conosco. O pecado não está em buscar a felicidade ou viabilizar uma nova e alegre vida, mas sim em não avisar ao outro que passou a precisar de uma vida nova. Está também em fazer tentativas com outro alguém, deixando o parceiro em stand by, caso se meta em alguma furada. O pecado está em deixar de amar e não comunicar. Em não libertar o outro enquanto sai em busca do que é bom para você. O pecado está em minar cruelmente e lentamente a relação, o outro e tudo o que possibilitaria a continuidade da união, criando justificativas para atender a impulsos de leviandade que nascem exclusivamente de sua incapacidade com a autoconvivência e com a convivência reta e proposta com alguém a quem um dia elegeu como o seu grande amor. - Ele agora é cheio de defeitos e conhece todos os meus, por isso, mereço e me permito alguém melhor. Vou tentando e se não achar,
Nova Lua Cheia_27jan2013* Eis uma Nova Lua Cheia. E com ela a possibilidade de que algo novo realmente aconteça. Esta é a primeira lua cheia do ano e favorece a percepção dos condicionamentos antigos já, que não servem mais para muita coisa. É uma Nova Lua Cheia sincrônica com o Arcano Maior do Tarô, A Torre, conhecido também como a Casa de Deus. Arcano que inaugura e favorece novas estruturas, um novo chão e a possibilidade de iniciar algo a partir de novas bases, pós aniquilação das antigas. Momento para perceber que muita coisa não funciona mais. O movimento da natureza é lento, sábio e constante, não linear necessariamente ao que os nossos olhos possam considerar como linear, porém, cíclico, em círculos gigantes e pequeninos, mas nunca em saltos. Ela é constante em seus movimentos, e somos natureza também. Pois bem, mas há algo novo no ar a espera de decodificação. Há necessidade de enxergar o que não compactua com o atual momento. Se tudo pode ser novo já e nossas perce
Alétheia ou Des-velar* “Des-velar” é a tradução literal da palavra grega “Alétheia”, que significa “verdade”. As concepções de verdade ao longo da história são diversas – adequação da coisa ao intelecto, validade de proposições, etc –, entretanto, ao escolher esse termo grego e a atribuição dada, sobretudo por Heidegger, para o qual a “verdade como ‘desvelamento’ possui diversas consequências. A verdade já não é mais algo do qual podemos ou devemos estar certos em um sentido cartesiano ou husserliano. Nós podemos estar certos de proposições, eu estou certo de que isto e isto é assim. A busca pela verdade não é uma busca pela certeza sobre aquilo que já sabemos ou cremos, mas uma busca pela descoberta de âmbitos ainda desconhecidos”[i] Diante disso, vou apresentar artigos, ensaios, resenhas ou texto de ordem diversa com o intuito de partilhar minha aquisição de conhecimento, defesa ou ataque de determinada tese ou simplesmente exercitar minha prática de escrita por meio de alguma
Escrituras, desleituras, releituras IV* "A leitura haverá de ser sempre uma ética. Incumbe-lhe ensinar o homem a viver e a respirar o universo" "Ao contrário de Machado de Assis, que se mascarou para exercer uma realidade que só se realiza plenamente no espaço da metáfora, Lima Barreto presumiu que a projeção verbal da realidade - que é uma criação, e portanto, a passagem para outro universo - dispensa a intermediação estilística, exclui a máscara capaz de revelar o verdadeiro rosto da vida" "Obra aberta, Dom Casmurro assenta a sua verdade romanesca na ambiguidade, sendo, pois, esteticamente irrelevante interrogar-se se Capitu é culpada ou inocente, se andou de amores escondidos com Escobar ou se tudo não passou de imaginações de um temperamento ciumento, sensual e doentio como Bentinho" "(...) nossa identidade é sempre uma versão ou uma relação" "(...) escrevo os meus poemas e a Poesia, sendo alquimia e vertigem, corresponde ao us
Penúltimas notícias: Edital 001/2013: Inscrições para estágio institucional em Filosofia Clínica: Encontram-se abertas as inscrições para a turma 2013 de estagiários em Filosofia Clínica - Período: 01/02/2013 - 01/03/2013 - Local: Hospital Psiquiátrico Espírita em Porto Alegre - Vagas: 10 vagas – 05 no hospital-dia e 05 na internação integral - Pré-requisitos: conclusão da parte teórica em centro de formação reconhecido, parecer do professor titular e pré-estágio - Entrevista e avaliação curricular com a coordenação - Duração: 06 meses – início em março/2013 - Inscrições e demais informações: casadafilosofiaclinica@gmail.com - Coordenação: Casa da Filosofia Clínica
Penúltimas notícias: Boas Vindas! Associação Piauiense de Filosofia Clínica convida: CAFÉ COMPARTILHADO Olá, bom dia! Tudo bem com Você? A APIFIC lhe convida para um CAFÉ COMPARTILHADO (por adesão), partilha de CONVERSAS, de COMIDA, que será realizado no dia 25 de janeiro de 2013, no Restaurante da D. Lúcia, na Rua Benjamim Constant, 1544, Centro, as 7 horas e 30 minutos, pela manhã. O mesmo alem de oportunidade para reencontro, partilha de conversas e comidas, será uma confraternização pela passagem do ano de 2012 para o ano de 2013 e início das atividades deste último. Esse evento não tem finalidade econômica e terá como público alvo as pessoas que fizeram ou que fazem a Filosofia Clínica no estado do Piauí, os seus familiares próximos e os que, de alguma forma, contribuemlaboraram ou colaboram com a Filosofia Clínica em nosso Estado. Aos que desejam participar desse nosso Café lembramos a necessidade da confirmação da presença. Por sua compreensão, obrigado!. Como
Ser Amigo é...* Saber ouvir os silêncios da alma, expresso em olhares, gestos, sorrisos, lágrimas... É falar quando for preciso sem medo de ser mal interpretado. Pois no fundo do coração, um verdadeiro amigo sabe que somente quem se preocupa com ele tem a coragem de falar a verdade. Acolher os medos reais ou ilusórios. O medo sempre é maior quando estamos sozinhos diante dele. A presença de um amigo sincero do lado torna a vida mais fácil de ser compreendida. Quem descobriu no sorriso de um amigo o antídoto para seus medos, encontrou um companheiro para a vida toda. Se alegrar com as conquistas do outro. Muito mais difícil do que acolher uma dor é se alegrar com as vitórias que não são nossas. Muitos sabem ser solidários na dor, mas incapazes de se alegrar com a felicidade de outros. Cultivar a amizade em pequenos gestos. Um “oi”, ou simplesmente um sorriso, um “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite” podem fazer grande diferença na vida de alguém. Amizade que não se cuida, morre
Penúltimas notícias* Estou muito feliz!!!! Acabo de saber que meu projeto de documentário "Terra dos Biscoitos Falantes" foi aprovado pela LEIC de Minas Gerais. O orçamento total de R$115.335,00 serão destinados a realização de um média metragem de 35 minutos, cujo tema abordará as tradições orais que envolvem a culinária artesanal dos biscoitos de São Tiago/MG; cantigas, confecção de fornos de barro, causos e tropeiros serão apresentados em uma narrativa lúdica e poética. Obrigada amigos que aceitaram compartilhar essa ideia! *Mariana Fernandes Produtora cultural, cineasta, jornalista, filosofa clínica São João del Rei/MG
Por que Filosofia?* Por que Filosofia? Essa pergunta surgiu de uma outra indagação: por que Bergson? Porque me apaixonei... Foi a resposta para a segunda. Daí comecei a pensar na primeira: por que Filosofia? Bem, poderia dar a mesma resposta: porque me apaixonei. Porém, apaixonei-me porque encantei-me e acredito que seja assim com as outras carreiras também. Por que Biologia? Por que Física? Por que Matemática, Engenharia, Artes Plásticas? Podem dizer: quero aprender isso ou aquilo, mas na verdade nunca é pelo fato empírico de descobrir algo. Na verdade, acredito eu, é sempre pela paixão. O coração fala mais alto! Já que o coração manda, podemos desobedecer? Pois dependendo da área que escolhemos, sempre nos perguntam: como vai ganhar dinheiro? Na verdade não pensamos nisso quando escolhemos nossas carreiras. Mais tarde vemos se foi ou não uma boa escolha (na maioria doa casos não é). Penso que não desobedecemos; às vezes adiamos, mas acabamos voltando e seguindo nosso coração. Na
Escrituras, desleituras, releituras III* "Toda magia que não se transcende - isto é, que não se transforma em dom, em filantropia - devora a si mesma e acaba devorando seu criador" "Se o poeta abandona seu desterro - única possibilidade de rebeldia autêntica -, abandona também a poesia e a possibilidade de que esse exílio se transforme em comunhão" "Magos e poetas, ao contrário de filósofos, técnicos e sábios, extraem seus poderes de si mesmos" "Com muita frequência se compara o mago ao rebelde. A sedução que sua figura ainda exerce sobre nós é consequência de ter sido ele o primeiro que disse Não aos deuses e Sim à vontade humana" "Nós somos o tempo, não são os anos que passam, mas nós que passamos" "Valéry comparou a prosa com a caminhada e a poesia com a dança" "Nascido da palavra, o poema desemboca em algo que a transpassa" "A poesia nos abre a possibilidade de ser que decorre de todo nascer;
O Silêncio e os Agendamentos* Querido leitor, que você esteja bem e em paz! Hoje vamos refletir sobre um tema corriqueiro em nossos dias e na Filosofia Clínica, que são os agendamentos. E inicio fazendo um deslocamento longo, vou lá nos idos de 1970 quando ainda estava no ensino primário. Trago a apresentação de uma professora substituta que iniciou dizendo que nós poderíamos chama-la de Dona Maria de Fátima Coral, e “coral”, frisava ela, é nome de cobra braba. “Ah, o que vou ensinar é matemática pra vocês durante toda esta semana”. Com seu jeito sutil de cobra coral, ela ainda disse que depois dos ensinamentos, faria algumas perguntas e “quando eu faço uma pergunta eu exijo uma resposta”. Não me recordo direito, mas me parece que foi nesse dia uma colega, a Maria do Carmo, urinou-se, provavelmente de medo. Naquela semana foi o recorde de ausências por doença na sala. Aquela frase da professora de que “quando eu faço uma pergunta eu exijo uma resposta” ficou em minha mente como
"CADA UM SABE A DOR E A DELICIA DE SER O QUE É"* As pessoas curtem o que quiserem curtir,estou de cara com essas mensagens que rolam por ai querendo impor as pessoas comportamentos, éticas, estéticas e moralismos massificadores. Essa é uma rede social, não uma rede de obrigações sociais e de especulação moral ou financeira, apesar de dar espaço pra isso a base fundadora do face está na ideia do encontro e da partilha. Se você acha que tudo tem quem ser do modo que idealiza, voltado pra divulgar sua empresa seu trabalho suas concepções éticas , morais e recheado de ações culturais então crie seu próprio grupo de interesses, e não julgue as pessoas por aquilo que elas curtem ou não, a vida por si só já é uma grande batalha. O facebook da espaço para formação de grupos sociais, paginas pessoais e paginas profissionais, aqui já foram feitas campanhas humanitárias de grande porte,até grandes revoluções como a Primavera Árabe, lembram? Basta você saber usar a ferramenta. Não
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXX* Um viciado em Facebook me segredou, não segredou de fato, mas gabou-se para mim de que havia feito 500 amigos em um dia. Minha resposta foi que eu tenho 86 anos mas não tenho 500 amigos. Eu não consegui isso. Então, provavelmente quando ele diz amigo, e eu digo amigo, não queremos dizer a mesma coisa. São coisas diferentes. Quando eu era jovem, nunca tive o conceito de redes. Eu tinha o conceito de laços humanos, de comunidades. Esse tipo de coisa, mas não redes. Qual é a diferença entre comunidade e rede? A comunidade precede você. Você nasce numa comunidade. Por outro lado, temos uma rede. E o que é uma rede? Ao contrário da comunidade a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes: uma é conectar e a outra é desconectar. E eu acho que a atratividade do novo tipo de amizade do Facebook, como eu a chamo, está exatamente aí. Que é tão fácil de desconectar. É facil conectar, fazer amigos, mas o maior atrativo é desconectar
Poética clandestina* “A alquimia do verbo é um delírio” Arthur Rimbaud 1854-1891 Uma profecia de caráter excepcional recai sobre alguns escolhidos, parecem surgir de uma cepa rara, sujeitos a descrever a saga do personagem marginal. Estruturados para surgir como transgressão continuada, ser iconoclastas e seus contrários, quase ao mesmo tempo, desconstroem a certeza de uma só verdade para todas as coisas. A atitude inesperada de toda razão oferece a perspectiva plural na forma de poesia, filosofia, arte, subversão estética ao mundo instituído. No caso da inquietude filosófica, antes de virar técnica acadêmica, é a concepção do eu como outros que retorna na inspiração libertária dos movimentos da irreflexão. Um cavalheiro andante em busca de sua tribo encontra Adão e Eva no paraíso da singularidade. A palavra realiza u
SANTOS E PECADORES* “Todo homem vale mais que seu erro”. Li esta frase e pensei em escrever sobre os errantes, mas não com aquele olhar que enaltece o homem que erra na tentativa de descobrir algo ou acertar. Também não pretendo analisar crimes ou outros atos bestiais. Quero falar do outro lado do erro, daquelas pessoas que sem qualificação nem designação para a função, colocam-se no lugar de juízes, criticam e decidem o que é moralmente correto ou incorreto. Levam em conta suas verdades, aquilo que aprenderam ou lhes é conveniente no momento para condenar o suposto erro do outro. Acham-se donos da verdade, santos, castos, honestos, mas nem sempre fazem aquilo que pregam, tampouco reconhecem os próprios erros. Imaginem uma mulher que no início do século XX, teve a ousadia de se divorciar, realizando aquilo que muitas secretamente desejavam. Algumas mais destemidas chegavam até mesmo a planejar a própria morte ou a dos maridos como solução de seus casamentos infelizes. P
Escrituras, desleituras, releituras II* " Enquanto detivermos os olhos nos países de cultura mais avançada e adotarmos critérios de beleza em moda neles para adaptá-los aos nossos, nossa arte será um pueril arremedo, sem força para subsistir mais que o período de duração dessa moda" "(...) a literatura no Brasil é mero diletantismo, a que só por irresistível pendor natural se entregam sonhadores, os quais mais naturalmente propendem para o verso, propício aos sonhos e fantasias, que para a prosa, mais amiga das realidades" "(...) e fez da sua vida a sua grande obra d´arte" " (...) mas para eu te dar a minha atenção e o meu apoio é necessário que me dês tu´alma inteira transubstanciada em obras de vulto como as quero. Constrói-me com isso, por exemplo, o romance de São Paulo, o romance das ruas que esfervilham burburinhantes, como caudal de sonhos, ambições, vaidades, sofrimentos, a defluir para o sorvedouro do grande Nada.." "Que c
O ser: consideração inicial* Desde Parmênides a filosofia ficou conhecida como aquela que busca o ser. O ser foi um conceito abstrato elaborado pelo homem para referir-se à totalidade. Entretanto, a abstração não significa destituição ou afastamento da concretude da vida. “Abstrato significa elaborado pelo espírito a partir da experiência.”[i] O filósofo é aquele que, antes de tudo, vive. Nessa vivência reconhece que há um conhecer caracterizado por um saber prático. Ou seja, o homem vive na ocupação (prática) de seus afazeres deparando-se constantemente com os entes em seu sentido individualizado: ferramentas, objetos, carros, pessoas, etc. Entretanto, há um elemento que impulsiona o homem a encontrar uma unidade de significado da realidade. Um desses impulsos é o caráter de indigência próprio do homem, que se vê na iminência de formar sua identidade a partir do que lhe é externo, ou do que não é o si próprio. Nessa busca, reconhece que há um fundamento que possibilita a relação
Vale quanto pesa* Quanto vale o seu prazer? E o que te dá prazer? Já sei. O poder te dá prazer. Não? Você nem sabe o que é o poder? Você tem um poder? Todos nós temos algum poder, depende do quanto e como o sabemos. Para mim, depende também do quanto precisamos representá-lo para o mundo. Ok, novamente a pergunta: Quanto vale o seu prazer? O meu prazer vale uma gargalhada, um suspiro profundo, a beleza de um olhar verdadeiro, uma acomodação da alma, um pulsar cardíaco além do natural, um aperto no ventre imoral. Vale alguém me pedir o meu sorriso mais aberto e gostoso, vale minhas lágrimas de alegria e a minha certeza em pensar que naquele momento eu morreria feliz. O meu prazer vale a minha casa em paz e o meu direito de ir e vir resguardado. Vale eu me reconhecer como uma pessoa boa e justa, ainda que defenda o meu ponto de vista sobre Deus e o mundo. O meu prazer vale me dedicar ao homem que eu amo sem me preocupar se aos olhos do mundo, sou menos alguma coisa que a conv
Forças que movem mundos* “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original" (Albert Einstein) O mundo é movido por forças... provavelmente por infinitas forças pulverizadas a partir das vontades de todos que habitam seus próprios mundos. São forças passíveis de vencer inércias, sejam físicas ou existenciais. E que impulsionam a espiral existencial em direção ao desconhecido, na sua tortuosa trilha rumo ao limite que a espera. Teoricamente, até agora foram determinadas apenas quatro forças fundamentais, que ditam a coerência e a coesão do que percebemos e de como entendemos a realidade que experimentamos. A força gravitacional, aquela da maçã, é a que nos confere peso e nos mantém conectados ao planeta; a que não permite que a Lua caia sobre a Terra e a que impede o Universo de se estatelar sobre si mesmo. A questão é saber até que ponto estamos realmente atados a esta condição intrínseca à existência. A gravidade é apenas um atributo físico, ain
Rasuras a foto inesquecível* O processo de reinvenção pessoal está vinculado à superação dos obstáculos de travessia. As etapas de antes ou depois costuma exigir menos. A interseção entre ideia e atitude será testada e pode não bastar. A escolha e ensaio dos procedimentos, além de um robusto autoconhecimento podem ser decisivos para concretizar buscas. Um freio eficaz é a revisita ao velho álbum de fotografias. A escolha dos conselheiros, a idealização do que já passou. Olhar para trás, seguidamente e sem perspectiva agenda retrocessos, estanca transbordamentos, aprecia a sensação de protagonista em uma estória que não lhe pertence. À pessoa refém dessa lógica, ao querer matar a saudade, mata a vida passando. Sim, existem pessoas que vivem bem onde estão. Não se sentem ameaçadas com a transformação ao seu redor. Existencialmente pacificadas, testemunham a movimentação alheia com certa tranquilidade. Outra armadilha de transição é
Renascer em Vida* Queridos leitores, Pablo Neruda, poeta chileno, diz que “morre lentamente quem não lê, quem não viaja, quem não ouve música, quem não acha graça em si mesmo, quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar...” O mestre Jesus Cristo diz que “a semente tem que cair na terra, morrer para depois renascer”. Para mim, Ele estava falando dele mesmo, da sua paixão, de sua morte e, acredito, do nascimento do Cristianismo. Algumas pessoas são como mortos vivos, apenas respiram, comem e caminham, mas não sabem eles que “estão mortos”. Não sentem mais o gosto da comida, da bebida, não gostam do canto dos pássaros, não percebem a beleza das flores, não sentem o perfume da rosa, da orquídea. A lua, as estrelas, o sol, a noite, o dia, o inverno, o verão não são mais percebidos. Atravessam uma praça de flores e borboletas e não percebem, estão apressados. Apressados para quê? No que estamos nos transformando? Parece-me que estamos nos suicidando lentamente sem percebe
Escrituras, desleituras, releituras I* " Kafka, talvez sem o saber, sentiu que escrever é entregar-se ao incessante" "A escrita automática tendia a suprimir as limitações, a suspender os intermediários,a rejeitar toda mediação, punha em contato a mão que escreve com algo de original" "Quanto mais a inspiração é pura, mais aquele que penetra no espaço de sua atração, onde ele ouve o chamado mais próximo da origem, está despojado, como se a riqueza em que ele toca, essa superabundância da fonte, fosse também a extrema pobreza, fosse, sobretudo, a superabundância da recusa, fizesse dele o que não produz, o que vagueia no seio de uma ociosidade infinita" "Para Kafka, a angústia, os contos inacabados, o tormento de uma vida perdida, de uma missão traída, cada dia convertido de que 'a metamorfose é ilegível, radicalmente fracassada'" "A leitura do poema é o próprio poema, que se afirma obra na leitura, que, no espaço mantido aber
Filosofia: o ser, o conhecer, a linguagem* A filosofia, conforme apresentado em Introdução ao pensar[i], é compreendida a partir de três elementos: o ser, o conhecer e a linguagem. Trata-se de instâncias que se complementam na experiência do filosofar. Sucintamente é necessário elucidá-los, sabendo que serão paulatinamente esclarecidos ao longo das reflexões que sucederão esta. Esses textos sucessivos são baseados no supracitado livro de Arcângelo Buzzi e são parte de um autoexercício de resenha, resumo e exposição de conteúdos alheios os quais nem sempre estarei de acordo.[ii] Um conceito central e que serve de elo aos termos dessa reflexão é o pensar. “O homem é definido como ser que pensa ou animal que fala”[iii], ou seja, o pensamento e a fala, ou linguagem, são características marcadamente humanas. O homem que vive dentro do todo da realidade busca por meio do pensar expressar via linguagem essa realidade que se lhe desvela. Este é possível por meio dos entes, são por estes qu
Íntimas entregas* Os ipês rosa começam a entregar buquês aqui no cerrado. No inverno também é possível se apaixonar, e apaixonar pelo mesmo, reapaixonar, sofrer por isso e tentar se reconstruir. Nas entregas íntimas de falas inéditas, temos o outro em nossa mão, uma mão macia e paciente, que ainda é um carinho; as mãos que são os ouvidos do terapeuta, em seu cotidiano missionário, brincado por encontros de magnificência emocional. Enriquecem nosso pensamento letrado com a premência de entendimento sobre suas estratégias de vida, os motivos escusos, indiretos, as raízes dos comportamentos e dos gostos à primeira vista incompreensíveis e revividos a partir de óleos essenciais, peças de roupa, flores secas e texturas coloridas. E aparece a fala rebelde: quem quer livros que andam? Pessoas há muito substantivas, há as ativas, as interjeitivas. Mas muito nos assustam mesmo os seres adjetivos, para além da teoria, e vice-versa. A vida sensível, na nossa semana de compromissos e con
Certezas...* Já sei que realmente nada sei aqui nessa estranha terra. Descobri que o ser humano mais possível pode se tornar um ser improvável do dia para a noite! De repente, me olho no espelho e com muitas certezas, me estranho! Tento decifrar-me a todo momento, sinto de que matéria-prima sou feita, vou tateando-me vagarosamente e aí... Susto! De não saber direito quem é essa que se reflete. Será que é uma estrangeira? Será que é uma habitante de outras terras menos errantes? Não sei não! Olho pro lado e encontro um outro alguém, viajo, penso se durmo ou se desperta estou... Olho novamente... Então, eis que de uma hora para outra sinto-me diferente, meio contente, meio nada, e muitas vezes meio tudo. Saio para caminhar no jardim, sinto o vento soprar dentre meus longos cabelos, bocejo com vontade de engolir o mundo, uma, duas, três vezes. A razão não me deixa flutuar. Tento buscar na memória a sensação de anestesia. Lembro-me dos beijos e dos abraços arrepiados e amados
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXIX* PALAVRAS EM FORMA DE REDEMOINHO Abro a janela que dá pra nenhuma parte A janela que se abre para dentro O vento levanta instantâneas levíssimas torres de poeira giratória São mais altas que esta casa Cabem nesta folha Caem e se levantam Antes que digam algo ao dobrar a folha se dispersam Torvelinhos de ecos aspirados inspirados por seu próprio girar Agora abrem-se noutro espaço Dizem não o que dizemos outra coisa sempre outra a mesma coisa sempre Palavras do poema não as dizemos nunca O poema nos diz Octavio Paz 1914 - 1998
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXVIII* Ueba! Dilma veta Fim do Mundo! Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Fim do Mundo! E eu no engarrafamento! Socorro! Corram! Todos Para o Abrigo! Hoje é o Fim do Mundo. Menos pro Sarney! Só sobrarão as baratas, o Keith Richards e o Sarney! E os motoboys! Rarará! Fim do Mundo! Veta Dilma! Fim do Mundo! E o Itaquerão nem ficou pronto! E eu não tenho medo dos maias porque os maias já morreram. Tenho medo dos maias vivos: Marco Maia e Cesar Maia! Rarará! E como disse uma amiga minha: "Falta uma hora pro fim do mundo e eu ainda não sei com que roupa eu vou!". Fim do Mundo! Pense pelo lado positivo: se o mundo acabar, a Argentina acaba junto. Fim do Mundo! Outro lado positivo: se o mundo acabar, o Palmeiras não precisa disputar a segunda divisão! E as manchetes do Fim do Mundo! Capa da "Caras": "Xuxa espera o fim do mundo na Ilha de Caras". Capa da "Veja": "C

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