Embora os conhecimentos
humanos sejam fragmentos da totalidade de sua existência, não significa que
quem é versado em um conhecimento, possa dar opiniões sobre todo o resto com a
mesma convicção. Algumas pessoas reivindicam a especialização em suas áreas devido
ao tempo de formação necessário para tal construção de conhecimento para falar
sobre seus temas, mas pensam que todos os assuntos que se encontram em
“conversas de boteco” possam ser abordadas por todos da mesma maneira. Temas
como política e religião são os que mais aparecem nesses pretensos
conhecimentos de domínio público. Não se estuda esses fenômenos, porém fala-se
como se todos soubessem exatamente o que é.
Além disso, ainda há
aqueles que se tornam “especialistas” quando são famosos como atores,
youtubers, blogueiros, jornalistas (leitores de tele pronto), músicos, entre
outros. Estes são usados com frequência como discurso de autoridade, não pela
verdade do que apresentam, mas pela consonância que seus discursos têm com as
ideologias e os interesses daqueles que os usam. Aliás, verdade não é algo
discutido. O que importa é a opinião vazia e, ao mesmo tempo, travestida de
convicção fundamentada.
Experimente ler três
livros específicos sobre um assunto político ou religioso e depois leia algumas
notícias. Você verá que se fala muita besteira e pouco ou nenhum conteúdo
relevante. Na maioria dos casos trata-se de apenas de conveniência e
perpetuação do politicamente correto ou do ideologicamente correto, em
detrimento do que as coisas realmente são. Se com pouco conhecimento de caso é
assim, imagine aqueles que dedicam anos a conhecer esses assuntos em voga nas
suas fontes de informações favoritas.
Em uma entrevista
concedida há alguns anos, Umberto Eco disse que as redes sociais deram voz aos
idiotas. Ele complementou dizendo que também é um erro chamar especialistas em
determinados temas para dar opinião sobre tudo, como acontece nas mídias atualmente.
Ser especialista em algo não o capacita a falar seguramente sobre qualquer
coisa. Há idiotas ignorantes e idiotas cultos e o que os iguala é a pretensão
de que as afirmações sobre o que não está dentro de seus respectivos domínios
de conhecimento possam ter o mesmo peso de autoridade.
Leia mais livros do que
notícias. Leia as notícias com base nos conhecimentos adquiridos nos livros.
Aprenda a escolher os melhores livros. Confie mais naqueles que falam a partir
do conhecimento adquirido a duras penas. Fuja de opinadores.
*Prof. Dr. Miguel
Angelo Caruzo
Filósofo. Escritor. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ
Filósofo. Escritor. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ
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