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Estão Todas as Verdades à Espera em Todas as Coisas*

Estão todas as verdades à espera em todas as coisas: não apressam o próprio nascimento nem a ele se opõem, não carecem do fórceps do obstetra, e para mim a menos significante é grande como todas. (Que pode haver de maior ou menor que um toque?) Sermões e lógicas jamais convencem o peso da noite cala bem mais fundo em minha alma. (Só o que se prova a qualquer homem ou mulher, é que é; só o que ninguém pode negar, é que é.) Um minuto e uma gota de mim tranquilizam o meu cérebro: eu acredito que torrões de barro podem vir a ser lâmpadas e amantes, que um manual de manuais é a carne de um homem ou mulher, e que num ápice ou numa flor está o sentimento de um pelo outro, e hão-de ramificar-se ao infinito a começar daí até que essa lição venha a ser de todos, e um e todos nos possam deleitar e nós a eles. *Walt Whitman

Oi Amiga.... Aninha*

Compreenda-me Mas não me "prenda com"... Vejo um deserto Tenho perambulado Por terras áridas Arde o sol. Queima Sopra um vento norte Dizem que é vento Que deixa gente "maluca" "O vento da loucura" Corta a carne. Aí tu me falas: - Zé e teus escritos? Está bem amiga Acho que você entende É que o pó da terra seca Envolveu minhas palavrinhas Entrou areia Nas dobradiças das letrinhas. Juro Estou preparando o terreno Virando e revirando a terra Cavoucando... suando... Calejaram minhas mãos Trago água de longe E minhocas. E outros bichinhos Visite-me amiga Daqui a algum tempo Verás que florescerá aqui Um pequeno jardim.... Posso te pedir uma coisinha... Almoce comigo, amiga Vez em quando.... Aninha *José Mayer Filósofo, Livreiro, Poeta, Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

A que bebeu poesia*

A louca que passa Deixou na vidraça Um olhar que no fundo Tem muita desgraça. Será minha mãe A pobre da louca Que nada mais tendo Conserva a ternura? Será minha noiva Que louca ficou Depois que parti No barco da guerra? Será minha filha A louca do bairro Que a vida judiou Depois que morri?                   Ou foi a poesia Que a louca bebeu Que lhe deu esse ar De ser doutro mundo? *Luiz Guilherme do Prado Veppo

Poéticas*

brinco com as letras com as palavras sem regras sem normas vou rebelde transgredindo. há um impulso de expressar de compartilhar de libertar. sem ter que... vive em mim frida khalo hilda hilst clarice lispector. e, eu sem limite rompo agendamentos. teço as teias de minhas profundidades *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filósofa Clínica, Escritora, Poeta Juiz de Fora/MG

Ode I*

O poeta se dirige ao silêncio. E o diálogo, sua vida. — Eu vos amo a todos, ventos, rios, mares, eu vos amo, meus irmãos. Ao redor, nenhuma voz entrecorta sua solidão palpitante. Mas ele crê: de um pequeno murmúrio, tece ao menos um eco. Vida de poeta, no apelo de um brilho, no encontro de um reflexo. *Lupe Cotrim Garaude

Memória*

“Tom é palavra que presta serviços a mais de uma arte.” Herbert Read Eu sou antigo, muito antigo, quase uma pintura paleolítica, Uma imagem na pedra, bosquímane da África do Sul, Eu sou muito antigo, só não envelheci o suficiente, Eu sou tão antigo, existo antes do indivíduo, sou parte do coletivo. Atravessei os tempos, sou milenar, sou o risco da arte pagã, Vim de longe, sou de todos os lugares eu hoje só a memória pode falar. Vim do retrato, escalei o adorno da história, morri muitas vezes, Sou um traço tão antigo, as rugas não conseguem mostrar os tempos existentes em minha carcaça de bronze. Sou mais antigo que o sentido das coisas, dentro de mim existe o tempo, existe uma máquina de som cromático. O Outro, a curva do olhar que se perde na abstração da forma, sou mais antigo do que isso, o pólen das estações. O Outro, o que existe é único – do primitivo não vivi mais do que vivo hoje, Envelheço nos conceitos, nas cores e nos dias. Sou muito antigo