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Compreensão e Interpretação***

“A interpretação se funda existencialmente na compreensão e não vice-versa.”                                            Martin Heidegger Estamos num momento histórico do Brasil que precisamos compreender bem os acontecimentos, pois o ato de interpretar passa pela compreensão de todos os acontecimentos do cenário político do país e que servem de prato para os esfomeados que mais regurgitam suas interpretações, ou menos conseguem compreender o momento histórico devido à fome de interpretar. Não é só a política. O Brasil não consegue mais se compreender. Está longe de ter a consciência do que está realmente acontecendo. O velado de verdades autoritárias surge como explicações para legitimar e consolidar uma ordenação de ideias irrefutáveis. Uma boa parte da mídia sabe interpretar aquilo que não consegue compreender, ou melhor, se tem a capacidade de compreensão se ilude com suas próprias intenções ideologizadas de compreender o que está diante de si. Consegue apenas i

As estações e o jardim*

Acontecia algo engraçado comigo Toda vez que ela se alegrava E me fazia sorrir Eu sentia uma vontade Enorme de explicar O quanto eu a amava. Não adianta atropelar as estações Se apressar muito, machuca... Primeiro amei a sua alma E só bem depois Apaixonei-me pelo seu corpo. E na estação mais triste Eu te prometo poesias Me devolves cantos e danças E se, acaso, eu te interpretar mal Prometes te traduzir para mim Pois és escrita em língua esquisita E eu não consigo te ler... As folhas do outono Formaram um coração quebrado No pátio do meu jardim... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

O fazedor de amanhecer*

Sou leso em tratagens com máquina. Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis. Em toda a minha vida só engenhei 3 máquinas Como sejam: Uma pequena manivela para pegar no sono. Um fazedor de amanhecer para usamentos de poetas E um platinado de mandioca para o fordeco de meu irmão. Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias automobilísticas pelo Platinado de Mandioca. Fui aclamado de idiota pela maioria das autoridades na entrega do prêmio. Pelo que fiquei um tanto soberbo. E a glória entronizou-se para sempre em minha existência. *Manoel de Barros

Desapegar-se*

Desapegar-se é fundamental para que tenhamos paz no mundo a partir de nós mesmos; é determinante para o nosso próprio crescimento rumo à capacidade de ser feliz! Outrossim, desapegar-se significa escolher corajosamente a sabedoria e a lucidez de destituir-se da obsessão da posse que outrora pudera ser tão alimentada. Significa ainda, abnegar-se da permissividade para que sentimentos tão vis não venham mais a nos possuir, entorpecendo os nossos sentidos tão somente para produzir uma tóxica pseudo ilusão de que perdemos ao desprender ou libertar justificados unicamente pela dignidade de respeitar e, logo, permitir que a vida siga fluindo como a água desde a nascente até desaguar no oceano que tanto toca e une sem prender continentes chamados pessoa. Desapegar-se significa conquistar poder para que nada mais nos domine, para que nada mais brinque conosco como se fôssemos marionetes destituídas de livre arbítrio. Em outras palavras, desapegar-se representa não

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Fazer o pensamento reverdecer. Tratar de reanimá-lo, com constância, e também com audácia, mantendo o contato com a vida. O que leva a relativizar a ciência. A fazer com que ela não se leve a sério. Pois a ciência não deixa de ser ciência a partir do momento em que se torna uma regra dogmática que não podemos transgredir ?" "O corpo social é um metabolismo vivo. E, como tal, tem variações, ritmos específicos, múltiplas acentuações." "Do fervilhar existencial às diferentes audácias científicas, o que está em jogo é uma mutação de grande envergadura. Para retomar um lugar-comum do debate intelectual, trata-se efetivamente de uma revolução epistemológica." "É instrutivo observar que, além da 'língua oficial', a do pensamento conforme, existe uma multiplicação de idiomas, discursos tipicamente tribais, enraizados nas práticas cotidianas, de qualquer ordem que sejam: musicais, esportivas, sexuais, culturais e até políticas ou mesmo

Regras de pular obstáculos*

“Aos sábados, ou aos domingos, viam o Platense jogar. Em alguns domingos, quando tinham tempo, passavam pela quase marmórea confeitaria Los Argonautas, com o pretexto de rir um pouco das moças.” Adolfo Bio Casares (O sonho dos heróis – 1954) Existem regras para seguir, eu sei, mas existe caminho para se ir, as regras simplesmente nós a inventamos para enganar o tempo. O único caminho que possamos abdicar totalmente das regras é o do sono. Dormir. Descanso absoluto de quem vive no mundo das regras. Existem pessoas que usam termos para falar de algo que a regra é apenas uma parte. A pessoa diz uma coisa em outro idioma para burlar sua mente, acha que assim está falando algo diferente. Engano, a regra tem sua exceção mas na lógica da regra inventar algo não origina um novo signo para dizer algo... A tagarelice idiomática pós-pop é a pobreza dos pseudos-tecnosustentáveis. Amam o orgânico e se lambuzam de signos pobres de se comunicar. Vasos que ligam o cérebro com

Ah! Os relógios*

Amigos, não consultem os relógios quando um dia eu me for de vossas vidas em seus fúteis problemas tão perdidas que até parecem mais uns necrológios… Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida – a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira. Inteira, sim, porque essa vida eterna somente por si mesma é dividida: não cabe, a cada qual, uma porção. E os anjos entreolham-se espantados quando alguém – ao voltar a si da vida - acaso lhes indaga que horas são… *Mario Quintana