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Do Teatro* Acrescento "a coisa em si” do teatro a troca entre os atos cênicos no corpo e na expressão do ator em contra partida a resposta viva da platéia Esta relação tão próxima não permite cópia ou replica cada dia de espetáculo é único, tão único quanto o publico. O clima cênico transporta o espectador a um portal para uma nova realidade, tão viva quantas aquelas da caverna mencionada por Platão, neste caso o ser através de suas emoções se vê diante de suas próprias sombras de seus vestígios existenciais. (uma espécie de caverna perceptiva) apresentada por outro também perceptivo. Para que se possa viver o momento e a proposta da dramaturgia é preciso um desligar-se do mundo das idéias e permitir-se a utilizar seus sentidos para captar os dados daquela realidade, que bem sabemos não é a coisa em si mais um sinal da mesma. O tempo cênico não permite racionalizações elaboradas. Não se pode rebobinar para ver de novo e assim um saber é capturado, este saber semp
O Som do Universo* O céu tem um som? Mas qual é o som do céu? Não sabemos... Mas sabemos, desde Platão, que vivemos de música! O Universo é musical e a musicalidade do Universo precisa ser sentida! Peguei-me pensando nisso porque é fato na minha vida que eu vivo com a cabeça embotada em música! Ao longo de um dia são pelo menos três músicas distintas a entoarem na minha cabeça. Umas repetem mais do que outras. Talvez porque, naquele dia, tenham mais significado e por isso parecem chicletes. Não sei ao certo quantos filósofos falam sobre a musica do Universo, mas sei que há! Meu filósofo preferido é Bergson e ele utiliza muito o exemplo de uma melodia para exemplificar o fluxo contínuo do tempo real: a Duração. Ele diz que a melodia nos carrega! E, pensando nisso, digo que música não é só letra, mas principalmente melodia e harmonia. Acho que procuro isso: melodia e harmonia pra minha vida. Talvez por isso seja tão musical! Esse Universo que nos cerca e do qual fazemos parte é t
Apontamentos, poéticas noturnas VI* Procura da Poesia Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas. Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a natureza nem os homens em sociedade. Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam. A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques
Lua Lua* Ela está aqui, numa noite mais adentro. Nua e não crua. Uma Lua Lua. Dá continuidade a anterior de forma imperceptível, refinada e com raízes mágicas e impressionantes. Mas não se engane: ela vem potente e mágica, sutil e trágica, e deve ser recebida, de qualquer modo, pois será difícil escapá-la. Sua experiência vem em forma circular e perfeita, com efeitos vertiginosos que, de forma paradoxal, trarão a visão de, no mínimo, um duplo. Sua dança apresenta-se ilógica, central e abrangente, em um compasso não frequente. Suas referências estão implícitas e sua proximidade acessa lugares conhecidos há tempos. Dará realmente chance para um poderoso sentir, uma localização rumo a um possível e estrondoso sentido, em um caminho impreciso. Na minguante é que esta noite será mais noite, e nesta ausência de luz haverá possibilidade de de cocria-la, com espaço para desenvolver-se em um auto-magistério, que seguirá altamente estimulado. A busca de um sentido apresentar-se-á, no
Escrever* A palavra pode ser um bálsamo que alivia as dores ou um veneno que produz feridas na alma. Escrever é sempre uma arte complexa. O campo literário é tão vasto quanto os mundos que habitam o coração de cada escritor. O desafio é sempre uma oportunidade de aprimorar a escrita e desenvolver o próprio estilo. Em tempos virtuais o livro ainda continua ocupando um lugar ao sol. Seja velho ou novo, ele eterniza a alma de quem o escreveu. Se publicar um livro não é fácil, vender é muito mais difícil. As dificuldades do caminho são grandes, mas a beleza as margens do mesmo são gratificantes. Aos amigos escritores meu incentivo na luta árdua do caminho literário. Muitos irão elogiar seu livro, poucos irão comprar. Mas não desanimem, pois o verdadeiro escritor se contenta com os lucros da alegria em fazer da palavra escrita uma vocação. *Padre Flávio Sobreiro Poeta, escritor, filósofo clínico Cambuí/MG
Disputas* Querido leitor, que você esteja bem. Hoje nosso tema é disputa. No livro sagrado, a Bíblia, há uma passagem em que destaco neste momento. Nela, alguns discípulos de Jesus queriam saber quais seriam seus lugares na hierarquia. Diz a passagem que Mateus, Marcos e Lucas discutiam qual deles seria o maior no Reino de Deus. Como se isso não bastasse, a mãe de Tiago e João, provavelmente a pedido dos filhos, solicitou a Jesus dois lugares honrados para eles. Queridos leitores. Frequentemente vimos alguns funcionários gastando um precioso tempo discutindo, tramando e se posicionando de modo a defender radicalmente seu progresso na empresa, em detrimento do sucesso coletivo. Para mim o sucesso de uma empresa, assim como na grande maioria das repartições que envolva grupos e pessoas, depende do trabalho coletivo. Sozinho, às vezes, temos a impressão de ir mais rápido, mas em grupo, com certeza, vamos mais longe e a jornada é mais alegre e leve. Em Mateus 20:26, a Bíblia
Apontamentos, poéticas noturnas V* Os Meus Livros Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos E que percorro com a minha mão côncava. Não sem alguma lógica amargura Entendo que as palavras essenciais, As que me exprimem, estarão nessas folhas Que não sabem quem sou, não nas que escrevo. Mais vale assim. As vozes desses mortos Dir-me-ão para sempre. *Jorge Luis Borges 1899 - 1986