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Poesia e amor sem gelo, por favor*

Não, eu nunca usei nenhum tipo de droga para escrever Poesia e Amor são os meus vícios Sim, sou alcoolotra! Dessas que se embriaga e não pensa no que fala Não fumo maconha Não cheiro cocaína Não bebo cachaça Liberdade não é isso, eu não preciso disso Minhas viagens são sonhadoras não alucinógenas Na verdade, sinto que sou a própria droga Escrevo para não me perder de mim!… *Marli Savelli

A coisa*

A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra. O leitor entende uma terceira coisa… e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita. *Mário Quintana

Anotações do Homem Nômade sobre o Acaso*

O Homem Nômade gosta dos exageros do pensamento e costuma se colocar com o advérbio “sempre”, contrariando as regras de como se escreve um texto acadêmico e por ora diz que sempre, no sentido de constantemente, ele se situa nos olhos da filosofia. Acordou pensando, quase sempre em suas obsessões pós-leituras de quotidiano, sobre o conceito, a noção de Acaso. Começa pelos gregos, por Aristóteles a pensar sobre o Acaso. Da noção subjetivista e objetivista se tira uma causa superior, em que o oculto afasta as explicações racionais e que a sorte é algo superior que está longe do alcance da inteligência humana. Os estoicos colocam o Acaso como algo que escapa da ilusão porque tudo que acontece é parte da necessidade racional. O Homem Nômade apenas gosta de refletir sobre isso, passa da filosofia à literatura, ao cinema, às imagens e desemboca na visão moderna de Acaso, mas continua a pensar, não para resolver os problemas do mundo, mas “sempre” para compreender o seu exagero qu

Sobre a escrita*

Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio. Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo – é por esconderem outras palavras. Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente me unir a essa pa

A primavera e o amor*

Sim, eu fui ver Brotaram lá fora As flores ligeiras Das laranjeiras Brotaram os brotos Das flores no jardim Voltaram os passarinhos E os beija-flores E as borboletas Que sempre voltam.... É que mentiram para mim Durante este inverno frio Que nesta terra triste Estavam mortos os poetas Mentiram para mim Que a primavera não viria Fizeram chacota, pouco caso Dos amores românticos... O menino não morreu, não Apenas dormiu Vejo minha sombra no chão Sombra que não é minha Ela usa cabelos longos E um longo vestido , Azul... *José Mayer Poeta, Amante dos Livros, Estudante na Casa da Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Reconhecer no estranho o que é próprio, familiarizar-se com ele, eis o movimento fundamental do espírito, cujo ser é apenas o retorno à si mesmo a partir do ser diferente." "(...) O segredo divino da vida é sua simplicidade." "O verdadeiro problema da compreensão aparece quando, no esforço de compreender um conteúdo, coloca-se a pergunta reflexiva de como o outro chegou à sua opinião. Pois é evidente que um questionamento como este anuncia uma forma de alteridade bem diferente, e significa, em último caso, a renúncia a um sentido comum." "O que deve ser compreendido não é a literalidade das palavras e seu sentido objetivo, mas também a individualidade de quem fala e, consequentemente, do autor. " "(...) o ato da compreensão é a realização re-construtiva de uma produção." "Quando se ouve alguém ou quando se empreende uma leitura, não é necessário que se esqueçam todas as opiniões prévias sobre seu conteúdo

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não se pode estudar à parte a imagem mental. Não há um mundo das imagens e um mundo dos objetos. Mas todo objeto, quer se apresente à percepção, quer apareça ao sentido íntimo, é suscetível de funcionar como realidade presente ou como imagem, segundo o centro de referência escolhido. Os dois mundos, o imaginário e o real, são constituídos pelos mesmos objetos; só variam os agrupamentos e a interpretação desses objetos. O que define o mundo imaginário tanto quanto o universo real é uma atitude da consciência."  "(...) quando se faz da palavra tal como aparece na linguagem interior uma imagem mental, faz-se do signo uma imagem." "(...) as visões hipnagógicas são imagens. caracteriza a atitude da consciência diante dessas aparições com as palavras 'espetacular e passiva'. É que ela coloca como de fato existentes os objetos que lhe aparecem. Todavia, na base dessa consciência há uma tese positiva: se essa mulher que atravessa meu campo visual,

Da natureza inédita em todas as coisas*

                 Um cotidiano plural se abre frente ao espelho das singularidades. Nesse viés discursivo recém chegando, oferece seus inéditos numa língua estranha. Por seu caráter de novidade, recusa o gesso da classificação especialista. Numa interseção de acolhimento e partilha, concede alguma visibilidade ao que restaria desconhecido.   Em uma experiência de transbordamento excepcional, num tempo subjetivo e de local indeterminado, a estrutura de pensamento se refaz. Nesse ímpeto de incertezas, um teor de expressividade transgressora se deixa entrevistar, seus deslizes narrativos, olhares desfocados e a escuta das lógicas sem sentido, apontam suas fontes de inspiração. Uma hermenêutica compreensiva acolhe a desestruturação fundante, seu aspecto de estranheza refere o sujeito acessando algo em vias de tornar-se. Seu aparecimento, num viés discursivo singular, escolhe quando e a quem se mostrar, se apresentando quase invisível ao espírito de rebanho das unanimidades.