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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*


"Todos nós sabemos que não são apenas os poetas, os loucos, os selvagens e as crianças que apreendem o mundo num ato de participação irredutível ao raciocínio lógico; cada vez que sonham, se apaixonam ou comparecem ás suas cerimônias profissionais, cívicas ou políticas, o resto dos homens 'participa', volta, forma parte dessa vasta society of life que segundo Cassirer é a origem das crenças mágicas"

"O surrealismo se propõe a fazer um mundo poético, fundar uma sociedade em que o lugar central de Deus ou da razão seja ocupado pela inspiração"

"(...) O sujeito também desaparece: o poeta se transforma em poema, lugar de encontro entre duas palavras ou duas realidades"

"A poesia nos abre a possibilidade de ser que decorre de todo nascer; recria o homem e o faz assumir sua verdadeira condição, que não é a alternativa vida ou morte, mas uma totalidade: vida e morte num único instante de incandescência"

"A poesia é metamorfose, mudança, operação alquímica, e por isso faz fronteira com a magia, a religião e com outras tentativas de transformar o homem e fazer 'deste' e 'daquele' o 'outro' que é ele mesmo"

"(...) nós somos o tempo, não são os anos que passam, mas nós que passamos"

"(...) magos e poetas, ao contrário de filósofos, técnicos e sábios, extraem seus poderes de si mesmos"

"Graças á poesia, a linguagem reconquista seu estado original. Em primeiro lugar, seus valores plásticos e sonoros, geralmente desdenhados pelo pensamento; depois, os afetivos, e, por fim, os significativos. Purificar a linguagem, tarefa do poeta, significa devolver-lhe sua natureza original (...) A palavra, em si mesma, é uma pluralidade de sentidos"

"Quando um poeta encontra sua palavra, logo a reconhece: já estava nele. E ele já estava nela. A palavra do poeta se confunde com o seu próprio ser. Ele é sua palavra. No momento da cfriação, aflora à consciência a parte mais secreta de nós mesmos. A criação consiste em trazer à luz certas palavras inseparáveis do nosso ser"

"O poeta o cria; o povo, ao recitá-lo, recria. Poeta e leitor são dois momentos de uma mesma realidade. Alternando-se de uma forma que não é incorreto chamar de cíclica, sua rotação engendra a faísca: a poesia"

*Octavio Paz in "O Arco e a Lira". Ed. CosacNaify. SP. 2012.  

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