Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar
Oceano!
Meu amor eu nem sei como se
chama,
Nem sei se é muito longe o Mar
Oceano...
Mas há vasos cobertos de
conchinhas
Sobre as mesas... e moças nas
janelas
Com brincos e pulseiras de
coral...
Búzios calçando portas...
caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos
pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso,
Antínous,
E eu me lembrei do pobre
imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na
neblina...
Mas como sopra o vento sobre o
Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só
deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios da beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas
ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te
chamas...
Mas nos encontraremos sobre o Mar
Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.
*Mário Quintana in "O
Aprendiz de Feiticeiro". Ed. Cia das Letras. SP. 2005.
Comentários
Postar um comentário