A arte é uma forma de expressão
do ser do artista. Toda expressão pode ser um desabafar ou um desejo de
comunicação, ou ambas as coisas. Quem vê ou lê uma obra de arte, entra no
diálogo que a obra lança ou se fecha diante dela fazendo um julgamento de valor.
Sempre uma obra nos afeta. Quando
positivamente ela expressa uma comunicação de alma para alma. Quando
negativamente ela ativa nossa sombra, ela nos mostra o que não queremos ver. Na
realidade o que vemos nos vê.
O mundo é representação nossa.
Quem diz gostar e não gostar está a falar de si mesmo e não da obra de arte em
si. Quando diz gostar é porque a arte a afetou na essência, há uma compreensão
inconsciente da intenção velada do artista, há uma sinergia e harmonia na
relação. Quando se diz não gostar é porque a obra mexeu com a sombra, ativou um
conflito velado, incomodou e criou um conflito e uma defesa.
Colocar um ponto final através do
julgamento é reduzir a obra, logo a ler apenas na superficialidade para não
tomar consciência do conflito em si, pois este o incomoda tanto que há um
mecanismo de defesa que bloqueia a realidade subjetiva e profunda.
Quanto mais a pessoa se permite
não projetar em julgamento, mais ela vai se conhecendo melhor e se comunicando
mais profundamente com a estética de uma arte, respeitando sua expressão com
naturalidade. Falar apenas que não gosta é fechar o diálogo, privilegiando a
relação de poder e controle sobre a obra, colocando um juízo de valor crítica.
Quando se compreende a obra,
mesma sendo ela oposta a sua preferência estética é uma forma e abrir o diálogo
saudável. Bom lembrar que diálogo vem de pensamentos diferentes, cada um
expondo sua expressão.
O importante diante uma obra de
arte não é gostar ou não gostar, mas estar aberto ao diálogo e a comunicação
que a obra propõe. É um saber olhar liberto de prejuízos. É um estar aberto a
aprender. É enfim um render ao novo e ao diferente sem preconceito.
Arte é para ser apreciada e não
julgada. Se ela nos afeta negativamente, nos resta silenciar e aprender com o
que ela tem a nos ensinar. Precisamos ter humildade e tentar compreender o porquê
determinadas escolas de arte não nos agrada.
Com certeza compreenderemos muito
mais de nós que qualquer outra reflexão. A filosofa estética é uma grande ponte
para entrarmos em contato com nossa alma. Que tenhamos humildade para sair dos
prejuízos e nos tornarmos eternos aprendizes.
*Rosangela Rossi
Psicoterapeuta, escritora, poetisa, artista plástica, filosofa clínica
Juiz de Fora/MG
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