Embora os jovens possam tornar-se
geômetras, matemáticos e conhecedores de matérias semelhantes, não acredito que
exista um jovem dotado de sabedoria prática. O motivo é que essa espécie de
sabedoria diz respeito não só aos universais mas também aos particulares – que
são conhecidos pela experiência. Ora, um jovem carece de experiência, que só o
tempo pode dar.
Por que um menino pode tornar-se matemático, porém não filósofo? É porque os objetos da matemática existem por abstração, enquanto os primeiros princípios das outras matérias provêm da experiência; e também porque os jovens não têm convicção sobre esses primeiros princípios, contentando-se em utilizar a linguagem apropriada, ao passo que a essência dos objetos da matemática lhes é bastante clara" (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, livro VI).
É por isso que eu confio no trabalho de jovens tecnocientistas fazendo "ciência normal", mas desconfio de jovens políticos, magistrados e filósofos.
* * *
Uma cultura literária sólida poderia acelerar o amadurecimento de qualquer um. Porém, pedir a um jovem de nosso tempo que leia boa poesia, bom romance e bom drama é, com toda a probabilidade, falar ao vento: Cecília Meireles, Tolstói e Sófocles parecem-lhes leituras pré-históricas.
*Prof. Dr. Gustavo Bertoche
Filósofo. Mestre e Doutor em Filosofia. Professor. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico. Autor da obra: "A dialética do real na epistemologia de Bachelard", dentre outros. Em 2019, por indicação do conselho e direção a Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “Doutor Honoris Causa”.
Curitiba/PR

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