Um leitor me perguntou o que
penso das escolas cívico-militares - um modelo escolar que se dissemina por
Santa Catarina, pelo Paraná, por São Paulo.
Vou responder do modo mais claro possível.
As escolas cívico-militares são laboratórios de propagação do fascismo.
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Explico. O que caracteriza o fascismo na Educação não está exatamente no conteúdo curricular explícito; está no currículo oculto.
Uma escola cuja prática seja toda voltada ao adestramento de corpos e mentes; que ensine a obediência à autoridade (e pior: a obediência à autoridade militar); que não incentive a literatura, a Filosofia e as artes; que desencoraje o pensamento crítico - essa escola contribui para a propagação do fascismo.
As escolas cívico-militares são instituições fascistas - e essa afirmação dura não é exagero retórico.
* * *
Estou com Adorno: o primeiro objetivo de toda a Educação deve ser o de impedir que Auschwitz aconteça - Auschwitz entendida como a barbárie, como a perda da sensibilidade autocrítica, como a desresponsabilização para com as nossas ações. É Auschwitz o que vemos acontecendo com toda a clareza em Gaza; e não, nós não estamos imunes a isso no Brasil, onde Auschwitz já aconteceu tantas vezes.
*Prof. Dr. Gustavo Bertoche
Filósofo. Mestre e Doutor em Filosofia. Professor. Pesquisador. Musicista. Filósofo Clínico. Escritor. Autor da obra: "A dialética do real na epistemologia de Bachelard", dentre outros. Em 2019, por indicação do conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de Doutor honoris causa.
Curitiba/PR

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