Se morro universo se
apaga, como se apagam as coisas deste quarto, se apago a lâmpada: os sapatos - da - ásia, as camisas e guerras na cadeira, o paletó - dos - andes,
bilhões de quatrilhões de seres e
de sóis morrem comigo.
Ou não: o sol voltará a
marcar este mesmo ponto do assoalho onde esteve meu pé; deste quarto
ouvirás o barulho dos ônibus na rua;
uma nova cidade surgirá de dentro
desta como a árvore da árvore.
Só que ninguém poderá
ler no esgarçar destas nuvens a mesma
história que eu leio, comovido.
*Ferreira Gullar
Comentários
Postar um comentário