Quando saia da infância
e passava para adolescência o mundo estava em trânsito, ou pelo menos parte
dele. Esta parte que estava em trânsito saia do "socialismo", que
muitos chamam de economia planificada ou tentativa fracassada da aplicação das
teorias marxistas. Seja como for, estávamos saindo disso para o capitalismo, o
restante do mundo já era capitalista. O Brasil, no mesmo período, fim da década
de 80, início dos anos 90 também saia de uma ditadura e passava para a
democracia. Assim, na minha transição da infância para a adolescência, o mundo
também estava passando de um modelo para outro, ao menos o meu mundo. Os que já
eram capitalistas desmereciam os socialistas, dizendo aos outros e a sui
próprios que estavam certos e que todos deveriam fazer parte do seu modelo de
vida. Nesta parte parece que nasci no tempo certo, num Brasil democrático e
capitalista, mesmo que seja um país pseudo democrata e pseudo capitalista.
Depois da transição
vieram os ajustes, alocando cada coisa no seu lugar. Para que isso acontecesse
foram necessárias algumas guerras, boa parte delas no Oriente Médio, terra já
castigada historicamente. A Ásia tem lá seus encantos com um boa guerra, mas
não foi dessa vez, acabou ficando de fora, mas a ameaça de uma Coreia do Norte
se faz presente nos pensamentos estadunidenses. No Oriente Médio os discípulos
de Maomé, orientados sob o Alcorão também entendem que o mundo deve viver à luz
de sua verdade, do seu modelo de vida. Aliando política e religião tornaram o
Estado uma ferramenta de imposição religiosa, já fizemos isso e não deu certo.
Talvez eles entenda e cedo ou tarde deixem essa ideia de lado. Talvez no
intuito de mostrar esse erro os Estados Unidos interviram em alguns casos e
instalaram a "democracia", o modelo politicamente correto. Ao menos é
o que dizem. Esses ajustes onde cada país foi se adaptando ao novo mundo
capitalista e democrático já executou muita gente e ainda vai executar.
O caminho que parece
estar sendo trilhado, agora que cheguei a idade adulta, é aquele onde os grandes
dão as mãos e impõem o seu ponto de vista aos pequenos. Pode ser que esteja
errado, mas cada passo dos grandes percebe-se uma única corrente de pensamento.
Desde a Rússia até os EUA, passando pela Europa, todos começam aos poucos a
falar um mesmo idioma político e econômico. Parece que entenderam haver entre
si uma certa interdependência, onde a minha desgraça é a sua desgraça. A
formação de um governo único não é descartada, ao menos na teoria, já que as
práticas parecem dar conta de que ainda muitas diferenças precisam ser
ajustadas até chegar a este ponto. Meu país ainda não escolheu um lado,
historicamente caminha entre um e outro lado tentando encontrar o seu próprio
caminho. Talvez não seja uma boa hora para mostrar-se indeciso ou decidido pelo
lado errado.
O que vem pela frente é
algo interessante, é algo que aqueles que trabalham com gente já perceberam, o
desaparecimento da individualidade e o surgimento da consciência coletiva. Não
no sentido de pensar no outro, no planeta, ma no sentido de que cada vez menos
se pensa por si próprio, mas se pensa coletivamente. O desaparecimento do
indivíduo facilita criação de doenças, criação de modelos de beleza, assim como
outras questões que tendem a ser assumidas como verdade sem a devida reflexão.
A morte anunciada do indivíduo já observada por algumas organizações é
parcamente atacada com políticas de bem estar, que nada mais são que afagos ao
ego de alguém que nem sabe direito o que lhe faz bem. Parece que passei de um
mundo onde as pessoas lutavam pelo que queriam para uma massa uniforme que não
tem uma visão de mundo sua, não parece que seja falta de informação, mas falta
de conhecimento, coisas diferentes. Reconhecer-se ignorante sobre o que está em
andamento pode ser um passo para se dar conta de que o Eu está morrendo.
Aos colegas filósofos
clínicos do país, está é uma narrativa que tem base forte no tópico 01, (Como o
mundo me parece). Não que ela seja certa ou errada, boa ou ruim, é um relato de
como a pessoa vê o mundo ao seu redor. Pode ser que nem seja assim, mas é assim
para quem o descreve. Se a opinião que ela tem sobre o mundo tiver peso
subjetivo maior, isso relativo ao conteúdo dos outros tópicos, pode orientar a
forma como ela age sobre o mundo, as pessoas e ela mesma.
*Rosemiro A. Sefstrom
Filósofo Clínico
Criciúma/SC
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