Já faz tempo que penso
na sua não existência, não como forma de uma totalidade e, sim no pensar
psicológico da coisa. Interessante observar a não existência de algo que na
forma de minha escrita, dou vida. Sim, dou vida para imediatamente a tirar.
Não quero aqui dizer que essa teoria
simplesmente retira de nosso dicionário a palavra “dúvida”. Desejo demonstrar
que sua existência, na verdade é um estado de preguiça do homem. Sentir-se na
incerteza entre duas saídas é um acomodar-se diante dos fatos.
Vejamos o que a filosofia na história tem
a nos presentear com conceitos, cito aqui (dicionário de filosofia, Nicola
Abbagnano, Martins Fontes, 2003, pág. 296).”. Dúvida, esse termo costuma
designar duas coisas diferentes, porém mais ou menos ligadas: 1º um estado
subjetivo de incerteza, ou seja, uma crença ou opinião não suficientemente
determinada, ou a hesitação em escolher entre a asserção da afirmação e a
asserção da negação; 2º uma situação objetiva de indeterminação ou a
problematicidade de uma situação: seu caráter de indecisão em relação ao
possível êxito ou à possível solução”.
Vamos refletir um pouco em nosso dia como
um ser. Quem de nós já não passou por uma situação de tomar uma decisão? Fazer ou não fazer,
comprar ou não comprar. Qualquer coisa e seu oposto. Aristóteles, citado nessa
mesma página do dicionário, como o primeiro a reconhecer (pelo menos
implicitamente) essa distinção de significados quando negou que a dúvida
pudesse reduzir-se à “equivalência dos raciocínios contrários”, porque é essa
equivalência que pode produzir a dúvida. E disse: “quando raciocinamos em ambas
as direções e todos os elementos do discurso parecem desenvolver-se com igual
validade em cada um dos sentidos, ficamos em Dúvida sobre o que fazer”.
Parece que a vida nos leva a pensar
dualidades na mesma proporção. O bem e o mal, amar e odiar, enfim, ter a
conotação de uma possível incerteza como um estado cômodo. Será que posso estar
50% querendo fazer algo e 50% não querendo fazer este mesmo algo?
Existe uma balança para pesar
estes dois sentidos como fator de uma resposta? Nesse exato momento, penso que
não. Mas seria necessário pensar que em todos os casos possíveis a Dúvida não
possui mais existência?
Agora estamos diante de um fato
filosófico, posso garantir que o dia de amanhã irá nascer como todos os dias
que o antecederam nasceram? Poderia justificar que até agora foi assim e,
também o será. Mas não posso provar essa
afirmação.Penso que em questões como essa, de ordem filosófica, minha teoria
deva possuir um mero conflito. Teria eu dúvida que o dia de amanhã poderia não
vir a existir? A grande maioria diria, até agora os dias estão a nascer, então,
o de amanhã também irá nascer.
Quero poder dividir com vocês
outra questão, aquela que passamos diariamente, questões de cunho pessoal.
Decisões que precisamos tomar e, diversas vezes usamos a seguinte sentença:
Estou em dúvida no que fazer.
A experiência diária de nossa
existência nos fornece respostas que não a sentimos, não observamos ou temos o
receio de perceber. Sabe aquele sentimento que quando formulamos um
questionamento e temos a percepção da resposta? Aquele sentimento de um suposto
medo de enfrentar o mundo por uma ação que existe, mas por comodidade,
suspendemos o nosso juízo para não obter o resultado.
Qual a balança pode pesar a
incerteza de uma situação? Nenhuma, ou na verdade, não existe uma “verdade” na
resposta de uma existência ou não dessa “balança”.
Minha tese se coloca diante de uma
simples sentença, a resposta já existe na pergunta, basta apenas o Ser que a
vive naquele exato momento, descobrir.
Sabe aquela cortina no teatro,
antes que a cena tenha início? A resposta está atrás, apenas esperando ser
descortinada.
Na pergunta:
- Tenho que viajar, mas estou em
dúvida. Na verdade a resposta está no sentido que você irá dar. Se eu for
viajar, o que essa decisão me trará? E seu não for? Veja como é simples.
Você apenas deve ponderar as duas
ou mais respostas. Qual o melhor caminho a ser tomado. Será que dizer que se
está dúvida está correto? Se apenas devemos reconhecer que existem
possibilidades e essas mesmas possibilidades possuem algo a ser mensurado como
fator de resposta.
Cabe salientar outro fator agora.
Em toda situação, mesmo que não possa eu aqui saber quais são elas, cada
resolução de um problema, nasce de uma resposta negativa. Explico:
Cada tomada de decisão o Ser parte
de um estado “do não fazer”, deixando aqui como algo preponderante na decisão.
Até mais cômodo ao Homem. Estar diante de uma decisão a ser tomada, o Homem
parte de um suposto estado inerte. Ele ainda não partiu, apenas pensou. E por
apenas pensar, pode correr o risco do “não fazer” como resposta mais
preguiçosa. O Homem é um ser, na maioria das vezes, preguiçoso.
Certa vez um amigo, querendo
desconstruir minha tese falou:
Um pai diante de um abismo. Com
dois filhos para salvar e, apenas um pode ser salvo. Não estaria esse pai em
uma “dúvida” em qual filho escolher?
Eu respondi que um pai naquele
momento ou qualquer outro semelhante, não hesitaria. Salvaria os dois filhos
com toda a força que um pai possui, o amor. Escolheria salvar os dois.
A RESPOSTA JÁ EXISTE DIANTE DA
PERGUNTA. Apenas necessita ser descortinada no teatro de nossa existência.
Agora você pode dormir ou até
mesmo acordar, pois o mundo não será mais o mesmo diante de tais
questionamentos. A filosofia nos ensina a ver o mundo com mais amplitude e
agora com mais emoção.
*Eduardo Silveira
Filósofo. Professor.
Estudante na Casa da Filosofia Clínica
Farroupilha/RS-Porto
Alegre/RS
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