Cresci num lar
cognitivo.
Ainda sinto o cheiro
dos livros no escritório do meu pai localizado no piso superior da nossa casa.
As escadas conduziam exclusivamente, ao local.
Ele, Alfredo Gevieski,
técnico rural que, juntamente com os botânicos Pe.Raulino Reitz e Roberto
Klein, dedicaram-se à catalogação dos diferentes tipos de Bromélias, do
reflorestamento e da demarcação das áreas da Serra do Tabuleiro / SC, numa
política de controle à malária, em fins das décadas de 1940 à 1970,
aproximadamente.
Abrir os diversos
livros e coleções eram de uma grande curiosidade para mim. Meu pai costumava,
faceiro, levar-me a algumas reservas florestais onde o observava atentamente,
aos detalhes da seleção de alguma espécime nova encontrada de Bromélias.
Enquanto se dedicava às anotações de seu trabalho, costumava deixar que eu
manuseasse algum livro com fotos de plantas.
A visita ao Herbário
Horta Barbosa ( Itajaí/SC), foi sempre uma grande satisfação. Lembro dos
fósseis de troncos das árvores. Uma curiosidade difícil de imaginar eram
aquelas esferas e cubos de pedras que foram outrora árvores. Adorava subir em
árvores, mas vê-las ali, como blocos de pedras , era um tanto difícil para
aquela menina que beirava os cinco anos de idade.
As lembranças, nesse
deslocamento longo, reavivam emoções prazerosas. Creio ter sido, o contato com
os diversos livros, que traduziram meu gosto por leituras. Para o pensador, as
leituras são referências de pensares e de experiências.
Podemos nos embrenhar e
podemos nos desembrenhar das idéias dos diversos escritores e filósofos. As
representações dos nossos pensares, remetem ao conhecimento singular e
circunstancial, traduzindo o mundo que se vive. O nosso agir e pensar é fruto
de nossas experiências. A forma como expressamos e significamos é única e não
se afasta daqueles os quais, por outras razões, se dedicaram ao ofício das
Letras.
*Marize Ouriques
Filósofa. Educadora.
Especialista em Filosofia Clínica
Florianópolis/SC
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