Podemos dizer que um
dos intentos de Husserl com sua proposta fenomenológica é o de reivindicar o
mundo vivido como a origem de nossos conhecimentos, de modo que o mundo
conhecido ou objetivo não pode ser, como propõe o psicologismo de seu tempo, o
único considerado verdadeiro.
Desse modo, a ciência
astronômica, por exemplo, que apresenta a Terra como um planeta ao lado dos
demais, isto é, como mais um objeto como os outros, nasceu na própria Terra. Em
outras palavras, o astrônomo parte da Terra como referencial vivido para
definir objetivamente o movimento da terra, bem como a questão do repouso, do
espaço e do caráter objetivo em geral.
Com isso, a Terra não é
mais um lugar possível de se referenciar dentro da infinidade de possibilidades
que o universo apresenta. O astrônomo parte de suas experiências, do mundo
vivido, para expor seus enunciados científicos. O que nos leva à seguinte
proposta de Husserl: o mundo vivido é a origem do mundo conhecido ou objetivo.
A primeira consequência
dessa reflexão é a de que o conflito segundo o qual o mundo conhecido é
considerado o verdadeiro, enquanto o mundo vivido é o falso, perde seu
fundamento. Pois, de algum modo, podemos afirmar que o mundo vivido é o mais
verdadeiro, não por poder ser “comprovado” pelo método da ciência, mas por ser
a base originária da experiência que nos serve como orientação, inclusive, para
fazer ciência.
Prof. Dr. Miguel Angelo
Caruzo
Filósofo. Escritor.
Filósofo Clínico
Teresópolis/RJ
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