Aquele homem falava com
as árvores e com as águas
ao jeito que namorasse.
Todos os dias
ele arrumava as tardes
para os lírios dormirem.
Usava um velho regador
para molhar todas as
manhãs os rios e as
árvores da beira.
Dizia que era abençoado
pelas rãs e pelos
pássaros.
A gente acreditava por
alto.
Assistira certa vez um
caracol vegetar-se
na pedra.
mas não levou susto.
Porque estudara antes
sobre os fósseis lingüísticos
e nesses estudos
encontrou muitas vezes caracóis
vegetados em pedras.
Era muito encontrável
isso naquele tempo.
Ate pedra criava rabo!
A natureza era
inocente.
*Manoel de Barros
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