"(...) o instituinte, aquilo que periodicamente (re)nasce, nunca está em perfeita adequação com o instituído, com as instituições, sejam elas quais forem, que sempre são algo mortíferas"
"(...) o irreal do 'tipo real' é particularmente pertinente para compreender todos os fatos 'reais' da vida cotidiana que, sem isso, passariam totalmente despercebidos. É nesse sentido que a forma é uma força de atração. Ela acentua, caricaturiza, carrega no traço e, assim, faz sobressair o invisível, o subterrâneo, quase se poderia dizer o subliminal, que a ciência oficial tem muita dificuldade para distinguir, e ainda mais para integrar às suas análises"
"Estar atento a uma lógica do instante, apegada ao que é vivido aqui e agora. Tal lógica do instante nada mais tem a ver com a vontade racionalista que pensa poder agir sobre as coisas e as pessoas. Ela é muito mais tributária do acaso, de um acaso que ao mesmo tempo é necessário; próxima, nisto, do que os surrealistas chamavam de 'acaso objetivo'"
"O próprio do acontecimento é que ele se dá de maneira inesperada, o que torna bem difícil sua percepção por uma lógica linear, a partir de um causalismo unívoco"
"(...) requer, antes de mais nada, uma real humildade, uma abertura de espírito para saber perceber aquilo que nos propõem e oferecem as próprias coisas"
"Como indica Nietzsche: 'É preciso esperar e preparar-se, espreitar o jorrar de fontes naturais, estar preparado, na solidão, para visões e vozes estranhas'"
"Ao nomear, com excessiva precisão, aquilo que se apreende, mata-se aquilo que é nomeado. Os poetas nos tornaram atentos a tal processo"
"O establishment, com efeito, não é uma simples casta social, é, antes de mais nada, um estado de espírito que tem medo de enfrentar o estranho e o estrangeiro"
*Michel Maffesoli in "Elogio da razão sensível". Ed. Vozes. 2005. Petrópolis/RJ.
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