"(...) Somos quem designa o lugar da aventura, o lugar da crise, o lugar propício para alargar o horizonte da imaginação, o lugar onde o pensamento, quando desafiado, produz respostas para alguns dos nossos questionamentos"
"Sou, naturalmente, o que penso, mas melhor me materializo ao admitir ser o que escrevo. A escritura é o discurso visível da minha alma (...) Como escritora, origino-me da fantasia do meu tempo e diariamente regresso ao seu chão (...) E apesar do verbo subscrever intenções, sobressaltos, musicalidade, igualmente fomenta a desordem com que se cumpre, aliás, a rota da invenção"
"(...) a quimera tem como medida o exato tamanho da realidade que representa"
"Varrida por semelhante sopro inovador, a língua passava a ser dotada de dobradiças, de suspiros africanos. Exercitava-se no uso frequente do gerúndio, cuja precípua função era de dinamizar e ativar a realidade"
"Repertório existencial (...) tudo que diz respeito aos que poetizam a realidade (...)
"Ancorados neste continente, somos tantos e todos ao mesmo tempo. Polissêmicos e solitários, unos e fragmentados, favorece-nos uma mestiçagem originária do caos do sangue e da memória"
"A literatura brota de todos os homens, de todas as épocas. Sua ambígua natureza determina que os escritores integrem uma raça fadada a exceder-se. Seus membros, como uma seita, vivem na franja e no âmago da realidade, que constrange e ilumina ao mesmo tempo"
"(...) sendo a vida um argumento soberano, cabe-lhe, na narrativa, derramar poções ilusórias, farejar estéticas inovadoras, garantir à arte a sua dimensão real"
"(...) eis o escritor a aventurar-se apaixonadamente pelo cotidiano a pretexto da intriga que o fascina, enquanto lança mão de subterfúgios e ingredientes de comprovação duvidosa"
"(...) a sabedoria de observar as coisas como parte indissolúvel de um conjunto"
*Nélida Piñon in "Aprendiz de Homero". Ed. Record/RJ. 2008.
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