Sobre a moto, eles aproveitavam a
deliciosa manhã de outono para apreciar a Rota não 66, porém a Estrada Real em
Minas Gerais.
Percepcionam curiosos. Seus
colegas diziam: - A arte barroca é maravilhosa. Ponto. Como se “toda” arte
barroca fosse bela para todos.
Eles tentavam explicava a
singularidade: - Nem todas as obras barrocas são belas. Podem ser para uns e
não ser para outros.
Em Tiradentes, um dos conjuntos
arquitetônicos da arte barroca mais bem preservados do Brasil. “Irregular.
Imperfeito. Exuberante. Nenhum estilo artístico e arquitetônico se encaixa com
mais harmonia em Minas Gerais que o Barroco”. Muitos admiram e muitos rejeitam
esta arte excêntrica.
Concluíram que a compreensão da
singularidade abre espaço para a liberdade de escolha e expressividade. - Eu
sou livre para gostar ou não, por exemplo da arte barroca, da mesma forma
expressar o que penso, sem medo de ser rejeitado.
Pela estrada afora, foram
aprendendo sobre o belo no barroco, observando a universalidade da crítica
positiva. A arquitetura, grande joia do
Barroco, preza pela ornamentação em demasia, muitas vezes vista com maus olhos.
À margem da Estrada Real, comerem
pão de queijo com goiabada, dialogaram no quanto o percepcionar e o conhecer os
tiravam dos prejuízos. Compreenderam que o universal e singular caminham de
mãos dadas. E, que precisavam estar atentos ao uso de expressões: “sempre é
assim”; “tudo”, “todo” “é ou não é”. Os fenômenos podem ser e não ser.
Olharam para as jabuticabeiras e
mangueiras, admirando a diversidade de frutos. Uns amam mais as mangas, outros
as jabuticabas. Apesar de serem árvores frutíferas.
- A beleza da vida, da arte, da
natureza pode estar na diversidade, quando se compreende que “o que eu vejo
pode me vê.
Pensaram: “A relação entre
singular e universal remete à relação entre todo e partes. O singular é parte
de um todo. Esse todo, o universal, se cria e se realiza na interação das
partes singulares. Essas partes não existem por si mesmas: elas se relacionam
entre si e com o todo.”
- Li uma citação por Lukács, onde
“assinala que “o singular é o universal”, no seguinte sentido: o singular se
contrapõe ao universal e ao mesmo tempo é parte constituinte dele, já que o
singular não existe senão na conexão que leva ao universal. Da mesma forma, o
universal não existe senão no singular e pelo singular”.
- Bingo! Ouro Preto os
espera. Entre a Universal beleza da Arte
Barroca, vamos apreciar a Singularidade na obra do grande pintor Carlos
Bracher. Liberdade ainda que tardia!
*Dra. Rosângela Rossi
Psicoterapeuta. Escritora.
Palestrante. Filósofa Clínica.
Juiz de Fora/MG
**Esse texto foi publicado
originalmente na edição de inverno/2022 da Revista da Casa da Filosofia
Clínica.
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