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Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes*

" (...)Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se levam anos para se construir confi
Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes* "(...) Quem Poderá Calcular a Órbita da sua Própria Alma? As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma? (...)" *Oscar Wilde, in 'De Profundis'
Lembrando Lou Salomé* A alma rufla para longe. O ser se vai em momentos de desespero da alma engaiolada. Em dor, o corpo exige primazia. Em posse dela, os seres se assemelham. Se arrastam pela noite da alma barbarizam seus rostos insanos arranham as paredes da vaidade não vêem a hora de dizer adeus a cada prova mais amarga a cada dia mais exposta e inexplicável. Sim, a vida da alma dói de tal modo que a irradiação nociva atinge camadas e vai penetrando pele e peles internas - mucosas; glândulas; seivas; veias rupestres; fibras nem tão inocentes; e, quando é funda demais, atinge os ossos e diz que veio pra ficar. Sim, a alma se vai como vão-se os anéis. É o divórcio imediato do qual resulta a depressão. Mas, se queres viver, viva por ela neste mundo de Maya. *Vânia Dantas Filósofa Clínica Brasília/DF

Os dons das fadas*

Era um grande encontro de fadas para proceder à distribuição de dons entre todos os recém-nascidos, chegados à vida, nas últimas vinte e quatro horas. Todas essas antigas e caprichosas Irmãs do Destino, todas essas mães bizarras da alegria e da dor eram bem diferentes: umas tinham o ar sombrio e ranzinza, outras um ar caçoador e malicioso; umas jovens que sempre foram jovens e outras velhas que sempre foram velhas. Todos os pais que tinham fé nas fadas vieram, trazendo, cada um deles, seu recém-nascido nos braços. Os Dons, as Faculdades, as Boas Sortes, as Circunstâncias invencíveis estavam acumuladas ao lado do tribunal, sobre o estrado, para uma distribuição de prêmios. O que havia ali de particular é que os Dons não eram a recompensa de um esforço mas, pelo contrário, uma graça concedida aquele que ainda não vivera e que poderia determinar seu destino e tornar-se tanto a fonte de sua infelicidade quanto a de sua felicidade. As pobres Fadas estavam muito ocupadas, pois a multi
Presente Lunar* O ponto é de chegada e, em breve, de partida novamente. O presente é esta estação que nos permite voltar a considerar e reconsiderar. Celebremos, pois muitos foram os contatos com vibrações felizes em nosso ser. A Lua anterior nos libertou de estados anteriores e nos aproximou de caminhos que desejamos mais, tanto de forma individual como coletiva, e a imobilização saiu de cena. Chegamos a este tempo lunar que abrirá as possibilidades de recomeço, quando tudo poderá ser mexido após ou ao final desse momento, mas ainda não. O silêncio é nossa recompensa para que haja usufruto e regozijo, de diversos modos, pois há ainda quem desfrute de forma violenta, devendo muita sutilização ser alcançada. O tempo localiza-se no agora, no estado corporal, com a respiração tranquilizadora. Reverências ao nosso esqueleto que nos permite elevação. Reverências também ao nosso anahata chakra (do coração) que nos permite enlevarmo-nos. E que sua fala, mesmo baix
Gaia* Você sabe como eu sou despreocupada que me encerro neste quarto e me permito todas as divagações, as fantasias obsessões, perseguições, todos os dias você sabe que eu me viro de inventos que eu me reparto e dou crias que eu mal me resolvo e me aguento carrego pedras no bolso e enfrento ventanias. Você sabe como eu sou desorientada raciocínio pelo instinto e cometo fugas de túnel de ladra de galeria uso malhas e madras manhas e lenhas e percorro superfícies em que você escorregaria Mas você sabe como eu sou de subsolos de subterfúgios, de subversos subliminares como eu sou de submundos subterrãneos, de sub-reptícias folias meio de circo, meio de farsa ervas, panfletos, fluídos, presságios quebrantos, jeitos, gírias, reviras de sensações e cismas, filosofias de como eu sou de estradas, andanças, pressentimentos atmosférica e vadia gato da noite, de crises, guitarras ouros e danças e circunstâncias de vinho azedo e companhia. Que eu sou d
Pretéritos futuros* “Mas a função do filósofo não será a de deformar o sentido das palavras o suficiente para extrair o abstrato do concreto, para permitir ao pensamento evadir-se das coisas ?” Gaston Bachelard A concepção de um esboço de como seria a tradução de ideias em atitudes, poderia dizer a vida em retrospectiva de amanhãs. Um lugar onde se alcançaria a perspectiva imaginada, como se fora uma invenção a transbordar oceanos. Uma linguagem do futuro pretérito se oferece na palavra tentativa de superar o instante_antítese entre o vivido e sua descrição. Existem pessoas aprisionadas nalguma página do grande álbum das suas vidas. Numa dialética entre passado, presente e futuro, nem sempre conseguem realizar uma desconstrução de qualidade, capaz de alterar aquilo que já deveria ter sido. Raros transitam com leveza e desenvoltura entre um lugar e outro de sua estrutura existencial. Partindo do viés singular, numa percepção reflexiva da realidade plural, é
Fragmentos poéticos, filosóficos* Minha vida não é essa hora abrupta Em que me vês precipitado. Sou uma árvore ante meu cenário; Não sou senão uma de minhas bocas: Essa, dentre tantas, que será a primeira a fechar-se. Sou o intervalo entre as duas notas Que a muito custo se afinam, Porque a da morte quer ser mais alta… Mas ambas, vibrando na obscura pausa, Reconciliaram-se. E é lindo o cântico. (...) As folhas caem como se do alto caíssem, murchas, dos jardins do céu; caem com gestos de quem renuncia. E a terra, só, na noite de cobalto, cai de entre os astros na amplidão vazia. Caimos todos nós. Cai esta mão. Olha em redor: cair é a lei geral. E a terna mão de Alguém colhe, afinal, todas as coisas que caindo vão. *Rainer Maria Rilke
A Filosofia da Criança* A observação é realmente algo bom para se começar um estudo. Antropologicamente falando, a observação de nós homens é boa para termos idéia de costumes locais, crenças, culturas e outras coisas mais. Filosoficamente falando, podemos compreender os sistemas éticos e morais e que nos cercam e nos formam. Mas observando, ainda sob o olhar filosófico, uma outra população formada por gente miúda, as crianças mesmo, podemos ter uma idéia muito boa sobre nós mesmos e sobre nossos sistemas políticos etc.. As crianças são extremamente sinceras e estão sempre prontas a “jogar” sua sinceridade na nossa cara. Não me canso de pensar que elas são o retrato mais puro do que há dentro de nós mesmos e nós nem nos damos conta do quão verdadeiro isso pode ser. Por exemplo: quando aprendemos a dividir? A criança não divide, é dela e ponto! Ela luta pelo que entende ser bom e seu, somente seu. Já tentaram tirar um brinquedo da mão de uma criança? Ela não deixa! Faz uma força inc
Fragmentos filosóficos delirantes* "Quem sou eu? De onde venho? Sou Antonin Artaud e basta que eu o diga Como só eu o sei dizer e imediatamente hão de ver meu corpo atual, voar em pedaços e se juntar sob dez mil aspectos diversos. Um novo corpo no qual nunca mais poderão esquecer. Eu, Antonin Artaud, sou meu filho, meu pai, minha mãe, e eu mesmo. Eu represento Antonin Artaud! Estou sempre morto. Mas um vivo morto, Um morto vivo. Sou um morto Sempre vivo. A tragédia em cena já não me basta. Quero transportá-la para minha vida. Eu represento totalmente a minha vida. Onde as pessoas procuram criar obras de arte, eu pretendo mostrar o meu espírito. Não concebo uma obra de arte dissociada da vida. Eu, o senhor Antonin Artaud, nascido em Marseille no dia 4 de setembro de 1896, eu sou Satã e eu sou Deus, e pouco me importa a Virgem Maria. *Antonin Artaud
Avaliação* Se hoje eu lhe convidasse para ser avaliado como pessoa, como profissional, como pai, enfim, fazer uma análise de você nos diversos papeis que você exerce, o que você acharia? A avaliação é uma ferramenta que muitas pessoas usam para saber se estão ou não no caminho certo, para identificar seus pontos problemáticos e mudar. Avaliar tem o significado corriqueiro de determinar o valor de algo ou seu preço (lembrando que preço pode ser entendido como uma avaliação quantitativa enquanto o valor como qualitativo). Sendo assim, algumas pessoas quando param para se avaliar fazem uma avaliação própria tendo em vista valores quantitativos, ou seja, o quanto acumularam, seja dinheiro, títulos, lotes, casas, mulheres. Outros já partem para uma avaliação quantitativa, analisando como eram quando tinham tal idade e como estão agora, como eram quando começaram na empresa e onde chegaram na atualidade. Algumas pessoas são muito duras ao se avaliarem e se cobram além do que poderiam
Mario por ele mesmo* Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunc
Do que você tem se alimentado? Querido leitor, do que você tem se alimentado? Vamos fazer um daqueles exercícios imagéticos: uma pessoa conhecida sua, com um daqueles empregos modernos, bancário, escriturário ou outro emprego que não exija tanto esforço físico, ok? Imaginou? Agora vamos juntos descrever o dia desse colega: no café da manhã ele se alimenta de bacon com ovos mexidos, suco de laranja com bastante açúcar, depois café com leite integral e bolo de chocolate. Às 10 horas, no lanche da manhã, ele opta por um big mac com coca-cola; no almoço, caipirinha para abrir o apetite, feijoada com bastante sal acompanhada de cerveja e, de sobremesa, pudim de leite com calda de chocolate. No lanche da tarde um X-Egg com refrigerante e à noite joelho de porco com costeletas fritas e de sobremesa banana Split; na ceia, um mousse de chocolate com pudim de leite. Exagerei? Pois é isso que algumas pessoas têm nutrido sua mente dia a dia, mês a mês ano após ano. Na música preferem Lacra
Prece por um bom amor* Que o amor seja entendido como doação. Que ele seja visto como estrada para fazer o outro feliz. Difícil entender amor atrelado a responsabilidade, sofrimento, compromisso e obrigação antes de liberdade, felicidade, desejo e enorme vontade de estar perto de alguém que nos provoca tamanha sensação de bem estar. Como assim, estar perto de alguém em nome do amor, que não seja por livre e espontânea vontade? Como assim, culpar alguém por não te amar, exigir que alguém te ame ou que viva a seu lado por algo qualquer que não seja amor. A qualquer custo, até mesmo o da humilhação. De qualquer jeito, até mesmo em subjugação. Em opressão, em prisão, em pura obrigação. Que ninguém esteja sujeito a um amor fanático, dependente, incompetente, principalmente. Que ninguém jamais julgue amar apenas por precisar se escorar, segurar seus fracassos e insucessos perante a própria vida. Que ninguém mais no mundo seja capaz de tirar de alguém a oportunidade do amor verda
NAMORADOS PARA SEMPRE* Conheceram-se pela internet. Moravam em países diferentes, tinham vinte anos de diferença de idade, falavam, torciam, votavam e rezavam para Deuses distintos. E mesmo com tudo diferente, os dois se falavam todo dia e a vontade de ficar juntos crescia, como tinha de ser. Estavam apaixonados e juravam que opostos se atraem e se completam. Quem disse que existe razão nas coisas feitas pelo coração? Apostaram nisto e decidiram casar. Familia, amigos e preconceitos jogavam contra, previam um choque cultural seguido de desilusão com a convivência conjugal. Recomendaram um curso preparatório de noivos, O casal estava tão entusiasmado, que qualquer motivo para ficarem juntos era bem aceito. Logo na primeira aula, o rabino, um senhor de meia idade, com uma longa barba ruiva e sotaque meio russo, meio francês, comunica ao jovem casal, em tom solene e ao mesmo tempo suave, que se quiserem mesmo casar, terão de fazer uma escolha: “ Felizes” ou “Para sempre”. Uma

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