(...) - Não te assustes,
continuo a ser a mesma velha Madeline.
Ouve o que encontrei hoje na biblioteca,
quando estava a ler os jornais.
Escuta. - Tirou um pedaço de papel da algibeira
do jeans. - Copiei de um jornal. Palavra por palavra. Journal of Medical Ethics.
«Propõe-se que a felicidade» - levantou os olhos do papel e esclareceu: - o
itálico na felicidade é deles - «Propõe-se que a felicidade seja classificada
como perturbação psiquiátrica e incluída em futuras edições dos manuais de
diagnóstico especializados sob a nova designação de importante perturbação
afetiva, do tipo agradável. Numa resenha da literatura relevante está
demonstrado que a felicidade é estatisticamente anormal, consiste num discreto
aglomerado de sintomas. Está associada a uma ordem de anomalias cognitivas e
provavelmente reflete o funcionamento anormal do sistema nervoso central.
Persiste uma possível objeção a esta proposta: a de que a felicidade não é
avaliada negativamente. No entanto, esta objeção é rejeitada como sendo cientificamente
irrelevante».
*Philip Roth, in 'Teatro de Sabbath'
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