"Atirou-se contra
os espelhos, como uma alma-de-gato cega."
Severo Sarduy
Vida, ó vida das
cidades, Aleppo, Rio, saídas para o sol,
ruas de fugas, outros
perdidos, mortes em nome do Estado: evocam − Eu e Tu, alusão de um Deus.
Se morre, mata-se em
nome do Tu,
o Eu mata em nome da
Paz.
Tenho dificuldade
racional de compreensão dessas mortes,
morro por dentro,
torno-me Niilista da Paz:
vidas perdidas em nome
das armas, cruz no céu,
a terra penetra na
carne do Bem e do Mal.
Tenho medo do azedo e
do doce apóstolo,
tenho ânsia de vômito à
verdade absoluta dos seguidores.
Prefiro caminhar
sozinho, lá outros hão de andar ao meu lado.
Eu e Tu, é para além de
um deus, é a personificação do crer e não crer na imagem forjada pelos homens.
Jogos filosóficos,
resta-nos a dor da miséria alheia,
a palavra do homem
contra a indecisão na vida, são jogos de vida e morte.
A linguagem − dia sim
dia não −, salva o diálogo da escuridão,
por vezes preciso do
silêncio dos perdidos, dos ateus, dos crentes, dos que duvidam da ordem.
Todos unidos, na
estrada do por vir, o horizonte é o céu cravado de violência seletiva, dos que
matam em nome de um senhor.
Prefiro andar sozinho
do que crer na razão para encontrar o paraíso, nem perder o sentido para
encontrar Deus.
*Prof. Dr. Luis Antonio
Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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