A palavra é um manifesto
da razão e da denúncia, toda vez que as nossas impressões transbordam e
expressam numa intensidade de duração e alcance capaz de tocar nas percepções
alheias.
Na razão podemos
justificar a temporalidade, e o quanto, as vezes, percebemos pueril e passageiro
os sabores e dissabores da vida, sempre tão pertinentes para nos ensinar que o
ser só pode mesmo transgredir ou transcender. E, cabe a cada um de nós, a escolha
de ser mais um cativo ou mais um protagonista, nessa jornada tão própria de existir
sentindo tanto...
Sentir muito é o que faz
despertar a possibilidade de perceber mais dia menos dia, que tanto a liberdade
quanto a prisão são decisões desafiadoras, que sempre tendem na direção de um
desfecho capaz de nos oportunizar sermos senhores das nossas próprias escolhas,
enquanto, necessariamente, nos lançamos como reféns das consequências.
Curiosamente, quando uma
sensação de felicidade precisa ser justificada ou anunciada já se trata de uma
ilusão, pois a sua artificialidade já está posta na própria circunstância, uma
vez que o silêncio sempre deveria bastar.
Ora, se não há paz, ainda
não há presente liberdade suficiente, para destituir de nós mesmos a
precariedade da observação, que tanto nos impede de desapegar dos simulacros
sabotadores das descobertas que poderiam ajudar a nos conhecer e despertar.
Mas a palavra também é
denúncia, sobretudo, de tantos momentos vividos que por si só ressoam demais
metafísicos e sensoriais ao mesmo tempo, diante da graça de termos sentido o
tempo parar, mesmo sem parar, tornando sorrisos e prazeres um contínuo agora.
Enfim, provavelmente seja daí que provenha os substratos capazes de parir
poesia, e essa tremenda gratidão de ser, estar e poder partilhar tanto... Musa!
*Prof. Dr. Pablo Mendes
Filósofo. Escritor.
Musicista. Filósofo Clínico.
Uberlândia/MG
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